Sonhar com o quarto scudetto, seria demais para o Napoli, de Antonio Conte?

Perder nunca é bom, mas a contundente derrota por 3 a 0 sofrida pelo Napoli diante do Hellas Verona em pleno estádio Diego Maradona pela rodada inicial da Serie A, ao menos foi essencial para o clube da Campânia agitar o mercado que se apresentava devagar até então.

Não à toa, poucos dias depois, Billy Gilmour, Scott McTominay, David Neres, além do goleador Romelu Lukaku, se juntaram aos recém-contratados Alessandro Buongiorno, Rafa Marín e Leonardo Spinazzola para defender as cores do Napoli. Ou seja, rápidos e importantes movimentos que aceleraram a recuperação do clube que voltou a liderar a Serie A após longos 16 meses.

Aliás, desde a queda na estreia da Serie A os Azzurri só não venceram o clássico contra a Juventus — que terminou empatado sem gols em Turim — nos cinco demais compromissos disputados, lembrando que eles marcacam 16 gols marcados e sofreram apenas um — de pênalti, contra o Parma —neste período que inclui a goleada por 5 a 0 sobre o Palermo pela Coppa Itália.

Deste modo, Antonio Conte segue sustentando o paradigma de realizar bons trabalhos rapidamente, vide as suas passagens por Juventus, Chelsea, Inter de Milão e Tottenham. Em contrapartida, o que preocupa não é o início, mas sim o final da história, a julgar que os ciclos do treinador de 55 anos de idade costumam terminar de maneiras tensas e polêmicas pelos clubes.

Contudo, ainda que com o longo prazo sob risco, a realidade é que a vinda de Antonio Conte renovou por completo as expectativas dos torcedores napolitanos, que num piscar de olhos esqueceram a péssima temporada pós-título da equipe, marcada em especial, pelo décimo lugar na tabela da Serie A, além das trocas de treinadores que envolveram as chegadas e saídas de Rudi Garcia, Walter Mazzarri e Francesco Calzona.

Seja como for, a primeira grande ação de Antonio Conte ao desembarcar na Campânia foi ajustar o setor defensivo do Napoli, vazado o total de 48 vezes na edição passada da Serie A, registrando assim, 20 gols a mais em comparação a temporada do tricampeonato italiano sob a batuta de Luciano Spaletti. Consequentemente, os napolitanos são donos da terceira melhor defesa da competição na atualidade com 4 tentos sofridos, estando somente atrás da Juventus, que ainda não teve as redes balançadas, e do surpreendente Empoli, superado em duas oportunidades.

A propósito, vale ressaltar que o principal pilar da sólida defesa do Napoli responde pelo nome de Alessandro Buongiorno, o zagueiro contratado com atraso neste meio de ano após a saída de Kim Min-jae na temporada retrasada. A versatilidade do ex-jogador do Torino, capaz de atuar em formações com dois ou três defensores, vem permitindo com que Antonio Conte varie o esquema do time entre o 3-4-2-1 e o 4-3-3 dentro das próprias partidas sem perder a eficiência.

Ofensivamente, Scott McTominay encaixou perfeitamente na equipe, deixando a sensação de que já atua pelo Napoli há tempos, em virtude da sua rápida adaptação seja jogando como segundo volante, seja atuando como meia um pouco mais adiantado. Além disso, a ascensão de Khvicha Kvaratskhelia, autor de três gols e duas assistências nas oito partidas realizadas até aqui na temporada, é outro fator corroborante para o iminente sucesso dos pupilos de Antonio Conte.

Logo, a solidez defensiva, somada a imprevisibilidade e a alta capacidade dos jogadores em atuar em diferentes esquemas, são dois dos três pontos de destaque da base de sustentação do Napoli, de Antonio Conte, seguido por último do espírito coletivo que vem se tornando a marca registrada do time, conforme as palavras do próprio técnico.

O equilíbrio começa sempre pela vontade dos jogadores em trabalhar tanto na fase defensiva como na fase ofensiva. Isto é muito importante, para além da formação e das diversas situações. A disponibilidade e vontade de trabalhar em ambas as fases permitem ter esse equilíbrio.

Antonio Conte, treinador do Napoli

Conhecido por ser um profissional pra lá de intenso, Antonio Conte passa horas fazendo e refazendo movimentos e exercícios durante as sessões de treinamentos para tornar a equipe extremamente combativa, o que, é claro, exige o máximo empenho por parte dos atletas. E sob a cultura napolitana de “nós contra todos”, essa filosofia não demorou pra ser absorvida, haja vista os jogos dos Azzurri. Como resultado, o Napoli acabou fortalecendo o núcleo entre plantel, treinador, comissão técnica e a torcida, que voltou lotar o estádio Diego Maradona.

Ainda assim, é inegável que o Napoli não se apresenta como favorito à conquista do scudetto da Serie A, afinal, não se pode desconsiderar a qualidade da Inter de Milão, que reforçou a base do time campeão italiano na última temporada, tampouco o tremendo mercado realizado pela Juventus, agora liderada pelo promissor Thiago Motta.

Em compensação, é impossível não apontarmos o Napoli como o principal postulante a uma das vagas na Champions League, acima de tudo em função do calendário menos desgastante do clube que não disputará torneios continentais nesta temporada, dividindo as atenções somente entre a Serie A e a Coppa Itália, diferentemente de Inter de Milão, Juventus, Milan, Atalanta e Roma.

Portanto, com Antonio Conte e o DNA resgatado, não se surpreenda se o Napoli terminar a temporada na mesma posição que ocupa no momento.

A ver!

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