Japão carimba vaga na Copa de 2026, onde espera acabar com a sina das oitavas

A vitória por 2 a 0 sobre o selecionado do Bahrein, rendeu ao Japão a vaga na Copa do Mundo de 2026, nos Estados Unidos, Canadá e México, o colocando como o primeiro país não-sede a se classificar no torneio.

Deste modo, após disputar as últimas sete edições da Copa do Mundo, o Japão partipará da maior competição entre seleções pela oitava vez consecutiva. Ou seja, um dado que demonstra a enorme evolução por parte dos Samurais Azuis, que estrearam em Mundiais somente em 1998, o que significa que desde então eles não ficaram mais de fora.

Por sinal, vale ressaltar que esta mais recente classificação do Japão veio através de uma campanha de 100% de aproveitamento nas Eliminatórias Asiáticas (AFC), em função das seis vitórias conquistadas nas seis partidas realizadas na 1ª fase do qualificatório, lembrando que os japoneses balaçaram as redes em 24 oportunidades e não foram vazados uma única vez neste período.

Grupo BJogosPtsV-E-DGols M-S
1º Japão6186-0-024-0
2º Coreia do Norte693-0-311-7
3º Síria672-1-39-12
4º Mianmar610-1-53-28

Obviamente, aqueles mais críticos, que se juntam aos que só acompanham resultados, afirmarão que a classificação do Japão é decorrente do baixo nível técnico das seleções que compõe as Eliminatórias Asiáticas, o que não deixa de ser verdade mas, antes de tudo, é necessário reconhecer o excelente trabalho feito pelo Japão nos últimos anos, em especial sob o comando de Hajime Moriyasu, a julgar pela notável evolução dos Samurais Azuis.

Soma-se a isso, o fato do desenvolvimento da J-League, que só não é a liga mais forte do continente asiático em virtude dos elevadíssimos investimentos da Saudi Pro League, da Arábia Saudita. Contudo, a liga japosena segue revelando novos jogadores e contratando treinadores estrangeiros a fim de manter no país o futebol de mais alto nível no que diz respeito a parte tática e abordagem de jogo, embora o esporte coletivo mais popular no Japão ainda seja o beisebol.

Outro detalhe não menos relevante é que o Japão passou a contar com muitos atletas naturalizados de origem japonesa, algo decorrente da influência multicultural no país que teve quatro “hafus” (meio-japoneses) o representando nas Olimpíadas de 2024. Como resultado, um dos maiores problemas da seleção nipônica que era a baixa estatura dos goleiros foi resolvido com a convocação do norte-americano Zion Suzuki, do Parma, cuja altura é 1,90m.

A propósito, somente analisando a convocação dos Samurais Azuis nessa última Data Fifa, constatei que 15 jogadores atuam nas cinco principais ligas europeias. Logo, apenas através deste dado já podemos classificá-los entre as seleções de segundo escalão do futebol mundial, pois é exatamente neste critério que, por exemplo, se enquadram Dinamarca, Croácia, Suíça, Bélgica, Colômbia e Uruguai.

Inclusive, nessa análise não entram importantes figuras como o zagueiro Ayumu Seko, do Grasshoppers (SUI), os meias Ao Tanaka e Joel Chima Fujita, de Leeds United e St. Truiden (BEL), respectivamente, além da dupla de atletas do Celtic composta por Reo Hatate e Daizen Maeda. De resto, somente cinco convocados defendem equipes da J-League.

Aliás, dentre os destaques do Japão se incluem jogadores da Premier League, como são os casos do capitão da seleção asiática Wataru Endo, do Liverpool, do atacante Kaoru Mitoma, do Brighton, e do meia Daichi Kamada, do Crystal Palace, lembrando que o lateral Takehiro Tomiyasu, do Arsenal, foi cortado da última convocatória de Hajime Moriyasu em função de uma lesão.

Ademais, a Bundesliga também se apresenta repleta de atletas da seleção japonesa, vide os exemplos de Hiroki Ito, zagueiro do Bayern de Munique, Ko Itakura, do Borussia Monchengladbach, Ritsu Doan, do Freiburg, além do atacante do Holstein Kiel, Shuto Machino. E se incluirmos os demais que atuam na La Liga, Ligue 1, Serie A, e mesmo em clubes relevantes como Sporting CP e Celtic, compreendemos melhor a força do Japão.

Não à toa, a atual geração do Japão é, certamente, a melhor do país em todos os tempos, com muitos remanescentes da Copa do Mundo de 2022, na qual os Samurais Azuis derrotaram as seleções de Alemanha e Espanha, ambas por 2 a 1 na fase de grupos, e só não avançaram às quartas-de-final devido ao revés nas penalidades diante da Croácia. Já entre 2023 e 2024, eles ainda embalaram uma série de dez vitórias seguidas, incluindo a goleada por 4 a 1 sobre os alemães num amistoso em plena Volkswagen Arena.

Deste modo, o principal desafio dos japoneses no Mundial da América do Norte será acabar com a sina das oitavas-de-final, isso porque eles jamais superaram este estágio do torneio ao longo da história. Dentre as sete presenças em Copas, três quedas ocorreram na fase inicial (1998, 2006 e 2014), ao passo que quatro aconteceram logo no primeiro mata-mata (2002, 2010, 2018 e 2018). Aliás, nas últimas duas edições o Japão estava vencendo belgas e croatas, mas acabou perdendo da Bélgica nos acréscimos e da Croácia nos pênaltis.

Diante deste cenário, tanto o crescimento, quanto o alto grau de competitividade dos comandados de Hajime Moriyasu, que é produto do modelo de jogo posicional, técnico e intenso, baseado no coletivismo e na objetividade, pode fazer a seleção do Japão alçar vôos mais altos na próxima Copa do Mundo.

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