Enquanto a espera por Carlo Ancelotti continua, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) anunciou oficialmente que Fernando Diniz será o treinador da Seleção Brasileira até junho de 2024, o que obrigará a dividir as tarefas junto ao Fluminense neste período.
Pois é, não é surpresa pra ninguém que Carlo Ancelotti foi o nome escolhido pela CBF para comandar o Brasil neste novo ciclo que teve início após a saída de Tite e terminará depois da Copa do Mundo de 2026, mas como o vínculo contratual do treinador do Real Madrid ainda é válido por mais um ano, e o interino Ramon Menezes colecionou duas desastrosas derrotas em três jogos no cargo, a entidade optou pela contratação de Fernando Diniz para ser o “tampão” do técnico italiano.
Na minha opinião, trata-se de mais uma decisão equivocada tomada pela CBF, em especial porque existe o risco de Carlo Ancelotti não desembarcar em solo brasileiro no ano que vem para assumir a Seleção Brasileira, a julgar que não existe nenhum acordo assinado para isso, mas sim uma simples conversa entre as partes. Portanto, imagine o cenário do Real Madrid vencendo títulos na próxima temporada e, consequentemente, Florentino Pérez oferecendo ao treinador madridista uma renovação contratual: qual seria a razão para ele deixar o clube espanhol?
Ao mesmo tempo, o Real Madrid pode decepcionar através de más campanhas na LaLiga ou na Champions League, e isso explica porque o experiente treinador italiano preferiu não firmar um contrato com a CBF neste momento, afinal, o insucesso do clube estaria absolutamente interligado a seu trabalho na seleção pentacampeã mundial, pelos menos aos torcedores merengues.
NOTA OFICIAL: Fernando Diniz
— Fluminense F.C. (@FluminenseFC) July 5, 2023
Períodos de treinamento na Seleção não irão interferir no trabalho da equipe no CT Carlos Castilho
O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, procurou o presidente Mário Bittencourt na última semana, logo após a classificação para as oitavas de final… pic.twitter.com/NRYpyGgCCc
Todavia, ao contrário de Carlo Ancelotti, este é um risco que Fernando Diniz e o próprio Fluminense aceitaram correr daqui adiante, pois é inegável que os tricolores atribuírão possíveis derrotas do clube das Laranjeiras ao fato do técnico de 49 anos de idade estar ocupando outra função na Seleção, embora a CBF já tenha informado que o calendário do futebol brasileiro será paralisado durante as datas Fifa. A propósito, segue abaixo os compromissos do Brasil até o final de 2023:
Datas | Competição | Jogos do Fluminense no período |
4 a 12 de setembro | Eliminatórias | Vasco (f) e Cruzeiro (c) |
9 a 17 de outubro | Eliminatórias | Corinthians (c) e RB Bragantino (f) |
13 a 21 de novembro | Eliminatórias | Flamengo (f) e Coritiba (c) |
Além disso, como Fernando Diniz continuará trabalhando de forma integral pelo Fluminense, ele não terá a oportunidade de assistir jogos, acompanhar treinamentos e conversar com treinadores dos jogadores que atuam na Europa, isto é, a grande maioria que compõe o selecionado brasileiro, lembrando que este tipo de intercâmbio é extremamente necessário para qualquer técnico de carreira internacional.
Outro detalhe não menos relevante diz respeito as convocações, considerando que teorias da conspiração virão à tona se Fernando Diniz chamar jogadores que estejam disputando jogos decisivos por suas respectivas equipes na temporada. Para elucidar uma situação, pense na hipótese de Tiquinho Soares servir a Seleção na reta final do Campeonato Brasileiro com o Botafogo brigando pelo título, ou Gabriel Barbosa deixando o Flamengo para vestir a amarelinha às vésperas de um mata-mata de Copa Libertadores. É óbvio que em caso de revéses, tanto botafoguenses quanto flamenguistas culpariam o Fluminense.
Vale ressaltar que ainda existe a possibilidade de Fernando Diniz despontar em sua curta passagem pela Seleção Brasileira, conquistando vitórias de maneira contundente, aplicando goleadas, e praticando um bom futebol. Contudo, isso de nada adiantará já que ele passará a ser um mero assistente depois que entregar o posto a um treinador detentor de conceitos completamente opostos aos seus, o que tornará a transição mais complexa em função da drástica mudança de sistema de jogo.
Ademais, os jogadores costumam gostar bastante do estilo conhecido como dinizismo, baseado na aproximação, construção de jogo através de rápidas trocas de passes desde a defesa até o ataque, dominância das ações por intermédio da posse de bola, liberdade de movimentação dos atletas em campo, e da pressão na saída de bola do adversário. Por sinal, a maior dificuldade de Fernando Diniz sempre foi implementar essa filosofia nos clubes pelos quais passou devido a limitada capacidade técnica de suas peças, quer dizer, um problema que ele não encontrará na seleção composta pelos melhores do País.
Diante disso tudo, o único acerto por parte da CBF foi não “entregar” a Seleção Brasileira ao filho de Carlo Ancelotti, Davide, visando uma transição de acordo com o desejado pelo comandante italiano que, insisto, pode não vir.
À vista de tantos erros, o futuro dos pentacampeões mundiais segue mais incerto do que nunca!