O conturbado fim da relação entre Conte e Tottenham, que tinha tudo para dar errado

É bastante provável que Antonio Conte esteja livre no mercado no momento em que você estiver lendo este artigo, dado o clima pra lá de insustentável gerado pelo treinador italiano após o empate em 3 a 3 entre Tottenham e o lanterna da Premier League, Southampton, no St Mary’s Stadium.

Contudo, a realidade é que este foi apenas o estopim de uma relação que tinha tudo para dar errado, embora eu, os torcedores do Tottenham e a maior parte da mídia, imaginássemos o contrário devido as ótimas passagens de Antonio Conte por Juventus, Chelsea e, mais recentemente, pela Inter de Milão, aonde ele sagrou-se campeão italiano.

E esta conturbada relação teve início assim que Antonio Conte rejeitou uma proposta do próprio Tottenham, alguns meses antes de sua chegada ao clube do norte de Londres em outubro de 2021, por achar que a instituição não estava à sua altura, o que levou os Spurs a apresentarem Nuno Espírito Santo para suceder José Mourinho no comando da equipe.

Não satisfeito, o Tottenham voltou a insistir na contratação de Antonio Conte depois da curtíssima e pífia passagem de 17 jogos de Nuno Espírito Santo pelo clube e, para a surpresa geral, 123 dias depois o treinador de 53 anos de idade havia mudado de ideia, e aceitou a proposta para dirigir os Spurs. Estranho, não?

Todavia, seguindo o dito de que tudo que começa errado não termina bem, a relação entre Antonio Conte e Tottenham sempre deixou a impressão da superioridade por parte do treinador, ao longo destes dezesseis meses de trabalho. Guardadas as devidas proporções, é como se em um casal de namorados algum deles mantivesse o namoro somente para não ficar sozinho, porém sempre deixando claro que o outro tem muita sorte de estar ao seu lado, e que o rompimento seria inevitável caso um pretendente melhor aparecesse.

Pois é, e embora nenhum candidato tenha aparecido “afim” de Antonio Conte, as duras palavras proferidas por ele em sua, muito provável, última entrevista coletiva pelo clube, deixaram ainda mais evidentes que na concepção de Conte os Spurs realmente sempre estiveram abaixo de si.

No entanto, é inegável que todos – Antonio Conte, a diretoria do Tottenham, e o próprio clube – sairão desta relação com a imagem arranhada, apesar da tentativa frustrada do ex-técnico da Inter de Milão em se eximir de qualquer responsabilidade neste conturbado fim de ciclo.

Por esta razão, não me restam dúvidas de que dificilmente algum clube da Premier League e até de outras grandes ligas europeias, excluindo a italiana, contratará Antonio Conte no futuro próximo, afinal, valeria a pena investir pesado para bancar o salário de quase 35 milhões de euros por ano de um dos treinadores mais bem pagos do futebol mundial para, em troca, receber um clima de tensão, conflitos, e o time atuando quase sempre no 3-4-3?

De qualquer maneira, é importante salientar que o Tottenham já sabia da personalidade de Antonio Conte e mesmo assim o contratou, aliás, pelejou por sua vinda. Não à toa, o diretor de futebol, Fábio Paratici, também está com os das contados no clube, pois de acordo com o site Calciomercato, Paratici foi o principal articulador da vinda de Conte aos Spurs, tendo inclusive convencido o presidente Daniel Levy a dar carta branca ao treinador italiano.

De fato, isso explica porque o Tottenham despejou o montante de 177,9 milhões de euros em contratações nesta temporada. Dentre todos os reforços, Cristian Romero, Rodrigo Bentancur, Dejan Kulusevski e Ivan Perisic, foram os que fizeram jus ao valor investido pelo clube, ao contrário de Pape Matar Sarr, Richarlison, além de Djed Spence e Bryan Gil, que inclusive foram emprestados na janela de transferências de janeiro.

Seja como for, a situação que o Tottenham se encontra é basicamente a mesma em que o clube estava há dois anos quando demitiu José Mourinho, mas agora com um custo financeiro gigantesco oriundo das extravagâncias cometidas para atender os anseios de Antonio Conte.

Deste modo, cabe ao Tottenham começar um novo processo de reconstrução – mais um – sob a gerência de seu futuro treinador, não desconsiderando a saída de impactantes nomes como Harry Kane e Son Heung-min, com a finalidade, é claro, de reorganizar o caixa do clube.

E quanto a Antonio Conte, agora com as portas fechadas na maioria dos grandes clubes europeus, caberá a ele retornar à Itália, de onde se noticia os supostos interesses de Juventus e Milan, porém tendo como prioridade procurar um bom psicanalista para evitar com que a sua personalidade não arruíne de uma vez por todas a sua carreira no mundo da bola.

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