Em fevereiro do ano passado, Rúben Baraja desembarcava na capital da Comunidade Valenciana com a difícil tarefa de salvar o Valencia — na época na antepenúltima posição da LaLiga somando 20 pontos em 21 jogos — do rebaixamento na temporada 2023/24.
No entanto, a 15ª colocação do Valencia ao término daquela temporada, deixa evidente que o treinador de 49 anos de idade cumpriu com êxito a missão que lhe foi dada nos 16 jogos em que esteve à frente da equipe. Consequentemente, Rúben Baraja seguiu no Mestalla no ano seguinte, conduzindo os Morcegos a nona colocação da edição anterior do campeonato, superando totalmente as expectativas ao sustentar 16 pontos de vantagem em relação a zona da degola.
Contudo, as águas calmas da última temporada se agitaram na atual, tanto é, que o Valencia se despediu de 2024 dividindo a lanterna da LaLiga juntamente com o recém-promovido Valladolid. Para se ter uma ideia, os comandados de Rúben Baraja venceram apenas duas das 17 partidas disputadas na competição, registrando nove derrotas e seis empates nos demais compromissos. Foram 26 gols sofridos e somente 16 marcados até o momento, o que resulta em uma pífia média inferior a um tento assinalado por jogo.
Diante deste trágico cenário, a única alternativa para Rúben Baraja se manter no cargo seria através de uma vitória sobre o Alavés, adversário direto na briga contra o descenso, na partida válida pela última rodada de 2024 no estádio Mestalla. Assim, o empate em 2 a 2, por conta do gol salvador de Dani Gómez aos 53 minutos do segundo tempo, não foi suficiente para o ídolo valenciano evitar a sua demissão, anunciada oficialmente pelo clube na manhã desta segunda-feira (23).
Comunicado oficial | @RubenBaraja
— Valencia CF (@valenciacf) December 23, 2024
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De qualquer maneira, é inegável que a continuidade Rúben Baraja seria um enorme equívoco por parte da diretoria do Valencia, sobretudo depois que os pouco mais de 37 mil torcedores que compareceram ao Mestalla no empate com o Alavés pediram, pela primeira vez, a demissão do treinador, deixando claro que já não existia mais clima pra ele no clube. Deste modo, não restaram opções ao mandatário Peter Lim que não destituí-lo da função apesar do alto valor da multa rescisória prevista em seu contrato.
Além disso, este intervalo de dez dias referente a pausa da temporada devido as festas de fim de ano tornaram propício o momento do Valencia para uma troca no comando técnico do time. Contudo, para aproveitar ao máximo esse curto tempo, a diretoria valenciana já trabalha na contratação do sucessor de Rúben Baraja, sendo que o principal candidato na lista de pretendentes responde pelo nome de Carlos Corberán.
O Valencia venceu apenas 29,2% de suas partidas na LaLiga sob o comando de Rubén Baraja, isto é, a segunda menor porcentagem de um treinador do clube no campeonato (mínimo de 50 jogos).
Atualmente no West Bromwich, sétimo colocado da Championship League (segunda divisão inglesa), Carlos Corberán, embora valenciano de nascença, jamais trabalhou na Espanha ao longo da curta carreira composta por passagens por DOXA e Ermis Aradippou, ambos do Chipre, além de Huddersfield Town e Olympiacos, até retornar novamente ao futebol inglês.
Vale ressaltar que Carlos Corberán ganhou maior notoriedade durante o ótimo trabalho realizado à frente do Huddersfield Town, que motivou o West Bromwich a contratá-lo há dois anos. Não à toa, o técnico espanhol contabiliza mais de 100 partidas pelos dois clubes. Ademais, é importante destacar que Corberán também foi auxiliar de Marcelo Bielsa no Leeds United, quer dizer, uma marca pra lá de significativa no currículo.
Por este motivo, Carlos Corberán aparece como uma excelente alternativa para salvar o Valencia do rebaixamento no segundo semestre de temporada, lembrando que ele quase conquistou o acesso com o Huddersfield Town em 2022 — quando perdeu do Nottingham Forest pelo placar mínimo na finalíssima dos playoffs em Wembley —, mesmo tendo o terceiro menor orçamento da Championship League naquela oportunidade.
Carlos Corberán, de 40 anos de idade, chegou a fazer estágio no Villarreal. O “bielsista” técnico valenciano é adepto a um estilo de jogo centrado na posse de bola.
À vista disso, Carlos Corberán já vem despertando o interesse de diversos clubes espanhóis, como é o caso do Las Palmas, que tentou trazê-lo antes de contratar Luis Carrión. Aliás, uma negociação que não se confirmou em razão do alto valor de 2,5 milhões de euros relativo a rescisão contratual, o que significa que Peter Lim precisará abrir os cofres do Valencia para viabilizar a vinda do técnico do West Bromwich.
Portanto, a chegada de Carlos Corberán ao Mestalla pode não realmente se concretizar, algo que levaria o Valencia a acionar o plano B, Quique Sánchez Flores, velho conhecido da torcida valenciana que estreou como treinador no próprio clube entre 2005 e 2008. A seu favor, pesa o fato de que ele se encontra disponível no mercado após uma apagada passagem de 25 jogos pelo Sevilla.
Em todo o caso, os problemas do Valencia estão longe de serem resolvidos por intermédio da mudança de treinador, afinal, o clube atravessa a crise mais complexa desde a sua centenária fundação, que se acentuou nos últimos cinco anos. Sob a gestão de Peter Lim, os Morcegos foram progressivamente se afundando, a ponto de encerrarem o ano corrido de 2024 ostentando o seu segundo pior desempenho de todos os tempos na LaLiga, em virtude das 9 vitórias, 11 empates, 17 derrotas, e 34,2% de aproveitamento obtidos no período.
Logo, seja com Carlos Corberán, ou com Quique Sánchez Flores, a realidade é que as perspectivas do Valencia não são boas em 2025, a julgar que o Real Madrid será o seu primeiro adversário no ano.