A reviravolta do Ajax tem nome e sobrenome: Francesco Farioli

Há exatamente um ano, o Ajax encerrava a 10ª rodada da Eredivisie ocupando a apenas décima posição do campeonato com míseros 11 pontos e acumulando cinco derrotas na competição, o que significa que os Godenzonen haviam perdido a metade dos jogos disputados naquela oportunidade.

Contudo, as vitórias nos clássicos contra Feyenoord e PSV Eindhoven nas duas rodadas anteriores da atual edição da Eredivisie, retratam que aquela fase pra lá de conturbada vivida pelo clube de Amsterdam já faz parte do passado. Não à toa, o Ajax está separado a somente cinco pontos dos campeões holandeses na vice-colocação da tabela, porém tendo um jogo a menos na competição.

Pois é, a despedida de Erik ten Hag, aliada ao verdadeiro desmanche sofrido através da debandada de diversos jogadores nos últimos três anos, não apenas deixaram sequelas como geraram uma das maiores crises na história do Ajax, que inclusive chegou a ocupar a lanterna da Eredivisie na temporada retrasada em meio as pífias passagens de Alfred Schreuder, Johnny Heitinga, Maurice Steijn, Hedwiges Maduro e John van ‘t Schip no comando técnico do clube que também enfrentou problemas administrativos com a polêmica demissão de Marc Overmars, além da saída de Edwin van der Sar.

E pra piorar ainda mais a situação, o sucessor de Edwin van der Sar, Alex Kroes, foi demitido do cargo no último mês de abril após a descoberta de que ele comprou mais de 17.000 ações do Ajax uma semana antes de sua nomeação ser anunciada, o que comprovava que o ex-CEO do clube holandês se envolveu em negociação com informações privilegiadas, algo que é considerado crime.

Deste modo, fica evidente que o clima pelos lados de Amsterdam não era nada bom tanto dentro quanto fora das quatro linhas. Ainda assim, o jovem técnico Francesco Farioli, de 35 anos de idade, aceitou o desafio de assumir o antigo posto de John van ‘t Schip, a fim de liderar o novo projeto que visava a retomada dos Ajacien ao topo do futebol holandês.

No entanto, a falta de experiência de Francesco Farioli trazia consigo uma série de incertezas em relação ao seu sucesso no Ajax, pois apesar de ter realizado ótimos trabalhos o treinador italiano só havia dirigido dois times turcos, como foram os casos de Karagumruk e Alanyaspor, além do Nice, da França, antes de desembarcar em Amsterdam para encarar a missão mais difícil da carreira.

Logo, era fundamental que o Ajax já iniciasse a temporada ganhando os seus jogos, caso contrário, os questionamentos em torno de Francesco Farioli aumentariam ainda mais, lembrando que a estreia do ex-treinador do Nice pela equipe holandesa ocorreu logo na fase pré-eliminatória da Europa League, em que os Godenzonen bateram a FK Vojvodina pelo placar mínimo na Johan Cruijff Arena, tomada por 53.590 torcedores. Ou seja, a pressão sobre Farioli começou desde a primeira partida.

Todavia, de lá pra cá os comandados de Francesco Farioli só perderam dois dos 19 jogos disputados, derrotas estas, sofridas diante de NAC Breda e Panathinaikos. De resto, foram 15 vitórias, 2 empates, 56 gols marcados e 25 sofridos, o que resulta em uma incrível média de 82,4% de aproveitamento da equipe que, além disso tudo, é dona da melhor campanha como mandante na Eredivisie ao lado do PSV Eindhoven, ambos contabilizando cinco triunfos em cinco partidas atuando em seus respectivos domínios.

Mas embora vencendo e convencendo, os mais críticos ainda afirmavam que o trabalho de Francesco Farioli só poderia ser avaliado de forma concreta depois dos embates ante Feyenoord e PSV Eindhoven, isto é, os primeiros grandes oponentes dos Godenzonen na atual temporada, por mais que eles já tivessem goleado o Besiktas por 4 a 0 pela Europa League.

À vista disso, a vitória por 2 a 0 no Der Klassiker em pleno De Kuip Stadion, seguido do 3 a 2 sobre o PSV Eindhoven, que determinou o fim do ciclo de dez vitórias dos líderes da Eredivisie nas dez rodadas iniciais da competição, foi a verdadeira resposta que os torcedores do Ajax tanto queriam escutar, e o veterano Davy Klaasen, um dos principais símbolos do clube, disse na entrevista concedida pós-jogo na Johan Cruijff Arena: “O gigante está de volta”.

No final das contas, a ideia de Francesco Farioli de controlar a minutagem dos jogadores nos dois clássicos que aconteceram em um curto espaço de quatro dias funcionou perfeitamente, a julgar pelo alto grau de competitividade por parte do Ajax. Por sinal, os 21 arremates disparados contra o PSV, um número quatro vezes superior do que qualquer outro adversário finalizou na equipe de Eindhoven desde a chegada de Peter Bosz na última temporada, ilustra isso muito bem.

Ademais, é importante destacar que o Ajax adotou posturas diferentes nos clássicos ao ser menos dominante em Roterdã e mais ofensivo em Amsterdam, quer dizer, contrastes que demonstram que, sob a liderança de Francesco Farioli, a equipe passou a seguir um plano de jogo elaborado e estruturado de acordo com o adversário, sabendo jogar no 5-4-1 quando é necessário se defender, ou no 4-3-3 nos momentos em que se deve atacar.

Em todo o caso, ainda é cedo para afirmar que o Ajax brigará diretamente com o PSV Eindhoven pelo título holandês na temporada que está prestes a completar o seu primeiro terço, mas há de convir que vê-lo novamente competindo na ponteira da Eredivisie já é um claro indício que a reviravolta dos Ajacien tem nome e sobrenome: Francesco Farioli.

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