Ingredientes não faltaram para que a rivalidade envolvendo Manchester City e Arsenal desabrochasse pra valer vez após o primeiro encontro entre ambos na temporada 2024-25, que terminou empatado em 2 a 2 no Etihad Stadium.
Pois é, o embate que valia a liderança da Premier League teve de tudo, a começar pelo centésimo gol de Erling Haaland em 105 partidas com a camisa do Manchester City, marcado logo aos nove minutos de jogo. Em outras palavras, um expressivo feito do atacante que balançou as redes contra TODOS os 23 adversários que já enfrentou até aqui no campeonato.
Entretanto, o panorama mudou completamente após a lesão de Rodri, tanto é, que os Gunners não apenas chegaram ao empate como viraram o placar ainda no primeiro tempo através dos gols de Riccardo Calafiori, aos 22 minutos, e Gabriel Magalhães, um pouco antes de Leandro Trossard levar um cartão vermelho nos acréscimos, permitindo com que os comandados de Pep Guardiola jogassem o segundo tempo inteiro com um jogador a mais.
Deste modo, os Citizens se lançaram totalmente ao ataque em busca da vitória, ao passo que o Arsenal se defendia por intermédio de um verdadeiro ferrolho armado no 5-4-0 e no 6-3-0. Não à toa, o Manchester City registrou quase 88% da posse de bola na etapa final, assinalando o montante de 109 toques no campo adversário, contra somente dois por parte dos londrinos até os 15 minutos.
🏴 | DRAW AT THE ETIHAD
— Sofascore Football (@SofascoreINT) September 22, 2024
• xG: 2.16 – 0.65
• Big chances: 5 – 2
• Shots (on target): 33 (11) – 5 (3)
• Touches in pen. area: 55 – 9
• Possession: 78% – 22%
Manchester City finally broke through ten-man Arsenal at the death to salvage a point at home!#MCIARS pic.twitter.com/xjqR5Qi4iH
Em contrapartida, apesar da enorme pressão o gol do Manchester City saiu apenas aos 53 minutos, quando John Stones marcou o tento que manteve os atuais tetracampeões ingleses como líderes da Premier League. Ainda assim, o que mais chamou a atenção no lance foi o atacante Erling Haaland arremessando a bola no rosto do zagueiro do Arsenal, Gabriel Magalhães, durante a comemoração. Ou seja, um claro sinal de que os ânimos estavam exaltados.
Isto posto, bastou o árbitro Michael Oliver apitar o fim do jogo para que Erling Haaland novamente entrasse em ação ao pedir respeito para o técnico oponente Mikel Arteta, algo que não agradou Gabriel Jesus, gerando inclusive uma pequena discussão entre o norueguês e o brasileiro, o que também foi resultado dos inúmeros casos de cera do Arsenal ao longo da partida mais extensa da Premier League, cuja duração foi de 109 minutos e 17 segundos.
Logo, fica evidente que a rixa envolvendo os dois clubes, que aumentou com o passar das duas temporadas anteriores em que o Manchester City foi campeão e o Arsenal vice da Premier League, ganhou proporções ainda maiores, podendo até ser comparada a existente entre Manchester United e os próprios Gunners em meados da década de 90 e anos 2000, época em que eles eram dirigidos por Alex Ferguson e Àrsene Wenger.
De qualquer maneira, a realidade é que o Manchester City vem encontrando cada vez mais dificuldades nos embates frente o Arsenal, e a prova disso é que o clube do norte de Londres não foi derrotado pelos Citizens na Premier League na última temporada. Por sinal, nem mesmo o fato de ter disputado o segundo tempo inteiro com um jogador a mais rendeu a vitória ao City, muito pelo contrário, o suado empate veio somente no último lance do jogo.
Diante das circunstâncias, é surpreendente que o Manchester City tenha encerrado o jogo com Manuel Akanji, Rúben Dias, Josko Gvardiol e John Stones, isto é, quatro zagueiros juntos em campo, em especial por sempre ter sido comum Pep Guardiola adaptar um volante pra jogar na defesa em suas equipes, visando melhorar a saída de bola, vide os exemplos de Javier Mascherano, no Barcelona, Javi Martínez, no Bayern de Munique, além de Fernandinho, no próprio City.
À vista disso, era esperado um Manchester City atuando mais ofensivamente, até utilizando a mesma formação para não desestruturar o time, no caso o 3-1-5-1, porém com Manuel Akanji, John Stones e Josko Gvardiol na zaga — sacando Rúben Dias —, Mateo Kovacic como volante, e uma linha de cinco meias com Erling Haaland no ataque, composta por Savinho, Rico Lewis, Ilkay Gundogan, Bernardo Silva e Phil Foden, obviamente, com a finalidade de furar a retranca adversária.
Inegavelmente, a grave lesão no joelho sofrida por Rodri, que o deixará de fora de toda a temporada, comprometeu o jogo do Manchester City, afinal, o camisa 16 é uma das principais peças de Pep Guardiola por desempenhar a dupla função de proteger a defesa e ditar o ritmo do time. Além disso, ele é notavelmente produtivo para um volante, a julgar pelos oito gols marcados e nove assistências concedidas na edição passada da Premier League.
Sob todos estes aspectos, Rodri é considerado por muitos como o melhor jogador do mundo na posição, e agora, com a ausência do volante da seleção espanhola, caberá a Pep Guardiola redescobrir uma nova forma do Manchester City jogar, assim como ocorreu ao longo do período em que Phil Foden assumiu o posto do lesionado Kevin De Bruyne na temporada do tetracampeonato inglês.
Em meio a isso, o Manchester City ainda enfrenta uma duríssima batalha nos tribunais em razão das 115 acusações sobre violações das regras do Fair Play Financeiro da Premier League. A propósito, o clube até corre risco de ser rebaixado caso estas supostas violações sejam mesmo confirmadas, o que resultaria no fim da hegemônica era dos Citizens no certame do futebol inglês.
Vale ressaltar ainda, que com Ilkay Gundogan, Kevin De Bruyne e Pep Guardiola vivenciando o último ano de seus respectivos contratos, além das constantes sinalizações em torno das saídas de Ederson, Kyle Walker e Bernardo Silva a cada janela de tranferências, tudo realmente indica que a geração do inédito tetra da Premier League está próxima do fim, fazendo crescer o otimismo do seu maior rival e provável herdeiro na linha sucessória da Premier League, Arsenal.