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A longa distância de 11 pontos em relação à liderança da Premier League a sete rodadas do término do campeonato, somada a precoce eliminação na FA Cup, obrigaram o Arsenal a depositar todas as suas fichas na Champions League nesta reta final de temporada.

A propósito, isso explica a enorme mobilização por parte do Arsenal no decorrer dos dias que antecederam o primeiro embate contra o Real Madrid pelas quartas-de-final da Champions League através, por exemplo, da abertura dos portões do Emirates Stadium mais cedo do que o habitual para que os torcedores aproveitassem algumas promoções como cerveja em dobro, onde na compra de um copo eles ganhavam dois, ou a entrega de kits referentes ao jogo.

Soma-se a isso, o pedido do técnico Mikel Arteta na entrevista coletiva pré-jogo cobrando o apoio maciço da torcida. Em outras palavras, elementos que evidenciavam claramente a enorme importância que a primeira classificação do Arsenal às semifinais da Champions League em 16 anos representava ao clube do norte de Londres.

Deste modo, atendendo as solicitações do treinador espanhol os 60.000 torcedores presentes no Emirates Stadium criaram uma atmosfera absolutamente indescritível e jamais antes vista numa noite de Champions League vivenciada pelo Arsenal, nem mesmo na histórica vitória pelo placar mínimo sobre o Villarreal nas semifinais de 2006 no antigo Highbury, tampouco na qualificação frente o Porto nas oitavas-de-final da temporada passada.

Pois é, e da mesma forma que a torcida fez a sua parte fora de campo, os jogadores superaram totalmente as expectativas dentro das quatro linhas, visto que o Arsenal deu um verdadeiro baile no Real Madrid, ignorando o fato das seis taças erguidas pelos espanhóis desde a última aparição dos ingleses nas semifinais da Champions League. Não por um acaso, o triunfo por 3 a 0 acabou sendo injusto em meio a primorosa atuação dos Gunners, sob provocativos ou manifestos cânticos de: “Are You Tottenham in Disguise” (Você é o Tottenham disfarçado).

Para se ter uma ideia, onze dos 12 arremates disparados pelo Arsenal ao longo da partida acertaram a meta de Thibaut Courtois, o que equivale a nada menos que 91% de finalizações certas. Vale ressaltar ainda, que em outras duas oportunidades que o goleiro belga foi superado as redes do Real Madrid não balançaram porque David Alaba e Jude Bellingham salvaram a bola encima da linha.

Ademais, Thibaut Courtois realizou 4 grandes intervenções no decorrer do jogo, mas não foi capaz de defender as duas magistrais faltas cobradas por Declan Rice, além do despretensioso chute do oportunista Mikel Merino, que vem cumprindo muito bem a função de atacante improsivado, vide os oito gols assinalados por ele na temporada, com três deles marcados nos últimos quatro compromissos do Arsenal.

À vista disso, o Real Madrid que tanto se preocupou com a eficiente bola parada indireta do Arsenal, acabou sofrendo dois tentos por intermédio de jogadas diretas. Por sinal, estes foram os primeiros gols de falta feitos por Declan Rice até aqui na carreira, algo que chama bastante a atenção devido a qualidade de ambas. Consequentemente, o camisa 41 se tornou o único jogador a acertar duas cobranças em um jogo mata-mata de Champions League.

Contudo, a realidade é que a vitória do Arsenal foi tão contundente que, se fôssemos aqueles jornais que avaliam a partida de cada um dos jogadores, daríamos notas altas para todos, pois apesar da série de desfalques nos setores de defesa e de ataque com as ausências dos zagueiros Gabriel Magalhães e Riccardo Calafiori, além dos atacantes Kai Havertz e Gabriel Jesus, os Gunners, literalmente, não tomaram conhecimento do poderoso Real Madrid.

Destaque para o zagueiro Jakub Kiwior, que já havia feito um ótimo jogo ao substituir Gabriel Magalhães na rodada passada da Premier League contra o Everton, e ao lateral-esquerdo Myles Lewis-Skelly, o segundo inglês mais jovem a disputar uma partida de quartas-de-final de Champions League no auge dos 18 anos de idade, estando somente atrás de Jude Bellingham.

Por fim, não poderíamos deixar de enaltecer o líder do atual projeto esportivo do Arsenal, Mikel Arteta, decerto o principal responsável pela ascensão dos Gunners ao conduzí-los às quartas-de-final da Champions League após longas seis temporadas de ausência, e já no ano seguinte fazê-los, muito provavelmente, semifinalistas da competição em virtude da vitória mais especial do clube e do próprio treinador numa noite europeia.

Pois é, por mais que o Arsenal tenha conquistado uma confortável vantagem de 3 a 0 no Emirates Stadium, a vaga nas semifinais só não deve ser confirmada porque do outro lado está o Real Madrid e, é claro, toda a sua mística na Champions League, sobretudo no estádio Santiago Bernabéu, palco de grandes viradas ao longo da história.

Seja como for, ainda que o ponteiro do relógio costume girar de maneira lenta no Santiago Bernabéu, a realidade é que os noventa minutos que separam o Arsenal das semifinais da Champions League são, infinitamente, mais curtos do que os do Real Madrid.

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