A contundente vitória da Inter de Milão por 2 a 0 sobre a Atalanta no confronto direto pela liderança da Serie A em pleno estádio Atleti Azzurri d’Italia, não apenas rendeu mais três pontos aos Nerazzurri na ponta da tabela, como também serviu para mostrar quem continua mandando na Itália.
Embora liderando a Serie A com míseros três pontos de vantagem sobre o Napoli, ou seja, em condições completamente opostas em comparação ao título da última temporada em que os pupilos de Simone Inzaghi faturaram o 19º scudetto da história da Inter de Milão com cinco rodadas de antecedência e, pasmém, terminando a competição com 19 pontos de vantagem em relação ao vice-colocado Milan, é difícil imaginá-los perdendo esta batalha pelo bicampeonato.
Não à toa, por mais que 27 pontos ainda estejam em disputa até o término da Serie A, uma situação que deixaria qualquer liga em aberto a nove rodadas do fim, a realidade é que no momento o supercomputador da Opta Analyst aponta a Inter de Milão com 86,36% de chances de vencer o título italiano, contra 12% do Napoli, e somente 1,64% por parte da Atalanta.
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— Lega Serie A (@SerieA_BR) March 16, 2025
De qualquer maneira, a elevada taxa percentual da Opta Analyst serve como parâmetro para justificar a superioridade da Inter de Milão no certame do futebol italiano, oriunda do excelente trabalho desenvolvido pelo técnico Simone Inzaghi, que desde que desembarcou na capital da Lombardia em junho de 2021, implementou na equipe um novo DNA, cuja principal característica é a consistência baseada tanto na organização quanto na solidez defensiva.
É bem verdade que Simone Inzaghi foi inteligente ao manter na Inter de Milão o espírito coletivo trazido pelo antecessor Antonio Conte, e ao mesmo tempo foi beneficiado pelo fato de ser adepto do mesmo esquema tático do atual comandante do Napoli, como é o caso do 3-5-2, também utilizado pelo treinador de 48 anos de idade ao longo da ótima passagem pela Lazio entre 2015 e 2021.
Mas foi apenas isso, de resto toda a evolução dos Nerazzurri deve-se ao trabalho autoral de Simone Inzaghi, que apesar de ter sofrido duras perdas após a primeira temporada na Inter de Milão em virtude das saídas de Edin Dzeko, Romelu Lukaku, Andre Onana, Milan Skriniar e Marcelo Brozovic, ainda foi capaz de conduzí-la ao título da Serie A no ano seguinte.
Já nesta temporada, por exemplo, somente Piotr Zielinski e Mehdi Taremi foram contratados pela Inter de Milão, ambos à custo zero em razão do encerramento dos seus respectivos vínculos contratuais. Entretanto, mesmo competindo com Juventus (193), Napoli (151), Milan (121), Roma (107) e Atalanta (104), isto é, clubes que investiram mais de 100 milhões de euros em reforços nesta edição da Serie A, são os atuais campeões italianos que lideram a classificação.
Simone Inzaghi está a 97 dias de ultrapassar Roberto Mancini como o técnico mais longevo da Inter em uma única passagem desde Giovanni Trapattoni, no final dos anos 80 e início da década de 90.
Ao montar uma equipe vertical, flexível, fluida e ofensiva, Simone Inzaghi caiu rapidamente nas graças dos torcedores interistas depois da ingrata missão de substituir Antonio Conte, campeão da Serie A antes de deixar o clube em 2021. Aliás, a imprevisibilidade dos jogadores que trocam de posição de forma constante com os zagueiros subindo ao meio-campo, os meio-campistas abrindo pelos lados do campo, e os atacantes recuando a fim de atrair a marcação, além de abrir espaços, é o ponto de destaque desta Inter de Milão.
Na fase defensiva, o 3-5-2 se converte a um 5-3-2, no qual os alas Denzel Dumfries e Federico Dimarco recompõe uma linha de cinco homens junto dos três zagueiros, enquanto no meio-campo Nicolò Barella, Hakan Çalhanoglu e Henrikh Mkhitaryan ficam encarregados da marcação depois, é claro, do adversário passar pela primeira linha formada pelos atacantes Lautaro Martínez e Marcus Thuram. Por sinal, a Inter de Milão não costuma pressionar a saída de bola, optando por se posicionar no campo de defesa para recuperá-la.
Deste modo, sob a batuta de Simone Inzaghi a Inter de Milão se notabilizou por ser um time organizado, forte ofensivamente e sólido na parte defensiva, sendo capaz de brigar em todas as frentes nessa temporada, já que além da Serie A, os Nerazzurri também são semifinalistas da Coppa Italia, onde enfrentarão o rival Milan — lembrando que o outro confronto envolve Bologna x Empoli —, e quadrifinalistas da Champions League. A propósito, o único clube italiano ainda presente no torneio continental.
Pela segunda vez nos últimos três anos a Inter de Milão chega nas quartas-de-final da Champions League, depois de não ter se classificado para essa fase do torneio nas 11 temporadas anteriores.
Dona da melhor defesa da Champions League, a Inter de Milão sofreu apenas dois gols nos dez jogos disputados até aqui, sustentando uma incrível marca de 8 compromissos sem ser vazada. Ademais, é importante destacar que os italianos ficaram míseros 285 segundos em desvantagem numa partida ao longo da competição, uma vez que o tento da derrota pelo placar mínimo diante do Bayer Leverkusen ocorreu nos acréscimos.
Logo, isso explica porque os Nerazzurri finalizaram a fase de liga da Champions League com a quarta melhor campanha dentre os 36 clubes que iniciaram o torneio. Como resultado, eles avançaram diretamente às oitavas-de-final, façanha que os conterrâneos Milan, Juventus e Atalanta não conseguiram ao caírem na repescagem. E por já ter superado o Feyenoord no primeiro estágio do mata-mata, a Inter de Milão enfrentará o Bayern de Munique nas quartas-de-final, reeditando a decisão da histórica temporada da tríplice coroa em 2010.
E ainda que sem o glamour da equipe na época comandada por José Mourinho, a Inter de Milão, de Simone Inzaghi, tem plenas condições de repetir aquele memorável feito quinze anos depois.