O fantasma das viradas voltou a assombrar o Barça na Champions League

A extensa invencibilidade de 13 jogos do Barcelona acabou juntamente com o sonho do clube em disputar as semifinais da Champions League pela primeira vez desde 2019, o que significa que as chances do catalães erguerem um caneco na temporada 2023-24 se reduziram a irrelevante taxa de 1,1% pela LaLiga.

Pois é, o desfecho do embate entre Barcelona x PSG foi completamente diferente do que os barcelonistas imaginavam, a julgar que os atuais campeões espanhóis haviam retornado da capital francesa com uma convincente vitória por 3 a 2 na bagagem, que lhes garantia a possibilidade de jogar por dois dos três resultados possíveis em Monjuic.

Contudo, se o otimismo da torcida do Barça já era grande antes da bola rolar no Estadi Olimpic Lluis Companys, o que dirá depois que Raphinha abriu o marcador aos 12 minutos do primeiro tempo, ampliando a vantagem dos blaugranas para 4 a 2 no placar agregado.

Mas como levar viradas se tornou rotina ao Barcelona na Champions League, a única diferença é que esta ocorreu a partir dos 29 minutos de partida, quando Ronald Araújo cometeu uma falta totalmente desnecessária em Bradley Barcola, que ainda resultou em sua expulsão pelo fato de ser o último homem da defesa. Por sinal, tudo em função de um erro de passe do próprio zagueiro uruguaio no começo da jogada.

Claramente, o ideal no momento em que Nuno Mendes interceptou o passe de Ronald Araújo e lançou Bradley Barcola, era o defensor correr por dentro em direção da área ao invés de dar o bote no adversário. Na pior das hipóteses, deixar Marc ter Stegen no mano a mano e, talvez sofrer o gol, seria uma melhor opção pois o Barça não ficaria com um jogador a menos por tanto tempo.

Deste modo, o cenário mudou completamente em Montjuic, e não apenas porque Ousmane Dembélé fez prevalecer a lei do ex ao balançar as redes no final da etapa inicial, mas também pela ótima atuação do camisa 10 contra o clube em que ele jamais assumiu o protagonismo ao longo de uma turbulenta passagem entre 2017 e 2023.

Não à toa, Ousmane Dembélé recebeu o prêmio de melhor jogador em campo, o que também é mérito do treinador Luis Enrique que armou o PSG novamente no 4-3-3, porém com três atacantes dribladores tendo Dembélé aberto pela direita, Bradley Barcola pela esquerda, e Kylian Mbappé centralizado, com total liberdade para se movimentar no ataque. Aliás, o mesmo trio ofensivo que encerrou o jogo de ida e atuou durante o jogo de volta da fase anterior frente a Real Sociedad.

Assim, com uma peça a menos no “tabuleiro”, sem o seu zagueiro mais experiente na defesa, e precisando segurar o talentoso trio de ataque parisiense, o Barcelona desmoronou ao sofrer mais três gols no segundo tempo. Inclusive, o abalo emocional dos blaugranas se refletiu através do treinador Xavi Hernández, expulso dois minutos depois que Vitinha virou o marcador, por insultar o árbitro e chutar uma placa de publicidade.

E apesar tantas dificuldades, o Barcelona, já sem Xavi Hernández à beira de campo, lutou para levar o jogo à prorrogação, o que se tornou inviável depois que João Cancelo cometeu um pênalti infantil, convertido por Kylian Mbappé, ao tentar desarmar Ousmane Dembélé.

Por fim, aos 44 minutos, o próprio Kylian Mbappé fechou a contagem repetindo o placar da última visita do PSG à Catalunha em 2021, 4 a 1, marcada por ter sido o último jogo de Lionel Messi pelo Barça na Champions League, e três anos depois pela provável despedida de Xavi Hernández como técnico da equipe pelo torneio, já que o treinador de 44 anos de idade deixará o cargo no final da temporada.

A propósito, a desclassificação na Champions League pode ter confirmado a futura saída de Xavi Hernández, antes incerta devido a evolução do time que ostentava uma invencibilidade de 13 partidas, somando dez vitórias e três empates até a goleada por 4 a 1 ante o PSG. À vista disso, o ex-zagueiro Rafa Márquez, atualmente no Barcelona B, é o mais cotado para suceder Xavi no comando técnico dos Culés.

Seja como for, ainda que de virada, este revés do Barcelona na Champions League não se equipara as reviravoltas sofridas diante da Roma em 2018, do Liverpool em 2019, e tampouco a derrota por 8 a 2 para o Bayern de Munique em 2020, em virtude da atitude da equipe que batalhou até o apito final, lembrando que os catalães caíram na fase de grupos nas últimas duas temporadas.

Por este motivo, a capital da Catalunha voltou a respirar o ar de uma noite europeia de Champions League como há tempos não se via, a ponto de 50.311 torcedores baterem o recorde de lotação da momentânea casa do clube, em Montjuic, deixando a nítida sensação de que pelo menos os comandados de Xavi Hernández resgataram o orgulho da torcida.

Logo, ainda que o futuro do Barcelona esteja absolutamente comprometido em razão da péssima saúde financeira do clube, e o presente machucado por conta da eliminação na Champions League, os blaugranas acreditam em um triunfo no El Clásico do próximo domingo, 21, no Santiago Bernabéu.

2 Comentários

  1. Falei que ia ser um jogão. O barça ate jogou bem, mais o PSG soube aproveitar melhor as chances, e o fato de ter um a mais foi muito relevante.

    • JoaoRicardo Responder

      Com certeza, no final a qualidade individual de Vitinha, Ousmane Dembélé e Kylian Mbappé fez a diferença. Pra mim, o PSG é forte candidato à vaga na final.

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