Na terra do Vesúvio, quem causa erupção é Antonio Conte

A conturbada saída de Antonio Conte do Tottenham em março de 2023, seguida de um forçado ano sabático, deixavam diversas dúvidas em relação a competência do treinador de 55 anos de idade, que não foi capaz de repetir no norte de Londres o sucesso alcançado em suas passagens por Juventus, Chelsea e Inter de Milão.

Por outro lado, se Antonio Conte desembarcava na Campânia em baixa devido ao trabalho malsucedido no Tottenham, o que dirá o clube que teve nada menos do que três treinadores naufragando na última temporada. À vista disso, o Napoli encerrou a Serie A na décima posição da tabela separado a 41 pontos da campeã Inter de Milão, se tornando detentor da pior campanha em uma defesa de título na história do Calcio.

Por esta razão, figuras emblemáticas da conquista do terceiro scudetto optaram por sair do Napoli após o término da temporada anterior, como foram os casos de Piotr Zielinski, atualmente na Inter de Milão, e do atacante Victor Osimhen, que transferiu-se via empréstimo ao Galatasaray, lembrando que o capitão Giovanni Di Lorenzo e o craque Khvicha Kvaratskhelia também pediram para deixar o clube neste meio de ano, mas foram convencidos a ficar com a vinda de Antonio Conte.

No entanto, como se tudo isso não bastasse os questionamentos em torno deste novo Napoli, de Antonio Conte, aumentaram ainda mais após a duríssima vitória nas penalidades sobre o modesto Modena, da segunda divisão, na estreia dos napolitanos na temporada 2024-25 pela 1ª Fase da Coppa Itália, além da derrota por 3 a 0 frente o Hellas Verona pela rodada inicial da Serie A.

Contudo, estes resultados ao menos serviram para o Napoli acelerar o processo de reformulação liderado por Antonio Conte, sendo mais incisivo na janela de transferências marcada por significativas aquisições como: Alessandro Buongiorno, contratado junto ao Torino por 35 milhões de euros; Scott McTominay e Romelu Lukaku, que vieram da Premier League por 30 milhões de euros, cada um; David Neres, outro reforço de peso trazido do Benfica por 28 milhões de euros, além de Leonardo Spinazzola, Rafa Marín e a ótima oportunidade de mercado, Billy Gilmour.

Deste modo, com essas novas peças à disposição Antonio Conte não apenas fortaleceu todos os setores da equipe, como também a moldou para encaixá-las dentro do seu sistema de jogo. A propósito, como o Napoli já vem atuando no 4-3-3 há pelo menos uma década, o ex-técnico do Tottenham manteve essa mesma formação a fim de evitar grandes mudanças no que diz respeito a parte tática, por mais que ele prefira esquemas com três zagueiros.

A partir de então o Napoli não perdeu mais somando oito vitórias e um empate nos nove demais compromissos pela Serie A, sem contar a goleada por 5 a 0 sobre o Palermo pela Coppa Itália, mas considerando o recente triunfo por 2 a 0 diante do Milan em pleno San Siro, que acabou sendo o quinto consecutivo dos Azzurri, algo que não acontecia desde a temporada que eles venceram o tricampeonato italiano.

Embora não jogando um futebol de encher os olhos, o Napoli se tornou um time consistente e sólido defensivamente, inclusive, isso explica porque os pupilos de Antonio Conte são donos da melhor defesa da Serie A com míseros 5 tentos sofridos em dez jogos ao lado da Inter de Milão. Em termos de comparação, neste mesmo estágio da edição passada da competição a equipe comandada por Rudi Garcia já havia sido vazado o montante de 12 vezes, isto é, uma enorme diferença que também se evidencia por intermédio da pontuação, vide os 18 pontos dos napolitanos naquela ocasião, mediante os 25 da atualidade.

Não à toa, os Azzurri lideram isoladamente a Serie A com quatro pontos de vantagem sobre a vice-colocada e atual campeã Inter de Milão, o que é resultado do impactante trabalho de Antonio Conte, que através de muita energia, suor e persuasão, rapidamente conseguiu embutir no elenco napolitano uma nova personalidade já perceptível quando assistimos aos jogos do Napoli, um típico time dirigido por Conte, repleto de atitude, crença, caráter, convicção, além da mentalidade vencedora.

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Aliás, todas essas qualidades se sobressaíram no clássico contra a Juventus — talvez pelo fato de ser uma das principais candidatas ao título da Serie A —, que terminou empatado sem gols em Turim. Ali, ficou nítido que tanto o apetite quanto a enorme capacidade de Antonio Conte permanecem vivíssimos em meio ao estilo de jogo baseado na construção da defesa às movimentações no meio-campo à interação com Romelu Lukaku, a referência do time no ataque.

A favor do Napoli nessa batalha que promete ser intensa pelo scudetto, está o fato dos líderes da Serie A não disputarem competições internacionais na temporada, ao contrário de Inter de Milão, Juventus e Milan, todos dividindo as atenções com a Champions League. Por este motivo, Antonio Conte tem mais tempo para treinar e preparar a sua equipe, ao mesmo tempo que os jogadores se desgastam menos fisicamente.

Seja como for, o mês de novembro será determinante para definir a real direção do Napoli na Serie A, tendo em vista que os Azzurri terão de encarar uma dificílima agenda que inclui partidas contra Atalanta, Inter de Milão e Roma, começando pela visita dos bergamascos, seguida da viagem à Lombardia e, por fim, do embate frente os romanos novamente no Diego Maradona.

Portanto, se o Napoli adentrar o último mês do ano preservando uma gordura na liderança da Serie A, certamente um grande passo rumo ao quarto scudetto será dado. Em outras palavras, quem realmente causa erupção na terra do Vesúvio é Antonio Conte.

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