Pela 13ª vez em 54 anos de fundação, sendo a quarta de forma consecutiva, o Paris Saint-Germain faturou o título da Ligue 1, sustentando a dinastia que o isola ainda mais como o maior campeão francês de todos os tempos.
E apesar da Ligue 1 ser composta por 34 rodadas, o PSG precisou de apenas 28 para confirmar o tetracampeonato francês em virtude da avassaladora campanha de 88% de aproveitamento, na qual os parisienses permanecem invictos somando 23 vitórias, 5 empates, 80 gols marcados e 26 sofridos, sendo donos tanto do melhor ataque quanto da melhor defesa da competição.
Sim, é verdade que o PSG continua sendo um clube-Estado, cujo orçamento é abruptamente superior em comparação aos demais adversários no certame do futebol francês. Não à toa, o time que havia erguido o caneco da Ligue 1 em duas oportunidades até o governo do Catar adquiri-lo em 2011, venceu nada menos que onze das 14 edições do campeonato desde então.
À vista disso, ganhar a Ligue 1 tornou-se uma espécie de obrigação ao PSG, e ao mesmo tempo a sua conquista passou a ser não suficiente para satisfazer os torcedores parisienses, dada a crescente obsessão pela Champions League. Diante de todo este contexto, a realidade é que o título desta temporada tem um significado totalmente diferente aos tetracampeões franceses.
CHAMPIONS DE FRANCE ????❤️???? pic.twitter.com/QpmnKugG4V
— Paris Saint-Germain (@PSG_inside) April 5, 2025
A começar porque este tetracampeonato da Ligue 1 se destaca como o início de uma nova era no Parque dos Príncipes, já que o Paris Saint-Germain adotou a filosofia de não investir mais em contratações de grandes estrelas do mundo da bola como aconteceu ao longo da administração da QSI (Qatar Sports Investments). Inclusive, essa temporada é marcada pela saída do último dos remanescentes, Kylian Mbappé.
Pois é, ainda que com os constantes alertas de Mauricio Pochettino e Christophe Galtier dizendo que o rendimento do PSG era decepcionante na Champions League porque Lionel Messi, Neymar e Kylian Mbappé não participavam da fase defensiva da equipe, foi somente na temporada passada que os parisienses, enfim, abriram mão da qualidade individual em prol da parte coletiva e, de quebra, acertaram em cheio ao contratar o técnico Luis Enrique.
Em baixa devido a campanha aquém das expectativas da Espanha na Copa do Mundo de 2022, Luis Enrique desembarcou em solo francês com a difícil missão de liderar a nova cultura parisiense, ainda com Kylian Mbappé no Parque dos Príncipes. Rígido como sempre, o experiente treinador de 54 anos de idade conduziu o PSG ao título da Ligue 1 logo em sua primeira temporada no clube, quando aos poucos foi diminuindo a minutagem do ex-camisa 7 para preparar o time sem a sua presença.
???? Luis Enrique, campeón invicto con el PSG ????
— MARCA (@marca) April 5, 2025
Atento a los números, de absoluta leyenda de los banquillos ???? pic.twitter.com/ZaNdcBZdHS
Como resultado, o PSG iniciou a atual temporada com padrões táticos já estabelecidos, e Luis Enrique precisando apenas intensificar as adaptações dos recém-contratados João Neves, William Pacho e Désiré Doué. A propósito, isso explica porque a equipe francesa demorou um certo tempo pra engrenar, período este, em que ocorreram derrotas para Arsenal, Atlético de Madrid e Bayern de Munique, que quase comprometeram a sua caminhada na Champions League.
Ainda assim, por mais que Monaco, Lille e Brest realizassem campanhas dignas na Champions League, e o renovado Olympique de Marselha estivesse praticando um ótimo futebol sob o comando de Roberto De Zerbi, o Paris Saint-Germain se manteve invicto na Ligue 1 e, consequentemente, se isolava na liderança da tabela à medida que estes adversários tiravam pontos uns dos outros.
Contudo, foi depois da vitória de virada por 4 a 2 sobre o Manchester City na Champions League que o Paris Saint-Germain embalou pra valer na temporada, o que só ficou transparecido ao grande público na classificação sobre o Liverpool nas oitavas-de-final do torneio continental, em que os franceses confirmaram a vaga em pleno estádio de Anfield, após a injusta derrota pelo placar mínimo no Parque dos Príncipes.
Com dez títulos da Ligue 1 no currículo, o zagueiro Marquinhos igualou o número de conquistas do Saint-Étienne, o segundo clube mais vezes campeão francês.
Deste modo, sem nenhuma grande estrela no time que ainda se reforçou com a vinda de Khvicha Kvaratskhelia na janela de transferências de janeiro, Luis Enrique montou um PSG dinâmico e pra lá de competitivo, desenvolvendo assim o trabalho mais autoral na carreira, até mais em relação ao realizado no Barcelona, pois de acordo com a mídia catalã o trio MSN se formou naturalmente em meio a extrema qualidade de Lionel Messi, Neymar e Luis Suárez.
Vale ressaltar que o ponto determinante para o sucesso de Luis Enrique no PSG foi convencer os jogadores a acreditarem no seu trabalho. É fato que qualquer time evolui ao comprar a ideia e confiar no seu treinador, e é exatamente isso que está acontecendo no Parque dos Príncipes, a julgar pela mudança de mentalidade dos atletas que não desistem em campo, e independente da situação correm sem baixar o ritmo até o final dos jogos, vide o exemplo da própria vitória em Anfield.
Isto posto, fica evidente porque este PSG, de Luis Enrique, é o melhor da era QSI, algo que torna este título francês o mais especial dentre os demais conquistados pelos parisienses, lembrando que ele ainda pode entrar pra história como o primeiro invicto na Ligue 1. A ver!