De Rossi se despede da Roma após oito meses. Chega Ivan Juric, mas até quando?

Oito meses. Este foi o tempo que marcou a passagem de Daniele De Rossi à frente da Roma, isto é, um período pra lá de curto em comparação aos 18 anos que o eterno ídolo romanista defendeu as cores do clube dentro de campo.

Diante deste cenário, fica claro que Daniele De Rossi não conseguiu repetir como treinador todo o sucesso alcançado nos tempos em que era jogador da Roma. Entretanto, a precoce queda do novato técnico de 41 anos de idade confirma que a sua contratação, efetuada em 16 de janeiro, deu-se muito mais para evitar uma crise após a demissão de José Mourinho do que por méritos próprios.

Não à toa, bastaram míseras quatro partidas da temporada 2024-25 para que a saída de Daniele De Rossi se concretizasse. Por mais que a Roma não tenha conquistado nenhuma vitória até aqui, a demissão do técnico italiano é incompreensível pelo fato dos Giallorossi terem contratado diversos reforços neste meio de ano, o que significa que o entrosamento destas novas peças dependeria de tempo, algo que ele realmente não teve.

Para se ter uma ideia, a Roma despejou o montante de 92,6 milhões de euros nesta última janela de transferências, sendo a quarta equipe italiana que mais investiu na temporada, apenas atrás de Juventus, Napoli e Atalanta, respectivamente, lembrando que o atacante Artem Dovbyk foi o reforço mais caro contratado pelo clube da capital, seguido de Matias Soulé e Enzo Le Fée.

Consequentemente, a pressão sobre Daniele De Rossi aumentou na mesma proporção que as expectativas geradas pelas novas contratações da Roma, e chegou ao limite extremo depois dos empates contra Cagliari (0 a 0), Juventus (0 a 0) e Genoa (1 a 1), além da derrota frente o Empoli por 2 a 1 em pleno estádio Olímpico, que empurraram os Giallorossi ao 16º lugar da Serie A com 3 pontos. Em outras palavras, uma pontuação inferior em relação ao número de jogos.

De qualquer forma, o fato da demissão de Daniele De Rossi ter ocorrido ao término da 4ª rodada da Serie, comprova que a diretoria da Roma, liderada por Dan Friedkin, já não confiava em seu trabalho. Portanto, o ideal seria que ele nem começasse a temporada no cargo, mas com o avanço da equipe ao superar Feyenoord, Brighton e Milan até as semifinais da Europa League, o apelo dos romanistas pela continuidade de De Rossi impediu ações por parte do dono do clube, assim como já havia acontecido com José Mourinho há um ano.

Desta maneira, Daniele De Rossi, um dos seis treinadores que terminaram a última temporada e iniciaram a atual da Serie A em suas respectivas funções, acabou perdendo o emprego mesmo após a renovação do seu vínculo contratual até 2027. Em contrapartida, ainda que em meio a revolta da torcida, a Roma não perdeu tempo ao anunciar a vinda de Ivan Juric — outro dos remanescentes —, demitido pelo Torino também na 4ª rodada.

Vale ressaltar que a nona posição na temporada anterior foi a melhor que Ivan Juric conseguiu nos três anos em que dirigiu o Torino, cujo principal objetivo era disputar competições internacionais, o que não aconteceu. Por esta razão, muitos qualificam o trabalho do técnico croata como ruim na equipe de Turim, embora a organização tática e o baixo poderio de investimentos provem o contrário.

Contudo, a realidade é que Ivan Juric desembarca na capital italiana em um momento pra lá de complicado, afinal, ele sucederá dois ídolos que deixaram a Roma este ano, como são os casos de José Mourinho e Daniele De Rossi. O primeiro deles, que construíu um fortíssimo vínculo junto aos torcedores após a inédita conquista da Conference League, enquanto o outro acumulou mais de 600 jogos pelo clube e integrou o elenco bicampeão da Coppa Italia em 2008.

Ainda assim, Ivan Juric assinou um contrato válido até o final da temporada, que pode se estender por mais um ano caso uma vaga na próxima edição da Champions League seja conquistada. Inclusive, enquanto alguns enfurecidos torcedores protestavam na parte externa em Trigoria, o ex-treinador do Torino aproveitou o primeiro dia no novo clube para comandar alguns treinamentos fundamentados na intensidade e na pressão, ao invés da posse de bola. 

Fã incondicional de rock n’ roll, discípulo assumido do técnico da Atalanta, Gian Piero Gasperini, e conhecido por ser adepto do gegenpressing, Ivan Juric foi capaz de implementar a sua filosofia de jogo em todos os lugares pelos quais trabalhou ao longo da carreira, ou seja, Gênova, Verona e, mais recentemente, Turim.

Aliás, de acordo com as características de Ivan Juric, a tendência é que a Roma passe a atuar no 3-4-2-1, com uma linha de três zagueiros muito provavelmente composta por Gianluca Mancini, Mats Hummels e Mario Hermoso, ao passo que no meio-campo o recém-contratado Manu Koné deverá estar entre os titulares devido a força na marcação. Além do mais, a reintegração de Nicola Zalewski também é outra novidade.

Por outro lado, a dúvida que fica diz respeito a utilização de Paulo Dybala e Matias Soulé, juntos na equipe. Quer dizer, o mesmo problema que assolava Daniele De Rossi por se tratarem de dois canhotos que jogam no mesmo espaço do campo. Em todo o caso, ao menos inicialmente a expectativa é que ambos sejam os meias posicionados atrás do atacante Artem Dovbyk, o que se subentende que quem deve sair da equipe é o ponta-direita Alexis Saelemaekers.

Seja como for, a curtíssima diferença de cinco pontos que separam os Giallorossi do G-4 com pouco mais de 10% do jogos realizados na Serie A, sinaliza que há tempo de sobra para uma recuperação. Caso contrário, não seria nenhuma surpresa vermos Ivan Juric se despedindo de Roma já no próximo mês de janeiro.

 

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