Unai Emery continua resgatando o glorioso passado do Aston Villa

Se você conferir a classificação da Champions League neste exato instante, notará que o líder geral dentre os 36 clubes que disputam a nova fase de liga do torneio é o Aston Villa com 9 pontos ganhos, 8 gols marcados e nenhum sofrido após o encerramento da 3ª rodada.

No entanto, a caminhada do Aston Villa rumo à liderança da Champions League não foi nada fácil, já que o passado repleto de glórias havia dado lugar a uma realidade composta por derrotas, desilusões e duras batalhas contra o rebaixamento muitas vezes perdidas ao longo do século XXI. Não à toa, a melhor campanha dos Villans desde então pela Premier League deu-se na temporada passada, quando eles foram quarto colocados no campeonato, o que demonstra de forma clara que a retomada do conjunto de Birmingham aos tempos áureos começou justamente após a chegada do técnico Unai Emery.

A propósito, a enorme transformação pela qual o clube sete vezes campeão inglês passou sob o comando de Unai Emery aconteceu de maneira bastante rápida, uma vez que o sucessor de Steven Gerrard encerrou a sua primeira temporada à frente do Aston Villa no 7º lugar da Premier League, mesmo após assumi-lo na 17ª colocação somando míseros 9 pontos em 11 jogos na edição 2022-23 da competição.

Já na temporada seguinte, a sua primeira completa no comando do Aston Villa, Unai Emery conduziu a equipe ao 4º lugar da tabela com 68 pontos, isto é, a segunda maior pontuação dos Villans na nova era da Premier League, só ficando atrás dos 74 pontos assinalados durante o vice-campeonato do primeiro ano da liga, em 1993. E tudo isso em meio a uma excelente campanha na Conference League, marcada pela queda dos ingleses diante do campeão Olympiacos nas semifinais do torneio continental.

Além disso, a evolução do Aston Villa também transpareceu através dos confrontos contra os adversários do bloco Big Six da Premier League, em especial nas duas vitórias sobre o Arsenal, que para muitos foram cruciais para a perda do título inglês por parte dos londrinos. Seja como for, o sonho dos Villans começou a se tornar realidade pra valer mesmo com o retorno do clube à Champions League depois de quatro longas décadas de ausência.

Por este motivo, essa temporada tem uma “aura” completamente diferente ao Aston Villa, algo que fica nítido nas especiais noites de Champions League no Villa Park, inclusive, a mais recente delas vivida no triunfo por 2 a 0 sobre o Bologna, que manteve os comandados de Unai Emery como os únicos concorrentes ao lado do Liverpool com 100% de aproveitamento no torneio, lembrando que eles superam os Reds nos critérios de desempate.

Pois é, e apesar da forte pressão imposta pelo Bologna no começo da partida, o Aston Villa sempre deixou a impressão de que sairia de campo com os três pontos, dada a confiança e tranquilidade do time que não perde o equilíbrio em nenhum momento dos jogos. Aliás, de acordo com o técnico Unai Emery, características adquiridas por intermédio da disputa da Conference League na temporada passada, tomada por intensos duelos de mata-mata — até decididos nas penalidades — que exigiram grande controle emocional dos ingleses.

Deste modo, Unai Emery conseguiu não somente trazer a Champions League novamente à Birmingham, como também criou uma atmosfera única e especial no Villa Park, sempre ornado por diversas faixas que simbolizam perfeitamente a relevância desta fase ao centenário clube inglês, aliadas aos cânticos como We are top of the Champions (nós estamos no topo da Champions League), proferidos pelos extasiados torcedores no último jogo frente o Bologna.

Por sinal, um dos principais nomes do Aston Villa na partida contra os italianos foi o do também destaque do time na temporada Jhon Durán, que pra variar deixou a sua marca ao fazer o segundo gol da vitória por 2 a 0, sendo o segundo pela Champions League. Consequentemente, o atacante colombiano chegou ao sétimo tento em 13 jogos disputados até aqui na temporada. Ou seja, é mais uma vez Unai Emery potencializando o futebol de um dos seus jogadores.

Soma-se a isso, o fato de que tanto Tyrone Mings quanto Boubacar Kamara voltaram a integrar o elenco do Aston Villa depois de muito tempo em virtude de suas respectivas lesões, no caso, foram 437 dias de ausência do zagueiro inglês, mediante 254 dias do volante francês, que teve a chance de entrar em campo aos 32 minutos da etapa final, o que significa que Unai Emery teve o plantel inteiro à disposição pela primeira vez desde que chegou ao clube. E a qualidade dos atletas que estavam no banco de reservas comprova a força dos Villans.

Sob todos estes aspectos, a verdade é que além de construir uma base sólida e qualificada em termos coletivo e individual, Unai Emery também moldou a resiliente mentalidade dos jogadores e do próprio Aston Villa, que teve sucessivos esquadrões assombrados psicologicamente sob a liderança de diversos treinadores nos últimos anos.

Não à toa, apenas na segunda temporada completa sob a batuta de Unai Emery, o Aston Villa já é apontado como um dos principais candidatos ao G-4 da Premier League — onde divide a terceira posição juntamente com o Arsenal —, e um dos favoritos a avançar às oitavas-de-final da Champions League de maneira direta, quer dizer, entre os oito melhores colocados da fase de liga.

Todavia, melhor do que tudo isso aos torcedores do Aston Villa é saber que ao mesmo tempo que há margens para maior evolução, o hino da Champions League continuará tocando por um longo período no místico Villa Park.

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