O monumental River Plate, de Martín Demichelis

A Superliga terminou mais cedo para o River Plate nesta temporada, mais especificamente com duas rodadas de antecedência, visto que a vitória por 3 a 1 sobre o Estudiantes no Monumental de Núñez, rendeu aos Milionários a conquista do 38º título argentino de sua história.

Aliás, a campanha do River Plate na Superliga retrata a legitimidade dos campeões, a julgar pelos 76% de aproveitamento dos comandados de Martín Demichelis na competição, decorrentes das 18 vitórias, 3 empates e quatro derrotas obtidas em 25 jogos disputados, ou então pelos nove pontos de vantagem em relação ao vice-colocado Talleres.

Portanto, fica evidente que o River Plate foi capaz de manter o alto padrão de jogo mesmo após a saída do eterno ídolo e multi-campeão Marcelo Gallardo, algo que só foi possível em virtude do excelente trabalho realizado por Martín Demichelis, contratado junto ao time “B” do Bayern de Munique no início do ano, ou seja, sendo uma verdadeira aposta do clube argentino.

De qualquer maneira, vale ressaltar que dentre as 14 taças conquistadas por Marcelo Gallardo à frente do River Plate, somente uma correspondia a Superliga, o que demonstra o quão difícil é vencer o torneio e, apesar disso, Martín Demichelis o fez em apenas 197 dias no cargo. Quer dizer, um feito mais o que suficiente para espantar toda a desconfiança gerada em torno dos torcedores riverplatenses por conta da saída de “El Muñeco” depois de nove anos à beira do banco de reservas do Monumental de Núñez.

Pois é, mas apesar do curto tempo de trabalho já é possível afirmar que o River Plate acertou em cheio ao escolher Martín Demichelis para suceder Marcelo Gallardo no comando da equipe, sobretudo porque o ex-zagueiro também escreveu uma gloriosa história vestindo a camisa do clube em campo e, agora fora das quatro linhas, rapidamente ergueu o caneco da Superliga em função da dominância e da ofensividade de seu time, isto é, trajetória e atributos similares aos do antecessor.

Inclusive, Martín Demichelis chegou a afirmar na entrevista coletiva concedida após o revés sofrido diante do Barracas Central por 2 a 1, que nenhum resultado ou fase negativa o convenceria a mudar o estilo de jogo dominante e ofensivo presente no DNA dos Milionários. Consequentemente, a equipe de Núñez é dona do melhor ataque da Superliga com 45 tentos, registrando uma média de 1,8 gol marcado por partida no campeonato.

Ademais, outro ponto positivo no trabalho do jovem treinador de 42 anos de idade foi tirar o máximo possível dos jogadores em campo, em especial de algumas peças que tinham pouquíssimo espaço sob o comando de Marcelo Gallardo, como é o caso de Rodrigo Aliendro. Desde o ano passado no River Plate, o ex-volante do Colón integrou um fortíssimo trio de meio-campo ao lado de Enzo Pérez e Nacho Fernández, sendo fundamental tanto na marcação quanto no apoio ao ataque.

Além de Rodrigo Aliendro, Lucas Beltrán também destacou-se sob a batuta de Martín Demichelis ao liderar a artilharia do River Plate na Superliga com 11 gols, substituindo com maestria o ex-atacante Julián Álvarez. Não à toa, os renomados Salomón Rondón e Miguel Borja, passaram a maior parte da temporada entre os reservas.

A acentuada evolução dos inconstantes Milton Casco e Ezequiel Barco também contribuiu para o sucesso do time que já tinha uma consolidada base formada por Franco Armani, Leandro González Pírez, Enzo Pérez e Nicolás de la Cruz, e um qualificado plantel composto pelos suplentes Emanuel Mammana, Matías Kranevitter, Bruno Zuculini, Augistín Palavecino, Pablo Solari, Matías Suárez, além dos já citados Miguel Borja e Salomón Rondón.

“Este time tem semelhanças com a história do River, nos sentimos representados. Por vezes, o resultado pode não ser o melhor, mas sempre seremos protagonistas em todos os campos. Às vezes iremos buscar essa dominância de outra forma, mas sempre sendo protagonistas”.

Martín Demichelis, treinador do River Plate

Não obstante, o Monumental de Núñez também teve papel primordial na caminhada dos Milionários rumo ao título argentino, afinal, o estádio do River Plate ganhou uma nova atmosfera depois da obra de modernização na qual todo setor do anel inferior foi estendido para mais próximo do campo onde ficava a antiga pista olímpica.

Por anos, o Monumental de Núñez foi considerado pelos oponentes como um campo neutro devido ao seu enorme tamanho e a longa distância que separava os torcedores do gramado, ao contrário dos “caldeirões” El Cilindro, Bombonera, Nuevo Gasómetro, ou do antigo La Doble Visera e atual Libertadores da América.

Somando todos estes elementos ao fato do Monumental de Núñez estar situado em um bairro nobre de Buenos Aires, a seleção argentina costumava mandar a maioria dos jogos na casa do River Plate que, nesta temporada, apresentou-se totalmente remodelado e, fazendo jus ao nome, monumental. Como resultado, os Milionários são detentores da melhor campanha como mandantes na Superliga, contabilizando 11 vitórias e uma mísera derrota atuando em seus domínios.

Assim, os campeões argentinos somente cumprirão tabela nas duas rodadas finais da Superliga contra Rosario Central (f) e Racing (c), tendo antes um importante confronto neste meio de semana frente o Talleres pela Copa da Argentina. Em seguida, nos dias primeiro e 08 de agosto, eles enfrentarão o Internacional pelas oitavas-de-final da Copa Libertadores, o que significa, dentre outras coisas, que a inédita conquista da tríplice coroa segue na mira do monumental River Plate, de Martín Demichelis.

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