O DNA francês do PSG na temporada 2023-24

As recentes saídas de Lionel Messi e Neymar simbolizaram o fim da era de grandes estrelas no Paris Saint-Germain, o que, consequentemente, transformou a temporada 2023-24 em um verdadeiro divisor de águas na história do clube.

Pois é, após insistir no recrutamento de renomados craques do futebol mundial para tornar real o sonho de vencer a Champions League nos últimos anos, a diretoria do PSG mudou totalmente a sua política de contratações no mercado de transferências com a finalidade de deixá-lo o mais francês possível, criando assim, uma nova identidade junto aos torcedores.

Não à toa, CINCO jogadores franceses iniciaram a partida de estreia do Paris Saint-Germain na Champions League contra o Borussia Dortmund entre os titulares do time, algo que não acontecia desde outubro de 2017, época em que Neymar completava seus primeiros dois meses no Parque dos Príncipes.

Vale ressaltar, que o setor que sofreu a maior mudança foi exatamente o ofensivo, por intermédio das entradas de Ousmane Dembélé e Randal Kolo Muani nos lugares de Lionel Messi e Neymar, enquanto Kylian Mbappé se apresentou como o único remanescente da última temporada, o que significa que o trio de ataque da seleção francesa estava completíssimo no jogo que terminou com a vitória do PSG por 2 a 0.

Por sinal, um trio realmente com a cara de Paris, a julgar que todos nasceram na capital francesa, lembrando que Randal Kolo Muani cresceu no subúrbio parisiense de Bondy, isto é, o mesmo de Kylian Mbappé, ao passo que Ousmane Dembélé viveu toda a infância no bairro Vernon, a 80 quilômetros de distância dos companheiros.

Além deles, o jovem Warren Zaire-Emery, de 17 anos de idade, formado nas categorias de base do Paris Saint-Germain, compôs o meio ao lado de Manuel Ugarte e Vitinha, à medida que o recém-contratado Lucas Hernández, ex-Bayern de Munique, atuou na lateral-esquerda.

Mas apesar do triunfo sobre o Borussia Dortmund, é importante destacar que o PSG não começou nada bem a sua caminhada rumo ao tricampeonato francês, tanto é, que os parisienses realizam o seu pior início de temporada na Ligue 1 sob a gestão do Qatar Sports Investments, em função das 2 vitórias, 2 empates e uma derrota, nas cinco rodadas iniciais do campeonato, o que os mantêm com 8 pontos na 5ª colocação da tabela.

Ainda assim, essa situação não preocupa o Paris Saint-Germain, sobretudo porque míseros três pontos o separa do líder, Monaco, no início de uma temporada em que o clube passa por um grande processo de reconstrução, e também devido a ótima estreia dos atuais bicampeões franceses na Champions League, especialmente pela forma como eles controlaram o jogo e criaram diversas oportunidades de gols contra o Borussia Dortmund.

Embora os índices de posse de bola tenham sido altos em todos os jogos dos comandados de Luis Enrique na temporada, eles vinham encontrando enormes dificuldades para chegar ao gol adversário, o que não ocorreu na partida de ontem no Parque dos Príncipes, onde 11 arremates foram concedidos na etapa inicial, e outros seis no segundo tempo.

Certamente este já é o impacto causado pelo novo trio de ataque parisiense, que atuou junto pela primeira vez na temporada desde o começo de uma partida. Por muito tempo salientamos que a formação com Lionel Messi, Neymar e Kylian Mbappé trazia prejuízos defensivos ao PSG em virtude da recomposição. Por isso, o ideal sempre foi um deles não jogar para que a defesa não ficasse sobrecarregada.

Todavia, esse problema já faz parte do passado no Paris Saint-Germain, pois com Ousmane Dembélé, Randal Kolo Muani e Kylian Mbappé, a equipe se fortaleceu não apenas na parte da intensidade e da movimentação, como também na marcação, ainda que os parisienses não tenham feito um exímio jogo defensivo frente o Borussia Dortmund, vide as 14 finalizações por parte dos alemães – nenhuma no alvo.

Contudo, a tendência é que o entrosamento do PSG aumente gradativamente com a sequência de jogos, o que fará com que a dependência por Kylian Mbappé, autor de oito dos 12 tentos marcados pelo clube na temporada, diminua através da distribuição de gols entre os demais jogadores, bem como o processo de marcação evolua em meio a adaptação ao novo sistema de jogo utilizado por Luis Enrique, tendo em vista que doze novos reforços desembarcaram em Paris neste meio de ano.

De qualquer maneira, a realidade é que hoje o Paris Saint-Germain tem um time equilibrado em todos os seus setores e, mais do que isso, identificado junto a torcida, clube e cidade. Eis o motivo pelo qual os atletas foram aplaudidos no último final de semana, mesmo após a derrota ante o Nice por 3 a 2 em pleno Parque dos Príncipes, quer dizer, um cenário completamente oposto ao da temporada passada, quando, sob vaias, eles ergueram o caneco da Ligue 1.

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