A ousadia deu lugar ao medo no Manchester United

Os gols de Wilfried Zaha, Kerem Akturkoglu e Mauro Icardi, determinaram a primeira vitória do Galatasaray fora de casa na Champions League em dez anos, e transformaram o Old Traford, popularmente conhecido como “Teatro dos Sonhos”, no “Teatro dos Pesadelos”.

Aliás, a derrota de virada acabou tornando o drama dos Red Devils ainda maior, a julgar que os dois gols de Rasmus Hojlund poderiam ter escrito uma história totalmente diferente no Old Trafford, lembrando que o atacante dinamarquês abriu o marcador aos 17 minutos da etapa inicial, e balançou as redes novamente aos 22 minutos do segundo tempo. Todavia, ambos foram ofuscados pelos imediatos empates por parte do Galatasaray.

De qualquer maneira, a realidade é que o Manchester United ainda saiu no lucro em sua estreia diante de seus torcedores na Champions League, já que Mauro Icardi desperdiçou uma penalidade três minutos antes de marcar o gol do triunfo do Galatasaray por 3 a 2, o que significa que o prejuízo poderia ter sido maior.

Os erros mentais que cometemos não podem ser permitidos neste nível de jogo. Você acaba sendo punido. Isto é difícil de controlar. Estávamos duas vezes em vantagem e com o controle do jogo. Era esperado mais da equipe.

Erik ten Hag, treinador do Manchester United

Seja como for, o segundo revés seguido do Manchester United no Old Trafford se soma aos outros cinco sofridos pelos Red Devils em dez partidas realizadas até aqui na temporada. Não à toa, eles ocupam a lanterna do grupo A da Champions League sem nenhum ponto marcado nas duas primeiras rodadas do torneio, enquanto na Premier League figuram somente na 10ª colocação com 9 pontos em 7 jogos.

Por esta razão, é até difícil imaginar que este mesmo time – que não perdeu nenhuma peça na última janela de transferências – encerrou a edição anterior da Premier League na terceira posição da tabela, e sofreu 12 derrotas ao longo da temporada 2022-23, isto é, seis a mais em comparação a atual que ainda nem chegou em sua metade.

Alguns problemas relacionados a lesões corroboram para o pífio desempenho do Manchester United nesta temporada, em especial aqueles que assolam os laterais-esquerdo Luke Shawn, Tyrell Malacia e Sergio Reguilón, o que inclusive obrigou o técnico Erik ten Hag a escalar o meio-campista Sofyan Amrabat improvisado na posição para encarar o Galatasaray.

No entanto, o medo e a falta de confiança são as principais causas dessa abrupta queda de rendimento do Manchester United, afinal, são fatores que o deixam mais impreciso na posse de bola, sem intensidade na marcação, e menos decisivo no terço final do campo. Em outras palavras, eles enfraqueceram os pontos fortes dos Red Devils na temporada passada.

A propósito, alguns exemplos demonstram o quanto o Manchester United se converteu em uma equipe medrosa e desprovida de confiança, vide o caso de Andre Onana. Contratado neste meio de ano, principalmente, por sua habilidade em jogar com os pés, o goleiro camaronês segue não apenas falhando no decorrer das partidas, como também dando constantes chutões devido a insegurança de fazer um passe curto para um companheiro próximo.

Por outro lado, os demais jogadores também procuram não se apresentar para apanhar um passe do goleiro, haja vista o pênalti cometido por Casemiro em Dries Mertens, depois do volante brasileiro entrar em pânico por ter recebido uma bola na fogueira de Andre Onana. No final das contas, o Manchester United ficou com um a menos no restante do jogo frente o Galatasaray porque o ex-atleta do Real Madrid acabou recebendo o segundo cartão amarelo no ato da infração.

Não obstante, Marcus Rashford, artilheiro dos Red Devils na última temporada com 30 tentos, desperdiçou uma chance claríssima de gol no segundo tempo ao tocar a bola para Bruno Fernandes, em vez de arrematar na baliza de Fernando Muslera. Ou seja, mais uma ação decorrente da dúvida e do receio de errar.

Deste modo, a primeira providência para Erik ten Hag recolocar o Manchester United no caminho das vitórias e, consequentemente, não ter a trajetória interrompida de maneira precoce no clube cuja pressão não para de aumentar, será a de resgatar a confiança dos atletas, sobretudo porque o treinador holandês é adepto de um sistema de jogo que depende da ousadia para funcionar.

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