Vitória no Derby della Madonnina dá sobrevida a Paulo Fonseca no Milan

O cenário se apresentava pra lá de obscuro ao Milan antes do primeiro Derby Della Madonnina da temporada 2024-25, afinal, além de enfrentar os atuais campeões italianos, os rossoneri vinham de um péssimo início na Serie A, acrescido por uma derrota por 3 a 1 frente o Liverpool em pleno estádio San Siro.

Deste modo, a décima colocação na tabela da Serie A, somada a estreia com derrota na Champions League, já colocavam sob risco a continuidade do técnico Paulo Fonseca — contratado nesta temporada para suceder Stefano Pioli no comando técnico milanista — após míseras cinco partidas no cargo. Por isso, a demissão do treinador português era dada como certa caso o sétimo revés consecutivo do Milan se estabelecesse no Derby Della Madonnina.

Portanto, em meio a enorme pressão e o favoritismo por parte da Internazionale, o natural seria Paulo Fonseca e qualquer outro treinador na sua condição utilizar uma formação mais conservadora no clássico, dada a falta de confiança dos jogadores e a intenção de assegurar seu emprego. Todavia, contrariando as expectativas o ex-treinador da Roma surpreendeu ao adotar uma abordagem ofensiva no 4-2-4, escalando Álvaro Morata e Thammy Abraham para formar a dupla de ataque, ao passo que Christian Pulisic e Rafael Leão jogaram abertos pelas pontas.

Consequentemente, Paulo Fonseca confundiu até mesmo o técnico oponente Simone Inzaghi, que demorou um certo tempo para entender o plano de jogo milanista. Neste interím, Christian Pulisic abriu o placar a favor dos rossoneri logo aos 10 minutos de partida. Aliás, com o sexto tento marcado e as quatro assistências concedidas até aqui na temporada, o ex-jogador do Chelsea assinala uma expressiva marca de uma participação em gol por jogo no período.

No entanto, quem imaginava que o Milan recuaria os blocos em função da vantagem no marcador se enganou totalmente, uma vez que os comandados de Paulo Fonseca continuaram atacando e, como resultado, cedendo espaços ao forte time da Internazionale, que empatou o clássico aos 27 minutos por intermédio de Federico Dimarco.

No segundo tempo, o cenário seguiu o mesmo com o Milan marcando em linha alta e buscando o gol, enquanto a Internazionale tinha como principal arma as rápidas transições. Em outras palavras, os dois rivais de Milão protagonizaram uma verdadeira trocação, porém sempre com os rossoneri levando mais perigo, a julgar pelas 14 finalizações e cinco grandes chances perdidas na etapa final, contra 5 arremates e uma oportunidade desperdiçada pelos nerazzurri.

Por este motivo, o gol do zagueiro Matteo Gabia — outra aposta do treinador Paulo Fonseca —, aos 44 minutos, não apenas encerrou o longo jejum do Milan de dois anos sem vitórias no Derby della Madonnina, como também fez jus ao ótimo jogo realizado pela equipe que venceu, convenceu, e se igualou a Internazionale na classificação da Serie A, se mantendo a um ponto do G-5.

Além disso, a realidade é que o triunfo no Derby della Madonnina trará maior tranquilidade tanto ao Milan quanto ao treinador Paulo Fonseca, servindo como uma espécie de sobrevida ao comandante milanista. A propósito, vitórias em clássicos têm a força de transformar fases e temporadas negativas em positivas, especialmente por conta do resgate da confiança, bem como pelo fato do poder navegar em águas calmas.

Logo, a tendência é acompanharmos a evolução do Milan, acima de tudo porque a filosofia de jogo de Paulo Fonseca, baseada na alta pressão e imposição através da posse de bola, não pode ser implementada da noite pro dia. Ainda assim, o detalhe que mais chamou a atenção no Derby della Madonnina foi o espírito coletivo e a coesão dos rossoneri em campo, algo que não havia se visto até então.

Entretanto, é inegável que um clássico da magnitude do Derby della Madonnina gera maior motivação nos jogadores, ainda mais quando um tabu está em jogo. Em todo o caso, somente a sequência de partidas responderá se a entrega do Milan deu-se especificamente em razão do clássico, ou se sustentará no decorrer da temporada.

Por sinal, o sucesso do 4-2-4 já faz a torcida imaginar que esta será a formação do Milan a partir de agora. De acordo com as características do plantel milanista, seria inviável Paulo Fonseca manter esse esquema nos momentos em que Álvaro Morata e Thammy Abraham estejam ausentes, já que Luka Jovic é um atacante mais fixo e de pouca movimentação, enquanto Noah Okafor se apresenta como uma opção para exercer a função de Rafael Leão pelo lado esquerdo.

À vista disso, uma possibilidade seria utilizar Ruben Loftus-Cheek no ataque, seja atuando com Álvaro Morata, seja jogando ao lado de Thammy Abraham. Ademais, além do 4-2-4 exigir um grande sacrifício e disciplina tática dos atletas, ele só é funcional no Milan devido a fluidez dos volantes Youssouf Fofana e Tijjani Reijnders, que se sobressaíram no clássico, sem esquecer do reserva imediato Yunus Musah.

Isto posto, considerando a qualidade e profundidade do elenco, além do perfil ofensivo de Paulo Fonseca, tudo indica que o 4-2-4 seja replicável, mas não exclusivo, ao longo da temporada que, literalmente, acabou de começar ao Milan.

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