O dia 05 de outubro de 2022, é e sempre será um marco na história do Bayer Leverkusen, pois trata-se exatamente da data em que Xabi Alonso assumiu o comando técnico da equipe que, naquela oportunidade, ocupava a 17ª posição na tabela da Bundesliga, e estreou goleando o Schalke 04 por 4 a 0.
Talvez, um resultado que já sinalizava o que estava por vir, a julgar pelas 66 vitórias e três títulos conquistados sob o comando do treinador espanhol, incluindo a inédita conquista da dupla coroa composta pelas campanhas sem derrotas tanto na Copa da Alemanha quanto na Bundesliga, onde o Leverkusen se sagrou campeão ostentando uma significativa diferença de 17 pontos de vantagem em comparação ao vice-colocado Stuttgart.
Consequentemente, os comandados de Xabi Alonso colocaram fim à longa hegemonia de uma década do Bayern de Munique na Bundesliga, fazendo o Leverkusen passar de caçador a caça nesta temporada que ainda começou com a conquista da Supercopa da Alemanha sobre o Stuttgart nas penalidades, após empate em 2 a 2 no tempo regulamentar, fechando o ciclo da surpreendente tríade alemã em 2024.
O Bayer Leverkusen se tornou o quinto clube a fazer a dobradinha no futebol alemão, depois de Bayer de Munique (13 vezes), Colônia, Werder Bremen e Borussia Dortmund.
No entanto, ao contrário da última temporada, na atual o Bayer Leverkusen acabou sendo derrotado logo na 2ª rodada da Bundesliga ao perder por 3 a 2, de virada, do RB Leipzig em plena BayArena. Por sinal, um duríssimo revés que determinou o encerramento da invencibilidade doméstica de 463 dias ou 35 jogos dos Werkself no campeonato — e 43 partidas considerando todas as competições.
Em todo o caso, para o técnico Xabi Alonso pior que a perda da invencibilidade foram os nove gols sofridos pelo Leverkusen nas quatro partidas disputadas pela Bundesliga até o clássico diante do Bayern de Munique, que resultava em uma elevada média superior a dois por jogo. Não à toa, os campeões alemães desembarcaram na Baviera sendo donos da 4ª pior defesa do torneio.
De certa forma, uma preocupação compreensível do time que além de estar brigando diretamente pelo título alemão, também terá grandes embates contra adversários da Champions League pela frente e, é claro, com uma defesa vulnerável terá reduzidas as chances de vitórias, lembrando que o Leverkusen foi vazado apenas 24 vezes no decorrer dos 34 jogos da edição anterior da Bundesliga, passando o total de 16 rodadas sem ter as redes balançadas, algo que ainda não ocorreu nesta temporada.
À vista disso, Xabi Alonso adotou uma abordagem mais conservadora na Allianz Arena ao utilizar o 5-2-3 e, por vezes, o 5-4-1, durante a fase defensiva do Leverkusen. Em contrapartida, a agressividade ofensiva do Bayern de Munique encurralou o time do Rhur, que mesmo assinalando míseros 31% de posse de bola, isto é, o seu menor registro desde a temporada 2020-21, ainda retornou da Baviera com um ponto na bagagem devido ao empate em 1 a 1.
Contabilizando dois empates e duas vitórias, Xabi Alonso se tornou o primeiro técnico da história a não perder do Bayern de Munique após quatro embates realizados.
Contudo, foi no compromisso seguinte contra o Milan, na estreia do Bayer Leverkusen em seus domínios pela Champions League, que a alegria voltou a contagiar Xabi Alonso, isso porque os Werkself não apenas venceram, como passaram os noventa minutos sem terem sofrido um único gol, repetindo o que já havia acontecido na goleada por 4 a 0 sobre o Feyenoord pela rodada inicial do torneio continental.
Aliás, além das enormes dificuldades para achar espaços na fechada defesa milanista, uma situação comum para qualquer equipe que se depara ante oponentes italianos, o Leverkusen também se preocupava com as rápidas transições do Milan, cuja proposta foi atuar de forma compacta com os blocos baixos, cedendo a bola aos alemães a fim de atraí-los ao seu campo na tentativa de armar o contra-ataque.
Por este motivo, aproveitando a qualidade dos passes de Aleix García e Florian Wirtz, o Leverkusen passou a insistir na inversão das jogadas para pegar o Milan desorganizado nos lados opostos através dos constantes avanços dos alas Jeremie Frimpong, pela direita, e Alejandro Grimaldo, pela esquerda, à medida que o trio de zagueiros formado por Edmond Tapsoba, Jonathan Tah e Piero Hincapié atuaram praticamente na linha do meio-campo, limitando as ações do Milan.
No final das contas, o triunfo pelo placar mínimo, aliado a euforia de Xabi Alonso por não ter sofrido gols, retratam claramente que a principal meta do Leverkusen foi alcançada, sobretudo porque os cem por cento de aproveitamento já colocam os alemães entre os oito melhores colocados na fase de liga da Champions League, ou seja, dentro da zona de classificação direta às oitavas-de-final.
Sabemos que somos bons quando defendemos bem juntos. Isso foi um problema para nós. Mas podemos dizer que nestes dois jogos tivemos aquela mentalidade de Champions League, aquela mentalidade de compreender as fases do jogo, quando ter controle e quando sofrer.
Xabi Alonso, treinador do Bayer Leverkusen
Assim, a realidade é que esta resiliente versão do Leverkusen, que além de manter a base da equipe campeã alemã ainda a reforçou com as chegadas de Jeanuel Belocian, Nordi Mukiele, Aleix García e Martin Terrier, provou estar preparada para jogar de maneira mais astuta ou pragmática, sendo capaz de usar uma armadura diferente de acordo com o que o jogo ou o adversário exige. Quer dizer, um ótimo presságio para a temporada que se avizinha.
Seja como for, o cenário se apresenta perfeito para o próximo jogo frente o lanterna da Bundesliga, Holstein Kiel, que marcará a comemoração do aniversário de dois anos do maior treinador da história do Bayer Leverkusen no clube que, curiosamente, também será a sua partida de número 100 no cargo.