Erik ten Hag não é mais treinador do Manchester United. Pois é, a atrasada demissão que deveria ter ocorrido em janeiro deste ano, ou então após o encerramento da última temporada, foi finalmente efetivada no dia seguinte a derrota dos Red Devils frente o West Ham por 2 a 1 no estádio Olímpico.
Sim, o Manchester United vem jogando tão mal que conseguiu a façanha de perder do também péssimo West Ham, de Julen Lopetegui, numa partida em que Erik ten Hag não teve tanta responsabilidade quanto os jogadores, a julgar pela oportunidade pra lá de surreal desperdiçada pelo lateral-direito Diogo Dalot, literalmente sem goleiro, quando o jogo ainda estava empatado sem gols.
Consequentemente, o Manchester United sofreu a quarta derrota em 9 jogos pela Premier League, e caiu para a 14ª posição contabilizando 11 de 27 possíveis pontos, se mantendo a doze de distância em comparação ao líder Manchester City. Ou seja, uma lastimável campanha de 40% de aproveitamento que retrata perfeitamente o quão ruim vinha sendo o trabalho realizado por Erik ten Hag.
Contudo, a realidade é que a demissão veio com o mínimo cinco meses de atraso, pois como citado anteriormente, no início do ano já era perceptível que o desempenho do Manchester United não melhorava, ao contrário, regredia. Todavia, como o clube do norte da Inglaterra não tem como tradição mudar de treinadores e a temporada ainda estava em sua metade, a decisão de manter Erik ten Hag até foi compreensível em meio a pífia queda na fase de grupos da Champions League como lanterna de uma chave tranquila composta por Bayern de Munique, Copenhagen e Galatasaray.
🔎 O Manchester United de Erik ten Hag foi o 2° time das TOP5 ligas europeias com mais finalizações sofridas (1.739) enquanto o técnico esteve no comando. ⚠️⚠️
— Sofascore Brasil (@SofascoreBR) October 28, 2024
⚔️ 128 jogos
🚥 70V – 23E – 35D
📊 60.6% apv.
⚽️ 217 gols
🚫 165 gols sofridos
🥅 340 grandes chances
🔓 248 grandes… pic.twitter.com/C6bs2l6dkB
No entanto, o grande erro da nova diretoria do Manchester United, liderada por Jim Ratcliffe, foi não apenas manter Erik ten Hag no cargo como também renovar o seu vínculo contratual até junho de 2026. A razão para isso? Os motivos principais foram por querer passar a imagem de uma gestão não imediatista, bem como por conta da conquista da FA Cup na temporada passada, em que os Red Devils derrotaram o Manchester City por 2 a 1 na final em Wembley.
Logo, os dirigentes avaliaram todo o trabalho de Erik ten Hag se baseando única e exclusivamente no título da FA Cup, deixando de lado a análise referente ao desempenho aquém das expectativas do Manchester United no restante da temporada, confiando no discurso do treinador holandês quando o mesmo afirmava que as lesões — em especial dos zagueiros — comprometeram o rendimento da equipe.
Em contrapartida, por mais que os excessivos casos de contusões tenham realmente atrapalhado o Manchester United, é inegável que o time jamais se mostrou competitivo desde que Erik ten Hag iniciou o seu segundo ano no Old Trafford, apesar dos mais de 416,8 milhões de euros gastos através das contratações de grandes reforços como Andre Onana, Mason Mount, Sofyan Amrabat, Rasmus Hojlund, Leny Yoro, Matthijs de Ligt, Nousair Mazraoui, Manuel Ugarte e Joshua Zirkzee.
Vale ressaltar ainda, que de acordo com a mídia inglesa a relação envolvendo Erik ten Hag e o grupo do Manchester United não era nada boa, sobretudo porque o ex-treinador do Ajax era bastante ríspido na forma de se comunicar e, por diversas vezes, acabava expondo os jogadores em inúmeras situações. O caso de Jadon Sancho, por exemplo, não foi visto com bons olhos pelos atletas. Portanto, o clima pesado no vestiário era outro indício de que a continuidade de Ten Hag foi um tremendo equívoco.
De qualquer maneira, agora Erik ten Hag é mais um treinador a integrar a seleta lista daqueles que não conseguiram dirigir o Manchester United por três ou mais anos na era pós-Alex Ferguson, lembrando que o técnico que chegou mais próximo desta marca foi o norueguês Ole Gunnar Solskjaer, que também demorou uma eternidade para ser demitido.
Erik ten Hag averaged 1.72 points per game in the Premier League.
— Opta Analyst (@OptaAnalyst) October 28, 2024
The only Manchester United managers with a lower average than that? David Moyes (1.68) and Ralf Rangnick (1.54). pic.twitter.com/g7wbXhzgXF
Ademais, é importante destacar que o atraso para demitir Erik ten Hag anulou a possibilidade do Manchester United contratar nomes como Thomas Tuchel ou Mauricio Pochettino, que recentemente acertaram com as seleções de Inglaterra e Estados Unidos, respectivamente. Por sinal, Gareth Southgate, Sérgio Conceição, Zinedine Zidane, Xavi Hernández e Graham Potter são alguns profissionais que se apresentam disponíveis no momento.
Em todo o caso, nenhum deles agradou a nova cúpula diretiva do Manchester United, que já definiu Rúben Amorim como sucessor de Erik ten Hag. Inclusive, alguns veículos de imprensa de Portugal, como é o caso do jornal ‘A Bola’, confirmavam desde o início da manhã de hoje (29) que tanto o jovem treinador de 39 anos de idade quanto o Sporting, haviam aceitado a proposta dos Red Devils, cuja o técnico bicampeão português ganhará um salário duas vezes maior, e o clube de Alvalade receberá 10 milhões de euros pela quebra do contrato.
Assim, levando em conta o trabalho desenvolvido por Ruben Amorim no Sporting, é inegável que o Manchester United fez uma excelente escolha ao trazê-lo, embora essa ainda seja considerada uma contratação de risco devido a pouca experiência de Amorim. Entretanto, não restam dúvidas de que se trata de um dos treinadores mais promissores na atualidade juntamente com os irreais Simone Inzaghi e Xabi Alonso, que seriam melhores opções.
À vista disso, aquele velho e dramático filme que se repetia ano após ano pelos lados do Old Trafford, certamente dará lugar a outro repleto de boas perspectivas com a chegada de Rúben Amorim, que antes mesmo de desembarcar em solo inglês, já é a única notícia positiva na temporada que está perdida em termos de título da Premier League em virtude da lentidão do Manchester United em sacramentar a tão anunciada demissão de Erik ten Hag.