O grupo da morte matou o Newcastle na Champions League

Num piscar de olhos, ou mais especificamente num contra-ataque finalizado de forma exímia por Samuel Chukwueze no St James’ Park, o sonho do Newcastle chegou ao fim na Champions League.

É correto afirmar que a primeira derrota sofrida pelo Newcastle após o seu retorno à Champions League após vinte anos começou logo no sorteio realizado pela UEFA, onde os ingleses caíram no grupo da morte ao lado de Borussia Dortmund, PSG e Milan.

Pois é, e conforme sinalizavam as previsões no início da temporada, o grupo da morte acabou matando o Newcastle que, assim como o conterrâneo Manchester United, se despediu do torneio como último colocado de sua chave, ficando de fora inclusive da Europa League.

Vale ressaltar que os Magpies adentraram a rodada final da fase de grupos da Champions League precisando vencer o Milan e torcendo pelo revés do PSG no Signal Iduna Park, quer dizer, uma difícil combinação que ainda mantinha viva a esperança dos torcedores do Newcastle devido a épica classificação do time há duas décadas na competição, mesmo depois de perder os três primeiros jogos sob o comando de Bobby Robson.

E emoção não faltou no St James’ Park, tendo em vista que o Newcastle viveu todos os cenários possíveis ao longo da partida contra o Milan, estando classificado às oitavas-de-final no momento em que vencia por 1 a 0, em terceiro lugar quando o jogo permanecia empatado em 1 a 1, o que lhe renderia ao menos uma vaga na Europa League, e eliminado em razão da derrota por 2 a 1, resultado este, que acabou prevalecendo.

Seja como for, o segundo embate frente o Milan mostrou um Newcastle completamente diferente daquele que o enfrentou na rodada inicial da Champions League, a julgar que o empate sem gols no San Siro terminou com Nick Pope se tornando o goleiro com mais defesas realizadas sem ter sofrido gols por um time inglês na história do torneio em razão das oito intervenções do camisa 22, enquanto lá no ataque os comandados de Eddie Howe concederam míseras seis finalizações, contra 25 por parte dos italianos.

Em contrapartida, no St James’ Park o Newcastle dominou as ações do jogo obtendo 58% de posse de bola, e saiu de campo registrando 17 arremates, sendo oito na direção certa do gol adversário, ou seja, quase o triplo de chutes disparados em Milão, o que demostra que a trajetória dos Magpies na Champions League poderia ter sido diferente caso eles tivessem atuado de maneira mais ofensiva fora de casa.

Ademais, as diversas chances de gols desperdiçadas, erros referentes a falta de concentração, além da imaturidade de uma equipe não acostumada a disputar a Champions League, também contribuíram para a desclassificação do Newcastle, bem como o escandaloso pênalti marcado a favor do PSG, que permitiu o empate dos franceses em 1 a 1 nos acréscimos da partida no Parque dos Príncipes.

Contudo, os fatores que mais prejudicaram o Newcastle em sua batalha pela vaga nas oitavas-de-final da Champions League foram tanto as lesões quanto as suspensões, pois é inegável que o inesperado corte de Sandro Tonali – punido pelo envolvimento em apostas esportivas – fez cair o nível técnico do time, assim como o excessivo número de contusões.

A propósito, Eddie Howe foi obrigado a compor o banco de reservas do Newcastle com dois goleiros (Martin Dúbravka e Loris Karius) e mais quatro atletas com menos de 20 anos de idade (James Huntley, Lewis Hall, Michael Ndiweni e Ben Parkinson) no Parque dos Príncipes, o que explica porque o treinador não realizou nenhuma substituição do jogo frente o PSG, algo que certamente aconteceria se ele tivesse pelo menos um jogador de linha do elenco à disposição.

Logo, apesar da precoce eliminação, a impressão deixada pelo Newcastle em terceira aparição na Champions League foi a de que o clube do norte da Inglaterra não decepcionou ao chegar na última rodada do grupo da morte com chances de avançar às oitavas-de-final, o que se subentende que o rumo dos Magpies seria diferente se eles estivessem no lugar do Arsenal, por exemplo, compondo uma chave juntamente com PSV Eindhoven, Lens e Sevilla.

De qualquer maneira, além de lidar com o fato de não ter recebido os 9,6 milhões de euros pagos aos clubes que avançam à fase mata-mata da Champions League, o Newcastle precisará se curar rapidamente da ferida causada pela queda no torneio para manter plausível o objetivo de disputá-lo novamente na próxima temporada, sobretudo porque sete pontos o separa do G-4 da Premier League na atualidade.

Aliás, o alto grau de competitividade da atual edição da Premier League, cuja distância entre o líder e o oitavo colocado é de apenas nove pontos, revela que o Newcastle terá de enfrentar uma árdua caminhada para voltar à Champions League, lembrando que a não ida ao torneio continental limita o orçamento do clube na janela de transferências em função das regras do Fair Play Financeiro (FFP), diminui a sua exposição, impossibilita o recebimento de premiações pagas pela UEFA para quem disputa a competição, e afeta totalmente as receitas de transmissões televisivas.

Portanto, a reação do conjunto de Tyneside precisa começar já no próximo sábado (16) diante do Fulham no St James’ Park, em meio ao pesado calendário de dezembro que ainda inclui os jogos contra Luton Town (f) e Nottingham Forest (c) pela Premier League, além da visita à capital inglesa na semana que vem para encarar o Chelsea pelas quartas-de-final da Copa da Liga.

Deixar um comentário

Menu