A decepcionante 5ª posição do Liverpool na edição anterior da Premier League – a 22 pontos de distância do campeão Manchester City -, expôs algo que já era nítido no conjunto de Merseyside: a necessidade de uma reformulação no setor de meio de campo.
Pois é, as constantes lesões de Thiago Alcântara e Naby Keita, a limitação física do veterano James Milner, e a inexperiência do novato Harvey Elliott, obrigaram o técnico Jurgen Klopp a escalar Fabinho, Jordan Henderson e Curtis Jones de forma sucessiva na última temporada, o que acabou comprometendo o rendimento do Liverpool, vide a queda dos Reds nas oitavas-de-final da Champions League com direito a um revés por 5 a 2 frente o Real Madrid em pleno Anfield Road, além da não conquista de uma vaga no G-4 da Premier League pela primeira vez em sete anos.
Em outras palavras, o trio de meio-campistas não suportou os exigentes níveis físicos do intenso estilo de jogo de Jurgen Klopp, um problema que poderia ter sido solucionado antes do início da temporada passada, mas não foi porque o Liverpool priorizou a renovação do setor ofensivo do time através das compras de Darwín Núñez e Cody Gakpo, em virtude da inusitada saída de Sadio Mané ao Bayern de Munique, e do gradual declínio de Roberto Firmino.
A propósito, é importante salientar que uma situação similar assolou os Reds na temporada 2020-21 – porém o setor afetado foi a defesa -, quando Dejan Lovren foi vendido ao Zenit, e Virgil van Dijk, Joe Gomez e Joel Matip acabaram se lesionando, o que forçou o Liverpool a trazer Ben Davies e Ozan Kabak com as competições a todo vapor. Todavia, estas contratações não surtiram o efeito esperado, tanto é, que por diversas vezes Jurgen Klopp escalou Fabinho e Jordan Henderson improvisados formando a dupla de zaga. Logo, essa condição só mudou na janela de transferências seguinte com a vinda de Ibrahima Konaté.
De qualquer maneira, enfim chegou o momento do Liverpool fortalecer e reconstruir o meio de campo, não à toa, dois reforços de peso já foram anunciados pelo clube neste meio de ano, tratam-se de Alexis Mac Allister e Dominik Szoboszlai, contratados por 42 e 70 milhões de euros, respectivamente.
Campeão mundial defendendo as cores da Argentina no Mundial do Catar, Alexis Mac Allister foi um dos principais nomes do Brighton na temporada anterior ao lado de Moisés Caicedo e, certamente, dará maior ganho de qualidade técnica ao plantel dos Reds, colaborando tanto na marcação quanto na chegada ao ataque. Além disso, o fato do argentino já conhecer a Premier League por jogar no futebol inglês desde 2019, é outro ponto positivo de sua contratação, tendo em vista que o novo camisa dez não terá problemas para se adaptar ao campeonato.
Não obstante, Dominik Szoboszlai desembarca em Merseyside como principal reforço do Liverpool até aqui, o que se justifica dado o excelente futebol praticado pelo futuro camisa oito dos Reds em suas passagens por RB Salzburg, RB Leipzig e, é claro, pela seleção da Hungria.
Ademais, a polivalência do jogador cujas principais características são a mobilidade, as eficientes cobranças de faltas e escanteios, o bom arremate e a intensidade, é o atributo que mais agrada Jurgen Klopp, já que ele pode atuar como meia aberto pelos lados do campo como acontecia no RB Leipzig, ou até mesmo por dentro, vindo de trás e ajudando na armação das jogadas, embora seja essencial a sua evoluação na parte defensiva, quer dizer, nos instantes em que a equipe estará sem a bola.
O Liverpool será o quarto clube na carreira de Alexis Mac Allister, tendo em vista que o novo camisa dez acumula trajetórias por Argentinos Juniors, Boca Juniors e Brighton.
E considerando os 24 anos de idade de Alexis Mac Allister e Dominik Szoboszlai, além dos seus respectivos períodos de contratos válidos até 2028, fica evidente que a expectativa do Liverpool é a de que ambos não apenas estabeleçam duradouras passagens por Anfield, como também se tornem referências deste novo ciclo que se inicia no clube, assim como ocorreu anteriormente com Jordan Henderson e James Milner.
No entanto, resta saber como Jurgen Klopp armará o Liverpool na próxima temporada. Não é surpresa para ninguém que o treinador alemão é adepto do esquema 4-3-3, e através desta formação o meio de campo teria um tripé composto por Fabinho, na base, à medida que Alexis Mac Allister jogaria mais adiantado pela direita, e Dominik Szoboszlai pela esquerda.
Outra possibilidade seria a utilização do 4-2-3-1 – que Jurgen Klopp tanto usou no Borussia Dortmund -, com Fabinho e Alexis Mac Allister fazendo uma dupla de volantes, enquanto à frente Mohamed Salah, Dominik Szoboszlai e Diogo Jota, Luis Díaz ou Darwin Núnez, preencheriam uma linha de três meias ofensivos no setor que ainda tem Thiago Alcântara, Jordan Henderson, Curtis Jones e Harvey Elliott como possíveis opções.
Contudo, seja lá qual for o esquema escolhido, a realidade é que a tradicional intensidade do Liverpool, de Jurgen Klopp, que o fez campeão da Champions League em 2019, e da Premier League em 2020, voltará à tona a partir da próxima temporada, o que já coloca os Reds entre os favoritos na corrida pelo título inglês.