Diversas dúvidas surgiram quando Rudi Garcia desembarcou na Campânia para assumir o comando do Napoli, afinal, o técnico francês chegava não apenas para ocupar o posto do lendário Luciano Spalletti, aquele que conduziu os Azzurri à conquista do título italiano depois de 33 anos, como também para dar continuidade ao ótimo trabalho desenvolvido por ele. Ou seja, uma missão pra lá de difícil, digna de muita coragem por parte do recém-contratado treinador.
Em contrapartida, considerando os diferentes estilos de jogo das equipes comandadas por Rudi Garcia e o antecessor, além dos últimos trabalhos realizados pelo novo técnico do Napoli à frente de Lyon e Al-Nassr, a expectativa não era nada boa em relação ao sucesso do treinador de 59 anos de idade em seu retorno ao futebol italiano após sete temporadas.
Ainda assim, nem o mais pessimista dos torcedores napolitanos imaginava que a descrença em relação a Rudi Garcia atingiria o limite máximo depois de míseros dez jogos, algo decorrente do início de temporada irregular do Napoli tanto na Serie A quanto na Champions League.
Logo, todo o empenho do presidente do Napoli, Aurelio De Laurentiis, para mostrar a cultura e “transformar” Rudi Garcia em um típico cidadão napolitano, o levando inclusive a alguns pontos movimentados da capital da Campânia com a finalidade de apresentá-lo as pessoas no dia de sua chegada ao clube, acabou sendo totalmente em vão.
Em 10 jogos no comando do Napoli, Rudi Garcia coleciona 5 vitórias, 2 empates e três derrotas, registrando 56,6% de aproveitamento no cargo.
Vale ressaltar que sete pontos separam o Napoli, quinto colocado da Serie A, do líder, Milan, após oito rodadas disputadas, à medida que na Champions League o clube italiano ocupa a vice-posição do grupo C com 3 pontos em dois jogos, em virtude do triunfo sobre o Sporting Braga por 2 a 1, em Portugal, e da queda diante do Real Madrid por 3 a 2, em pleno estádio Diego Armando Maradona.
Em termos de comparação, neste mesmo estágio da edição anterior da Serie A o Napoli permanecia invicto na liderança da competição com 20 pontos ganhos, contabilizando 6 vitórias, 2 empates, 18 gols marcados e seis sofridos. Quer dizer, um desempenho bastante superior aos atuais 14 pontos, 4 vitórias, 2 empates, 2 derrotas, 17 tentos marcados e nove sofridos, o que só faz aumentar a pressão sobre Rudi Garcia, a julgar que a histórica campanha do tricampeonato italiano segue viva na memória dos napolitanos.
Ademais, outro detalhe não menos relevante é que o Napoli sucumbiu nos três jogos mais complexos disputados até aqui na temporada, vide as derrotas para Lazio, Real Madrid e Fiorentina, respectivamente. A propósito, as únicas vitórias dos pupilos de Rudi Garcia ocorreram contra Frosinone, Sassuolo, Udinese, Lecce e Sporting Braga, isto é, ante adversários que brigam na metade ou na parte debaixo da tabela da Serie A, incluindo um clube recém-promovido à elite italiana, além do quarto colocado da liga de Portugal.
Soma-se a isso, o fato de que os empates frente Genoa e Bologna também tiveram um sabor de derrota ao Napoli. Embora atuando fora de seus domínios, era esperado que os Azzurri retornassem à Campânia com os três pontos na bagagem em ambas oportunidades, sobretudo se levarmos em conta que eles não perdem dos bolonheses há exatos oito compromissos. Por sinal, a penalidade desperdiçada pelo atacante Victor Osimhen na etapa final da partida, evitou a sexta vitória dos napolitanos ao longo desta série de invencibilidade.
🔹 A fase do Napoli sob comando de Rudi Garcia não tá nada boa. Mais um empate na Serie A, 0x0 contra o Bologna.
— Footure (@FootureFC) September 25, 2023
5’ 🥅 Bola na trave de Osimhen;
72’ ❌ Pênalti perdido por Osimhen;
76’ 🔁 Kvaratskhelia é substituído;
86’ 🤬 Osimhen substituído.
🌡️ O clima tá daquele jeito… pic.twitter.com/T3oe0WgLQI
Pois é, e como se tudo isso não bastasse, Rudi Garcia ainda vem lidando com o fantasma chamado Antonio Conte, que segue livre no mercado e o assombrando a cada tropeço dos atuais campeões italianos. Aliás, os rumores envolvendo uma possível vinda do ex-treinador do Tottenham ao Napoli ganharam proporções jamais antes vistas após a derrota dos napolitanos para a Fiorentina por 3 a 1, tendo em vista que o resultado veio às vésperas da penúltima data Fifa de 2023, em outras palavras, em um momento ideal para qualquer treinador assumir um novo cargo, por ter alguns dias disponíveis para trabalhar.
Entretanto, deixando as especulações de lado, a realidade é que Rudi Garcia continua sendo o técnico do Napoli, e a tendência é que a pressão sobre ele cresça ainda mais, isso porque após encarar um calendário menos complicado neste início de temporada, o treinador francês terá uma série de jogos difíceis até a virada do ano, começando pelos enfrentamentos mediante Union Berlin e Milan no final deste mês.
Por outro lado, é inegável que um dos pontos fortes de Antonio Conte é o seu excelente trabalho a curto prazo, haja vista o histórico composto pela rapidez com que ele costuma ajustar as equipes a partir de sua contratação. Sim, e é exatamente este impacto que falta ao Napoli, até porque ainda há tempo suficiente para que o erro cometido por Aurelio De Laurentiis ao contratar Rudi Garcia seja corrigido, o que resultaria na recuperação do restante da temporada.
Ah, mas é necessário projetar o longo prazo, pois como todos nós sabemos o pacote Antonio Conte traz consigo um combo que envolve polêmicas, brigas e confusões. Decerto, este também é um importante componente, porém mais vale resolver os problemas do presente, onde não existe perspectiva nenhuma de melhora, do que planejar um futuro que também inexiste na atualidade, uma vez que o prazo de validade de Rudi Garcia já venceu no Napoli.
