O Monaco enfim confirmou o que todos já estavam prevendo há semanas, e consagrou-se campeão da Ligue 1 (campeonato francês) acabando de uma vez por todas com a hegemonia do então tetracampeão PSG. O time do consulado ergue a taça do campeonato dezessete anos depois de sua última conquista, e tudo graças ao excelente trabalho do técnico português Leonardo Jardim, que apesar do baixo orçamento em comparação aos grandes clubes europeus, foi capaz de montar uma equipe extremamente competitiva e levá-la ao sucesso na temporada.
Ao entrar no gramado do estádio Luís II contra o Saint-Éttiene na tarde de ontem, para realizar o jogo atrasado da 31ª rodada da Ligue 1, os anfitriões só precisavam de um simples empate para garantir o título da competição, algo que não acontecia desde a temporada 1999/00. Jogando um futebol envolvente, ofensivo e com uma intensidade impressionante, como fez durante toda a campanha, o Monaco não encontrou dificuldades e com gols da jovem revelação Kylian Mbappé e do atacante Valère Germain, venceu o embate por 2 a 0. Somando mais esse triunfo no campeonato, o time do consulado chegou aos 92 pontos ganhos, e mesmo restando uma rodada para o término da liga, a equipe de Leonado Jardim não pode mais ser alcançada pelo vice-líder PSG, que contabiliza 86 pontos. Colecionando 29 vitórias, 5 empates e somente 3 derrotas em 37 partidas realizadas, o Monaco obtém um aproveitamento de 82,9%, ou seja, a melhor performance da Ligue 1, por isso, diante destes números podemos afirmar com total convicção que a conquista monegasca é inquestionável.
O ponto forte dos comandados de Leonardo Jardim durante a longa temporada, foi o seu poderoso ataque, que só na Ligue 1, conseguiu a façanha de chegar aos 104 gols, lembrando que a competição só terminará no próximo sábado, quando o Monaco visitará o Rennes (9º colocado) no estádio Roazhon Park, desse modo, é praticamente certo afirmar que mais gols virão. A eficiência do setor defensivo também não poderia deixar de ser enfatizada, tanto é, que a defesa do time do consulado foi vazada apenas 29 vezes no campeonato, permanecendo somente atrás do PSG, líder neste quesito com 26 gols sofridos. Chama a atenção o desempenho da equipe tanto dentro quanto fora de casa, afinal, o Monaco, melhor mandante da liga francesa, perdeu uma única vez no estádio Luís II, conquistando 52 pontos diante de sua torcida (17 vitórias, 1 empate e 1 derrota), enquanto fora de seus domínios, o clube que tem o Príncipe Allbert II como o mais famoso torcedor, registrou o montante de 40 pontos (12 vitórias, 4 empates e 2 derrotas), e caso vença o compromisso frente o Rennes na última rodada, será também o melhor visitante do torneio.
Acredito que o maior responsável pela conquista monegasca, é sem sombra de dúvidas o treinador Leonardo Jardim. O jovem comandante português de 42 anos de idade, iniciou sua trajetória como técnico no Camacha (pequena equipe portuguesa) em 2001, quando ainda tinha 27 anos. Por conta de seu bom trabalho ele foi contratado pelo Desportivo de Chaves em meados de 2007, e levou o time do norte de Portugal à Segunda Divisão do campeonato nacional. Posteriormente, já dirigindo o Beira-Mar, Leonardo Jardim obteve seu segundo acesso na carreira, porém desta vez, para a divisão de elite do futebol português. Depois disso, Jardim teve uma breve passagem pelo Sporting Braga até chegar ao Olympiakos, com o qual assinou um vínculo de dois anos. Mesmo vencendo o campeonato grego ele foi demitido após vivenciar um romance com a mulher do então presidente do clube. Em seguida retornou ao seu país para assumir o Sporting Lisboa e na única temporada em que esteve à frente do time de Alvalade, Leonardo Jardim foi vice-campeão português. Devido ao enorme sucesso nos leões, em 2014 ele decidiu alçar vôos mais altos, transferindo-se ao Mônaco aonde está até hoje.
A caminhada do Monaco para o título da Ligue 1, teve início na temporada 2014/15, quando o magnata russo Dmitri Rybolovlev, proprietário do time monegasco, resolveu contratar Leonardo Jardim com o intuito de fazer ressurgir o clube onde já militavam craques como João Moutinho, Ricardo Carvalho, Falcão García, Yannick Ferreira-Carrasco e Dimitar Berbatov, mas que persistia em fracassar nas competições as quais disputava. Logo de cara, um terceiro lugar no campeonato francês e uma eliminação nas quartas de finais da Champions League, nada mal para o primeiro ano de trabalho. Já na segunda temporada (2015/16), Leonardo Jardim manteve o Monaco entre os três primeiros colocados da Ligue 1, mesmo depois de perder estrelas como o belga Yannick Ferreira-Carrasco e o jovem atacante Anthony Martial, que foi vendido ao Manchester United pela bagatela de 85 milhões de reais, sendo essa a maior transação da história da equipe do consulado. Para coroar esse excelente trabalho, que desde o começo foi totalmente planejado, veio a arrasadora conquista da liga francesa, além da ótima performance na Champions League, aonde foi semifinalista.
Este foi o oitavo título do Monaco, que agora se junta ao Nantes como o terceiro maior vencedor da história do campeonato francês. O Saint-Éttiene aparece no topo da lista com 10 conquistas, seguido do Olympique Marseille que coleciona nove taças na bagagem. Dando sequência, encontramos o Lyon no quarto posto com sete troféus, um a mais em relação ao PSG, Bordeaux e Reims que contam com seis canecos cada um. Quatro brasileiros fazem parte do elenco campeão, me refiro ao volante Fabinho, o zagueiro Jemerson, o lateral-esquerdo Jorge e o meia Gabriel Boschillia que representaram muito bem o nosso País durante toda a temporada, brilhando pelos gramados franceses e europeus. Destes, os titulares Fabinho e Jemerson se destacaram bastante, inclusive, rumores dão conta de que ambos estão com propostas milionárias de grandes clubes do velho continente em mãos. Se eles permanecerão ou não no Monaco ainda não sabemos, o que temos de certeza no momento, é que a hora é de comemorar e soltar o grito que está há dezessete anos entalado na garganta dos torcedores monegascos.
