Custou caro, mas como qualquer projeto ambicioso, este mais recente elaborado pelo Olympique de Marselha para competir com o PSG a ponto de brigar pelo primeiro título francês desde 2010, já vem mostrando resultados positivos.
Após o oitavo lugar na edição passada da Ligue 1, a pior posição do Olympique de Marselha no campeonato desde a temporada 2015-16, o clube da costa sul da França decidiu realizar uma verdadeira revolução neste meio de ano ao contratar doze jogadores, um treinador moderno e exigente junto a sua comissão técnica composta por dez membros, além de novos diretores no departamento de futebol, tendo Medhi Benatia como o principal deles.
Apesar da falta de experiência na nova função, Medhi Benatia usou o bom relacionamento dos tempos em que atuou como zagueiro de Bayern de Munique, Juventus e da seleção marroquina para trazer reforços ao Olympique de Marselha nesta temporada. Aliás, foi assim que ele influenciou o volante Pierre-Emile Hojbjerg — com quem dividiu vestiário na Baviera entre 2014 e 2016 — a defender as cores do clube francês.
No entanto, é inegável que a peça chave do tabuleiro do Olympique de Marselha responde pelo nome de Roberto De Zerbi, que depois de um excelente trabalho à frente do Brighton aceitou o desafio de comandar o conjunto marselhês sob as garantias de Medhi Benatia de que teria total influência na janela de transferência ao participar ativamente das indicações de novos e possíveis reforços, em especial para tornar viável a implementação de sua filosofia de jogo.
Adepto a um estilo intenso, ofensivo e dinâmico, Roberto De Zerbi foi seduzido pelo Olympique de Marselha por três aspectos: primeiramente, por tê-lo enfrentado duas vezes na temporada anterior pela Europa League, e ter gostado de alguns jogadores como Leonardo Balerdi, Valentin Rongier, Michael Murillo, Geoffrey Kondogbia e Amine Harit; em segundo, a enorme paixão que envolve o clube, acima de tudo nos dias de jogos no Vélodrome; e por último, o audacioso projeto esportivo marselhês.
Deste modo, com a oportunidade de dirigir o primeiro grande clube na carreira após passagens por Sassuolo, Shakhtar Donetsk e Brighton, Roberto De Zerbi assinou um vínculo válido por três temporadas junto ao Olympique de Marselha, período suficiente para que ele pudesse criar uma nova identidade ao time através do seu enérgico modelo de jogo.
Consequentemente, a chegada de Roberto De Zerbi ao Vélodrome favoreceu o trabalho de Medhi Benatia, já que portas se abriram para a vinda de alguns reforços, como foi o caso de Adrien Rabiot, que estava livre no mercado desde que deixou a Juventus neste meio de ano. Por ter apreciado o futebol praticado pelo Sassuolo na época em que se deparou diante da equipe comandada pelo treinador de 45 anos de idade na Serie A, Rabiot descartou algumas propostas, inclusive de clubes da Premier League, para vestir a camisa dos Les Phocéens.
Diante deste cenário, a realidade é que Roberto De Zerbi passou a trabalhar em conjunto ao diretor-esportivo Mehdi Benatia no mercado, e sua ingerência também foi fundamental para tornar viáveis as contratações tanto do goleiro Gerónimo Rulli quanto do zagueiro Derek Cornelius. Além disso, a ideia de fortalecer o setor defensivo se estabeleceu com as chegadas de Mason Greenwood, Neal Maupay e Jonathan Rowe, todos oriundos do futebol inglês.
Pois é, e passadas míseras cinco rodadas da nova temporada da Ligue 1, já é claramente notável o efeito Roberto De Zerbi no Olympique de Marselha, tendo em vista que os marselheses não apenas permanecem invictos somando quatro vitórias e um empate, como lideram a tabela do campeonato ao lado de PSG e Monaco, com 13 pontos cada um.
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— Ligue 1 McDonald's (@Ligue1) September 22, 2024
A propósito, o retorno do Olympique de Marselha ao posto mais alto da Ligue 1 ocorreu exatamente no clássico do último final de semana contra o Lyon no Groupama Stadium, literalmente, no “modo Roberto De Zerbi”, a julgar que o triunfo por 3 a 2 foi conquistado na base da raça, emoção e superação, vide o cartão vermelho recebido pelo zagueiro Leonardo Balerdi, aos cinco minutos de jogo, somado a virada no segundo tempo, e o gol da vitória marcado no último lance da partida por Jonathan Rowe.
Por sinal, são triunfos emblemáticos iguais a este que unem e criam uma identificação ainda maior entre clube, torcida, jogadores e, é claro, o treinador, sobretudo quando eles acontecem em um clássico disputado na casa do rival, lembrando que o Olympique de Marselha se tornou a primeira equipe da Ligue 1 a vencer uma partida depois de ter um jogador expulso aos cinco minutos iniciais.
Assim, mais qualificado tecnicamente sob o comando de Roberto De Zerbi e ainda sem a estreia do recém-contratado Adrien Rabiot, não seria um absurdo imaginarmos uma disputa mais acirrada pelo título francês nesta temporada, acima de tudo considerando que o PSG vive uma nova realidade sem Kylian Mbappé, e dividindo as atenções entre a Ligue 1 e a Champions League.
Em resumo, o impacto Roberto De Zerbi já começou a ser sentido pelos lados da Riviera Francesa.