Ao se despedir de 2024 na 5ª colocação da tabela das Eliminatórias da Conmebol, em meio aos amargos empates em 1 a 1 contra Venezuela e Uruguai, Dorival Júnior sabia perfeitamente que a primeira Data Fifa deste novo ano seria crucial para definir o seu rumo à frente da Seleção Brasileira.
Apesar de ter assumido o posto antes ocupado de maneira provisória por Fernando Diniz apenas no início de 2024, a pressão sobre Dorival Júnior era enorme por conta do pífio futebol praticado pelo Brasil, somado a decepcionante campanha na Copa América, em que os pentacampeões mundiais caíram frente o Uruguai nas quartas-de-final, ao perderem nos pênaltis depois do empate sem gols no tempo regulamentar.
A propósito, a queda diante do Uruguai ficou marcada pela patética cena de Dorival Júnior, excluído da roda feita pelos atletas antes das cobranças das penalidades, pedindo permissão para falar através do gesto de levantar o dedo, e sendo ignorado pelos jogadores. Ali, ficou claro que a Seleção Brasileira era muito grande ao ex-treinador do São Paulo, que não tinha autoridade alguma sobre o grupo, por mais que ele tenha negado veementemente essa constatação.
Dorival Júnior no comando da Seleção Brasileira:
— Sofascore Brasil (@SofascoreBR) March 26, 2025
⚔️ 16 jogos
???? 7V – 7E – 2D
???? 58.3% aproveitamento
⚽️ 25 gols
???? 17 gols sofridos
???? 38 grandes chances (24 perdidas)
???? 24 grandes chances cedidas
???? 212 finalizações
⚠️ 167 finalizações sofridas
⏳ 58.6% posse de bola… pic.twitter.com/rKBuBxpCOV
Ainda assim, a sem comando, CBF (Confederação Brasileira de Futebol), liderada pelo incompetente Ednaldo Rodrigues, decidiu manter Dorival Júnior no cargo, depositando todas as suas fichas na primeira Data Fifa de 2025, em que o Brasil enfrentaria as seleções de Colômbia e Argentina, que inclusive já haviam derrotado os Canarinhos no turno inicial das Eliminatórias.
Deste modo, a vitória da Seleção Brasileira sobre a Colômbia em Brasília, cujo principal responsável foi o craque Vinícius Júnior, que depois de sofrer um pênalti no começo da partida, ainda marcou o decisivo gol do triunfo por 2 a 1 aos 54 minutos do segundo tempo. Contudo, um placar injusto considerando a superioridade por parte dos colombianos na maior parte do jogo.
De qualquer maneira, um resultado suficiente para mais uma vez Dorival Júnior sustentar a narrativa de que o Brasil seguia evoluindo jogo a jogo, e que as dificuldades encontradas faziam parte do processo rumo à Copa de 2026. Obviamente, um discurso enganoso para aliviar a enorme pressão sobre si, tendo em vista que o progresso da equipe foi absolutamente nulo no decorrer dos 16 jogos sob o seu comando.
No entanto, como a mentira tem perna curta, a realidade da Seleção Brasileira foi escancarada da pior forma possível, isto é, por intermédio da goleada por 4 a 1 sofrida para a Argentina no Monumental de Núñez, que resultou na primeira derrota do Brasil em solo argentino pelas Eliminatórias desde 2005, bem como o pior revés ante a Albiceleste nos últimos 65 anos (4 a 1, em 1959).
Esta foi a primeira vez que o Brasil perdeu os jogos de ida e volta para o mesmo adversário na história das Eliminatórias.
Aliás, uma duríssima derrota que teve a assinatura de Dorival Júnior, a começar pela formação tática escolhida para enfrentar a atual campeã mundial, na qual somente André e Joelinton foram escalados no meio-campo, quer dizer, o setor mais forte da Argentina onde atuaram Leandro Paredes, Rodrigo De Paul, Alexis Mac Allister, Enzo Fernández, Thiago Almada, e por vezes até o atacante Julián Alvarez, que costuma volta para buscar jogo ou recompor a marcação, dada a sua mobilidade.
Por este motivo, literalmente tendo 6 contra 2, o meio-campo da Argentina engoliu o do Brasil, cuja estratégia era pressionar a saída de bola com os quatro homens de frente, como foram os casos de Vinícius Júnior, Rodrygo, Matheus Cunha e Raphinha. Acontece, que assim que os argentinos superavam a primeira linha de marcação dos brasileiros, eles tinham campo livre para jogar. Isso explica o resultado que ficou no lucro aos comandados de Dorival Júnior.
Soma-se a isso, o fato de que a Argentina é uma seleção pronta, que vive um ciclo pra lá de vitorioso desde a conquista da Copa América de 2021, ao passo que o Brasil é um verdadeiro catado, oriundo das constantes convocações realizadas por Dorival Júnior, que jamais definiu um padrão tático, tampouco uma formação titular ao time, agindo sempre na base de tentativa e erro.
O Brasil não sofria uma derrota por quatro ou mais gols desde o 7 a 1 da Alemanha na Copa de 2014. Já a nível sul-americano há 28 anos, quando perdeu do Chile por 4 a 0.
Nesta Data Fifa, por exemplo, Dorival Júnior escalou João Pedro como titular contra a Colômbia, porém como o atacante do Brighton pouco produziu pelo fato da bola não chegar ao ataque, ele o sacou da equipe para escalar Matheus Cunha, que havia entrado bem em Brasília por ter encontrado um cenário mais favorável em que os colombianos já estavam desgastados fisicamente.
Entretanto, isso já bastou para Dorival Júnior excluir João Pedro que nem entrou em campo na capital argentina, uma vez que o técnico de 62 anos de idade preferiu promover a entrada de Endrick no segundo tempo. Sim, o jovem atleta do Real Madrid que nem havia sido convocado nessa lista, mas acabou sendo chamado de última hora devido a lesão de Neymar.
E assim foi durante toda a passagem de Dorival Júnior pela Seleção Brasileira, pois cadê Luiz Henrique, que chegou a balançar as redes nas partidas contra Chile e Peru nas próprias Eliminatórias? Só porque ele foi ao Zenit não merece mais chances? Cadê Andreas Pereira? Igor Jesus? Gabriel Martinelli? Lucas Beraldo? Faço essas perguntas porque todos estavam sendo constantemente convocados e, do nada, sumiram.
Vale ressaltar ainda, que nem a questão referente ao pouco tempo de preparação pode ser usado como desculpa por Dorival Júnior, vide os 20 dias que ele teve para ajustar a Seleção Brasileira durante a Copa América, e nada fez. Consequentemente, o Brasil se despede desta Data Fifa com 31 gols sofridos nos 25 jogos disputados pós-Copa do Mundo de 2022, ou seja, um tento a mais em comparação aos 30 que foram levados nos 81 compromissos da “era Tite”.
Em 17 jogos à frente da Seleção Brasileira, Dorival Júnior já utilizou o montante de 44 jogadores diferentes em campo. Destes, Bruno Guimarães foi o mais usado com 15 aparições.
Para piorar a situação, não posso deixar de citar a declaração de Raphinha às vésperas do clássico em Núñez, visto que não sou contra o fato de qualquer jogador polemizar fora de campo através de uma entrevista, porém que depois as promessas se cumpram, né!? Na verdade, o que vimos foi o leão que tanto falou virar um gatinho assim que a bola começou a rolar, e aqueles que miam bem fino. Se fosse pra pipocar, era muito mais inteligente não dizer nada.
Seja como for, Raphinha é só mais uma vítima da Seleção Brasileira na atualidade, em que nenhum jogador consegue repetir as boas atuações dos clubes em função da falta de organização, de um plano de jogo, e do entrosamento que nunca vem mediante tantas trocas nas escalações. Não à toa, sete titulares que enfrentaram a Argentina tinham menos de 15 jogos defendendo as cores do Brasil (Bento, Wesley, Murillo, Joelinton, Guilherme Arana, André e Matheus Cunha).
Isto posto, o futuro de DORIVAL JÚNIOR é certo, ele NÃO PERMANECERÁ NO COMANDO DA SELEÇÃO BRASILEIRA, sobretudo porque Ednaldo Rodrigues não suportará a enorme pressão da opinião pública. Ao longo da transmissão da partida, enquanto o Brasil era atropelado pela Argentina, já foi possível notar os comentaristas praticamente demitindo o treinador que poderá estar integrando a fila do desemprego até a postagem deste artigo.
À vista disso, a pergunta que do momento é: quem será o sucessor de Dorival Júnior? Na minha opinião, é fundamental que a Seleção Brasileira encontre um treinador com bagagem, dono de um currículo extenso, experiente e multi-campeão, especialmente porque estamos a 14 meses do Mundial da América do Norte. Então, minha aposta seria em Jorge Jesus, que terá o vínculo contratual junto ao Al-Hilal encerrado neste meio de ano, e tem profundo conhecimento do futebol tupiniquim.
Caso contrário, o presente da Seleção Brasileira, digno da gestão de Ednaldo Rodrigues, se espelhará no futuro. A ver!