Na zona da degola, Ajax vive uma das maiores crises de sua história

Um ano e cinco meses após a goleada por 5 a 0 sobre o Heerenveen, que garantiu o 36º título holandês do Ajax, o clube de Amsterdã atravessa uma crise sem precedentes ocupando a zona de rebaixamento da Eredivisie, somando apenas 5 pontos em seis jogos disputados.

No entanto, por mais complicada e surpreendente que essa situação possa parecer, ela é consequente da série de lambanças cometidas pela diretoria do Ajax, afinal, o próprio clube trilhou o caminho rumo ao abismo em que ele se encontra no momento, lembrando que tudo teve início em fevereiro de 2022, isto é, a partir da saída do ídolo e ex-diretor de futebol, Marc Overmars, devido a acusações de assédio junto a colegas de trabalho.

Vale ressaltar que a enorme visão de mercado de Marc Overmars foi um dos fatores preponderantes tanto para a vinda de Erik ten Hag ao Ajax, quanto para a montagem daquele fantástico time semifinalista da Champions League na temporada 2018/19, que só não disputou a decisão contra o Liverpool porque o inspiradíssimo Lucas Moura marcou o seu terceiro gol na Johan Cruyff Arena, aos 51 minutos da etapa final.

À vista disso, o declínio do Ajax começou depois do escândalo envolvendo Marc Overmars, pois além de perdê-lo na gestão do futebol, o clube holandês também atravessou um enorme desmanche na janela de transferências seguinte em razão das saídas de Antony, Lisandro Martínez, Sébastien Haller, Ryan Gravenberch, Perr Schuurs, Nicolás Tagliafico, André Onana, Daley Blind e, é claro, do treinador Erik ten Hag.

Contudo, apesar da debandada de importantes peças, o Ajax, que iniciou a temporada anterior com Alfred Screuder e terminou com John Heitinga no comando técnico da equipe, ainda foi capaz de ficar na terceira posição da Eredivisie, separado a 13 pontos do campeão Feyenoord (82 – 69), o que lhe garantiu ao menos uma vaga na Europa League.

Todavia, a queda de rendimento do Ajax só fez aumentar a pressão pelos lados de Amsterdã, a ponto do último remanescente da equipe semifinalista da Champions League e principal referência do time em campo, Dusan Tadic, pedir para deixar o clube poucos dias depois do também ídolo Edwin van der Sar, abdicar do cargo de CEO.

Posteriormente, foram as vezes de Mohammed Kudus, Jurrien Timber, Edson Álvarez, Calvin Bassey e Davy Klaassen promoverem um novo desmanche no Ajax, e embora Josip Sutalo, Chuba Akpom, Georges Mikautadze, Borna Sosa, Carlos Forbs e Gastón Ávila tenham feito o caminho inverso, o nível da equipe caiu assustadoramente nesta temporada sob o comando de Maurice Steijn, outra escolha equivocada por parte da diretoria.

Ainda que Maurice Steijn tenha realizado um bom trabalho à frente do Sparta Roterdã na última temporada ao encerrar a Eredivisie na sexta posição, é inegável o fato de que o Ajax acabou sendo um salto muito grande na carreira do treinador que também acumula passagens por ADO Den Haag, Al-Wahda e NAC Breda.

Deste modo, situado no 16º posto da Eredivisie, o Ajax realiza o seu pior início de temporada desde a criação da liga holandesa em 1956. Somando três derrotas, dois empates e uma vitória nas seis primeiras rodadas da competição, os pupilos de Maurice Steijn só superam Volendam e Utrecht em termos de pontuação e, por este motivo, ocupam a zona dos playoffs do rebaixamento.

Por sinal, dos três reveses sofridos pelo Ajax na Eredisivie, o diante do Feyenoord foi o que mais escancarou a atual situação vivida pelo clube de Amsterdã, e não apenas pelo resultado de 4 a 0 em plena Johan Cruyff Arena, como também pelos incidentes que ocorreram no decorrer do clássico que teve de ser interrompido quando o placar ainda marcava 3 a 0, e alguns revoltados ultras começaram a depredar o estádio.

Aliás, não vencer clássicos tornou-se algo comum ao Ajax após a saída de Erik ten Hag, a julgar que o time da capital holandesa não conquistou nenhum triunfo nos embates contra PSV Eindhoven e Feyenoord pela Eredivisie desde então, colecionando quatro derrotas e um empate neste período.

Portanto, diante deste complexo cenário fica evidente porque a continuidade do treinador Maurice Steijn segue pra lá de incerta no Ajax. A propósito, hoje ela depende única e exclusivamente do experiente ex-comandante da Holanda nos Mundiais de 2014 e 2022, Louis van Gaal, que foi procupado pela diretoria do clube para desenvolver uma espécie de consultoria na parte técnica para orientá-la sobre quais procedimentos devem ser realizados para a evolução da equipe.

De qualquer maneira, a realidade é que com ou sem Maurice Steijn, o Ajax terá três verdadeiras decisões para encarar após a pausa da data Fifa e, detalhe, todas atuando fora de seus domínios, sendo: a primeira delas, um confronto direto contra o lanterna Utrecht; a segunda, uma viagem à Inglaterra para enfrentar o Brighton, e definir a classificação ou não à fase mata-mata da Europa League; e por último, nada menos do que o clássico frente o PSV Eindhoven, líder isolado da Eredivisie com 100% de aproveitamento.

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