A batalha contra o rebaixamento já começou ao Wolverhampton

Apesar de não estarmos nem ao menos na metade temporada, com a Premier League tendo pouco mais de 40% dos jogos realizados até aqui, o Wolverhampton já iniciou a dura batalha contra o rebaixamento.

Pois é, uma briga que começou cedo em virtude das 11 derrotas sofridas pelo Wolverhampton em 16 jogos pela Premier League, que o mantém separado a cinco pontos do Leicester, o primeiro oponente fora da zona da degola no campeonato. E por mais que ainda tenhamos 22 rodadas pela frente, o equivalente a 66 pontos em aberto, é importante destacar que na temporada passada o Luton Town, clube melhor posicionado dentre os três rebaixados, somava 9 pontos neste mesmo estágio da competição, ou seja, exatamente a mesma pontuação dos Wolves na atualidade.

E como trocar de treinador é um dos primeiros requisitos da cartilha de qualquer clube que luta contra a degola, o Wolverhampton demitiu Gary O’Neil após a derrota por 2 a 1 frente o recém-promovido Ipswich Town, em pleno Molineux Stadium. Ainda assim, uma dispensa inevitável do treinador que conquistou apenas três vitórias nos últimos 26 jogos válidos pela Premier League, e se despediu do clube de West Midlands o deixando na penúltima posição da tabela.

Diante deste cenário, restou a cúpula diretiva dos Wolves, representada tanto pelo presidente executivo Jeff Shi, quanto pelo diretor esportivo Matt Hobbs, recorrer a uma velha figura que segue habitando o Molineux Stadium: Jorge Mendes. Sim, o famoso empresário que levou o técnico Nuno Espírito Santo ao Wolverhampton, e fez o clube reviver seu período de maior sucesso desde o início dos anos 1980, voltou a cena novamente.

Vale ressaltar que Jorge Mendes estava sumido de forma intencional, tendo em vista que a ideia de Matt Hobbs era gerir os Wolves sem a interferência do empresário português, lembrando que a última ação realizada por Mendes no clube havia sido na viabilização da contratação de Julen Lopetegui há dois anos, também para ajudá-lo a escapar do rebaixamento, missão que o atual treinador do West Ham conseguiu cumprir com certa tranquilidade, a julgar pela 13ª posição na Premier League.

Contudo, depois da saída de Julen Lopetegui no final da temporada 2022-23, Jeff Shi e Matt Hobbs assumiram as rédeas do Wolverhampton, tomando o controle de todas as decisões sem nenhuma intervenção de Jorge Mendes, que na época da chegada de Lopetegui teve participação ativa nos 100 milhões de euros investidos nas compras de Craig Dawson, Mario Lemina, João Gomes, Pablo Sarabia e Matheus Cunha.

Consequentemente, a escolha por Gary O’Neil para comandar os Wolves partiu única e exclusivamente de Matt Hobbs, sob o aval de Jeff Shi. A propósito, uma opção que em fevereiro deste ano até parecia ser a correta por conta dos triunfos sobre Chelsea e Tottenham, isto é, dois clubes do bloco Big Six, além da vitória sobre o Brighton nas oitavas-de-final da FA Cup.

Em contrapartida, as perspectivas positivas em relação ao trabalho de Gary O’Neil mudaram por completo com a acentuada queda de rendimento do Wolverhampton nessa temporada, especialmente do setor defensivo da equipe. Não à toa, os Wolves são donos da pior defesa da Premier League com 40 gols sofridos, ostentando uma elevada média de 2,5 tentos por jogo, e passaram somente uma das 16 rodadas sem serem vazados no torneio — na vitória sobre o lanterna Southampton, por 2 a 0.

A explicação para isso? Certamente, a mudança tática feita por Gary O’Neil ao abandonar a formação com três zagueiros da temporada anterior, que deu lugar ao 4-1-4-1 ou, por vezes, o 4-2-3-1. Todavia, segundo o jovem treinador de 41 anos de idade, a alteração no sistema de jogo deu-se em função da transferência de Max Kilman ao West Ham neste meio de ano. Assim, com a escassez de peças no setor que ele tanto cobrava reforços, não lhe restaram alternativas que não armar o time com uma linha de quatro homens na defesa.

Como resultado, o Wolverhampton não venceu NENHUMA das oito partidas da Premier League em que atuou com quatro defensores. Inclusive, as únicas duas vitórias conquistadas pelos comandados de Gary O’Neil na competição, sobre Southampton e Fulham, além de dois dos três empates obtidos, foram jogando no 3-4-2-1.

Seja como for, outro fator crucial para a saída de Gary O’Neil foi a perda da confiança e do respeito no vestiário, principalmente depois da derrota por 2 a 1 diante do West Ham, em que o então treinador do Wolverhampton retirou a faixa de capitão de Mario Lemina em função do entreveiro do volante gabonês junto ao atacante oponente Jarrod Bowen. Ademais, a confusão entre Rayan Ait-Nouri e Matheus Cunha na última partida contra o Ipswich Town, apenas confirmou que a liderança de O’Neil já não existia mais no Molineux Stadium.

Deste modo, com um enorme incêndio no Molineux Stadium, Jorge Mendes reapareceu, desta vez, para garantir a contratação do sucessor de Gary O’Neil, Vítor Pereira, indicado por ele próprio à Jeff Shi e Matt Hobbs. Aliás, uma escolha que não agradou em nada os torcedores do Wolverhampton, acima de tudo em decorrência da falta de experiência do treinador português em dirigir clubes das cinco principais ligas europeias.

Clubes na carreira de Vítor PereiraPeríodo
FC PortoJul/2011 – Jun/2013
Al-AhliJul/2013 – Mai/2014
OlympiacosJan/2015 – Jun/2015
FenerbahceJul/2015 – Ago/2016
1860 MuniqueJan/2017 – Mai/2017
Shangai SIPGDez/2017 – Dez/2020
FenerbahceJul/2021 – Dez/2021
CorinthiansFev/2022 – Dez/2022
FlamengoJan/2023 – Abr/2023
Al-ShababFev/2024 – Dez/2024

Por sinal, é importante destacar que o desejo de Vítor Pereira sempre foi trabalhar na Premier League, algo que quase aconteceu em 2022, quando Jorge Mendes, sem êxito, tentou colocá-lo no Everton, que escolheu Frank Lampard para assumir o comando dos Toffees. Entretanto, dois anos depois o ex-treinador de Corinthians e Flamengo venceu a concorrência de Graham Potter, e desembarcou em solo inglês tendo a incumbência de salvar o Wolverhampton do primeiro descenso desde 2012.

A difícil caminhada de Vítor Pereira já começará contra um adversário direto na luta contra o rebaixamento, e que recentemente também trocou de treinador, como é o caso do Leicester. Posteriormente, os Wolves receberão o Manchester United e visitarão o Tottenham nos últimos dois complicadíssimos jogos do ano.

De qualquer forma, sob o auxílio de Jorge Mendes, o acordo com Vítor Pereira prevê a contratação de dois reforços de alto nível na próxima janela de janeiro, sendo um para a zaga e outro ao ataque, aproveitando o fato de que o Wolverhampton não enfrenta problemas junto ao PSR (programa de regras de lucro e sustentabilidade da Premier League), por obra das milionárias vendas de Matheus Nunes e Rúben Neves na última temporada.

Em todo o caso, diferentemente da renegada porém notória influência de Jorge Mendes no Wolverhampton, só saberemos ao certo se esta nova cartada do agente português salvará mais uma vez os Wolves ao término da temporada.

A ver!

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