De malas prontas rumo à Andaluzia, a final da Copa do Rei é a realidade do Mallorca

Noventa minutos separam o Mallorca de repetir o maior feito de sua história, vinte e um anos depois que os gols de Walter Pandiani e Samuel Eto’o garantiram ao clube das Ilhas Baleares o inédito título da Copa do Rei.

Sim, a grande sensação da edição de número 120 da Copa do Rei responde pelo nome de Real Club Deportivo Mallorca que, ao superar a Real Sociedad em pleno estádio Anoeta – naquela que veio a ser a decisão por pênaltis mais importante da carreira de cada um dos atletas do plantel balear -, será finalista do torneio pela quarta vez na história.

Por sinal, vale ressaltar que a caminhada do Mallorca rumo à Andaluzia teve início em novembro do ano passado, quando os Barralets bateram o modesto CD Boiro por 4 a 0 atuando fora de seus domínios, à medida que na fase seguinte eles também não tiveram dificuldades para derrotar o Valle de Egüés, outro oponente situado em divisões não profissionais do futebol espanhol, por 3 a 0, também jogando longe de casa.

Posteriormente, Burgos e Tenerife, ambos da segunda divisão, foram as vítimas dos comandados de Javier Aguirre nos estágios que antecederam o duríssimo embate frente o Girona pelas quartas-de-final, que terminou com a vitória do Mallorca por 3 a 2, e acabou sendo construída toda na primeira etapa em razão dos três gols dos Bermellones antes do intervalo no estádio Son Moix. Ou seja, um surpreendente resultado considerando a magistral temporada realizada pelos vice-colocados da LaLiga.

Ainda assim, foi na semifinal que o Mallorca encarou o seu maior desafio na Copa do Rei, a julgar pelo empate em 1 a 1 no decorrer dos 210 minutos do confronto contra a Real Sociedad, que obrigou as duas equipes a decidirem a vaga da final nas penalidades, onde os baleares levaram a melhor ao coverterem os cinco chutes, enquanto os bascos falharam logo na abertura quando o goleiro Dominik Greif defendeu a cobrança de Mikel Oyarzabal.

Curiosamente, o autor do gol da classificação na quinta e última cobrança assinalada pelo Mallorca no estádio Anoeta foi Sergi Darder, que na temporada anterior conviveu com o drama do rebaixamento vestindo a camisa do Espanyol, mas que deu a volta por cima na atual tendo a grande oportunidade de faturar a taça da Copa do Rei, e até mesmo na próxima já pode projetar o título da Supercopa, na Arábia Saudita.

Além de Sergi Darder, Dominik Greif foi outro grande destaque da heróica vitória do Mallorca em San Sebastián, o que já seria natural por ele ter defendido uma cobrança na disputa por pênaltis, porém se intensificou pelo fato do goleiro esloveno também por ter a pego a penalidade de Brais Méndez, ainda nos acréscimos da etapa inicial, segurando o empate sem gols no placar em um momento crucial da partida.

Ademais, o triunfo sobre a Real Sociedad pode acelerar o processo da renovação contratual de Javier Aguirre, cujo vínculo se encerra ao término da temporada. A boa sintonia existente entre o treinador mexicano e o presidente Andy Kohlberg já favorecia o acordo, portanto, a qualificação à final da Copa do Rei, certamente, potencializará a conclusão do negócio, embora a situação dos Bermellones na LaLiga não fuja da realidade do clube, a 16ª posição – a seis pontos da zona da degola.

De qualquer maneira, essa não é a primeira vez que o trabalho de Javier Aguirre se sobressai no futebol espanhol, basta recordarmos de sua chegada ao país em 2002, período em que ele deixou a seleção mexicana para comandar o Osasuna, e após conduzir o time de Pamplona às semifinais da Copa do Rei em sua temporada de estreia, na segunda foi ainda melhor ao levá-lo à final – perdida ante o Betis por 2 a 1, na prorrogação. Por fim, no ano seguinte os Rojillos ficaram na 4ª posição da LaLiga, o que lhes garantiu a única participação na Champions League até hoje.

O sucesso de Javier Aguirre à frente do Osasuna despertou o interesse do Atlético de Madrid, que o contratou para substituir Pepe Murcia entre 2006 e 2009. Posteriormente, o experiente treinador de 65 anos de idade ainda dirigiu algumas equipes espanholas como Real Zaragoza, Espanyol e Leganés, antes de desembarcar nas Ilhas Baleares em março do ano retrasado com a missão de salvar o Mallorca do rebaixamento na temporada de regresso dos clube à LaLiga.

Pois é, e depois de vencer a batalha contra o descenso, Javier Aguirre deixou o Mallorca no 9º lugar da LaLiga na temporada passada, isto é, a melhor colocação do clube no campeonato em uma década, até chegarmos ao memorável 27 de fevereiro de 2024, em que o ex-comandante da seleção mexicana igualou o feito de Gregorio Manzano ao se tonar finalista da Copa do Rei sob a liderança dos Barralets.

Seja como for, essa é apenas mais uma fantástica história que somente os torneios nos formatos de copa podem proporcionar. Por isso, ainda que o Mallorca não seja favorito ao título no dia 06 de abril, é totalmente possível que os baleares retornem de La Cartuja com o bi da Copa do Rei na bagagem.

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