Apesar da acentuada queda de rendimento do Manchester City na temporada 2024-25, todos os quadrifinalistas da FA Cup queriam escapar de um confronto contra os Citizens no torneio. Por este motivo, o sorteio também acabou definindo o Bournemouth como o grande azarado das quartas-de-final.
Por sinal, uma FA Cup que pode entrar na história com um inusitado campeão, assim como ocorreu recentemente na Copa da Liga com o Newcastle erguendo o caneco pela primeira vez na história. E tudo porque o Manchester City é o único sobrevivente do bloco Big Six ainda presente na competição mais antiga do futebol mundial, visto que Liverpool, Manchester United, Arsenal e Chelsea, que levantaram o troféu em 19 dos últimos 25 anos, já foram eliminados.
Consequentemente, aquela propensão de qualquer fã de futebol torcer sempre ao time azarão aumentou nessa temporada da FA Cup em que o Crystal Palace pode se tornar o 45º campeão diferente, o Aston Villa pode dar a primeira volta olímpica no torneio desde 1957, e o Nottingham Forest encerrar o jejum de 66 anos sem vencê-lo, o que significa que o desejo pelo insucesso do Manchester City é ainda maior do que o habitual em relação à equipe que costuma empilhar troféus de forma constante.
Dentre os 44 clubes da primeira e segunda divisões inglesas, o Manchester City é o terceiro que não comemora um título há mais tempo (316 dias), atrás de Newcastle (15) e Manchester United (310).
Em contrapartida, nem a união de todas as torcidas inglesas — é claro, com exceção a do Manchester City — foi capaz de impedir a classificação dos comandados de Pep Guardiola às semifinais da FA Cup, em função da vitória sobre o Bournemouth por 2 a 1, de virada, em pleno Vitality Stadium. Aliás, uma atuação elogiada pelo treinador espanhol, dada a intensidade e a combatividade do time, isto é, aspectos que tanto faltaram ao longo da temporada.
Na realidade, Pep Guardiola aponta o excessivo número de lesões, bem como a falta de energia, como os fatores responsáveis pelo declínio do Manchester City na temporada. Em outras palavras, constatações que se justificaram no triunfo sobre o Bournemouth em que os atuais tetracampeões ingleses tiveram forças para reverter a desvantagem de 1 a 0 no primeiro tempo, através de uma brilhante apresentação na etapa final da partida, onde eles não sofreram um único arremate no gol.
A propósito, apenas um detalhe contradiz a afirmação de Pep Guardiola no decorrer de toda a caótica temporada do Manchester City, tendo em vista que ele escalou Mateo Kovacic, Bernardo Silva, Ilkay Gundogan e Kevin De Bruyne como titulares para encarar o Bournemouth, ou seja, o quarteto de veteranos do City que deixa a equipe mais lenta e “sem pernas” em campo.
De qualquer maneira, foi com eles que o Manchester City virou o marcador e retornou do Vitality Stadium com a classificação na bagagem. Todavia, como aspectos negativos se destacam a má atuação de Erling Haaland, que embora tenha feito um gol, perdeu um pênalti no começo do jogo e ainda saiu de campo machucado. Além dele, o improvisado lateral-direito Matheus Nunes foi, certamente, o pior jogador da partida mais uma vez do lado dos Citizens.
Heading to Wembley after our comeback win against Bournemouth in the FA Cup ????
— Manchester City (@ManCity) March 31, 2025
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Vale ressaltar ainda, que dentre os quatro reforços contratados pelo Manchester City na janela de transferências de janeiro, somente o zagueiro Abdukodir Khusanov iniciou a partida, a julgar que tanto Nico González quanto Omar Marmoush entraram em ação no segundo tempo, lembrando que o atacante egípcio marcou o gol da vitória dois minutos após substituir o Erling Haaland.
Consequentemente, o Manchester City disputará as semifinais da FA Cup pela SÉTIMA temporada seguida, sendo nada menos do que a oitava nos nove anos sob a liderança de Pep Guardiola, ou seja, números que se sobressaem ao considerarmos que os Citizens foram semifinalistas do torneio em 20 oportunidades até hoje, já levando em conta esta atual edição.
Antes da chegada de Pep Guardiola, o Manchester City havia sido semifinalista da FA Cup 12 vezes em 121 anos. Já com o treinador espanhol, são oito semifinais em nove temporadas.
Mas apesar do ótimo retrospecto, é importante destacar que nestas últimas seis semifinais consecutivas o Manchester City avançou à decisão da FA Cup três vezes, e se sagrou campeão em duas delas, sendo a primeira contra o modesto Watford ao derrotá-lo por 6 a 0 em 2019, e na temporada retrasada ao vencer por 2 a 1 o clássico frente do Manchester United, que deu o troco no ano seguinte em Wembley, inclusive pelo mesmo resultado.
Seja como for, ainda que a FA Cup tenha uma relevância maior em meio a turbulenta fase do Manchester City, vencê-la não salvaria a temporada em razão dos altos padrões estabelecidos por Pep Guardiola, somados ao simbólico valor que o título do torneio tem aos demais semifinalistas, afinal, os Citizens não parariam a cidade para receber os campeões como fez a torcida do Newcastle para festejar a Copa da Liga, e também fariam os torcedores de Nottingham Forest, Aston Villa e Crystal Palace.
À vista disso, o principal objetivo do Manchester City continua sendo vencer a intensa batalha pela vaga no G-5 da Premier League, na qual cinco clubes brigam diretamente para garantí-la, tanto é, que a distância do quinto ao décimo colocado é de míseros quatro pontos. Ademais, uma possível ausência na Champions League seria um verdadeiro caos financeiro e esportivo ao clube que a disputa ininterruptamente desde 2011.
Em todo o caso, 180 minutos separam o Manchester City da oitava taça da FA Cup, o que não seria nada mal na pior temporada do City na era Guardiola, exceto aos adversários.