A transformação do Atleti na temporada, o colocou na briga pelo título espanhol

Unió Esportiva Vic, Las Palmas, PSG, Mallorca, Alavés, Sparta Praga, Valladolid, Cacereño, Sevilla e Slovan Bratislava. Eis as vítimas do Atlético de Madrid nos últimos dez jogos, que deixaram os Colchoneros a apenas três partidas de igualar a maior série de vitórias seguidas sob o comando de Diego Simeone.

A propósito, desde o último revés, sofrido diante do Betis, já são 46 dias, ou 1 mês e quinze dias só vencendo ao longo desta sequência que inclui partidas da Champions League, da LaLiga e da Copa do Rei. Em outras palavras, um claro demonstrativo que os Rojiblancos brigarão com Real Madrid e Barcelona pelo título espanhol, condição esta, que até o final de setembro se apresentava inimaginável ao time que encerrava o mês na quarta colocação da tabela.

Inclusive, naquela oportunidade o trabalho de Diego Simeone vinha sendo bastante questionado, acima de tudo por conta dos 185 milhões de euros gastos na janela de transferências de meio de ano. Não à toa, a dúvida era se o treinador argentino seria capaz de liderar um projeto tão ambicioso, cujo principal ponto era fazer do Atlético de Madrid um time mais dinâmico, especialmente porque isso não vinha acontecendo em meio as chegadas de Julián Álvarez, Connor Gallagher, Alexander Sorloth, Robin Le Normand e Clément Lenglet.

Contudo, embora não seja possível saber se os Colchoneros terão a consistência necessária para vencerem a corrida pelo título espanhol ao término da temporada, já podemos afirmar que Diego Simeone está em vias de achar a melhor versão deste repaginado Atlético de Madrid, por ter equilibrar todos os setores da equipe que, hoje, se defende e ataca com total eficiência.

No entanto, a principal mudança realizada por Diego Simeone para encontrar a fórmula do sucesso foi alterar o esquema tático do Atleti para o 4-4-2, isto é, resgatar as suas próprias raízes no clube, tendo em vista que o primeiro título da LaLiga conquistado por Cholo no Atlético de Madrid, bem como os dois vices da Champions League, vieram com os Rojiblancos atuando nesta formação.

Na ocasião, Diego Simeone montou um Atlético de Madrid compacto, forte fisicamente, bastante sólido na defesa, e que atuava com as linhas baixas explorando tanto os contra-ataques quanto as bolas paradas. Curiosamente, esse estilo de jogo tão peculiar de Simeone ganhou o rótulo de Cholismo.

Todavia, na conquista do segundo título da LaLiga na era Diego Simeone, os Colchoneros já haviam aderido o 3-5-2, com os alas Kieran Trippier e Yannick Carrasco tendo papel preponderante defensiva e ofensivamente. E apesar da estrutura com três zagueiros, Simeone ainda mantinha a tradição de jogar com uma dupla de ataque, na época formada por Luis Suárez e João Félix.

Talvez por este motivo, Diego Simeone tenha insistido no 3-5-2 durante toda a temporada passada até o começo da atual, mas a sucessão de maus resultados, somada ao futebol aquém das expectativas apresentado em campo, meio que obrigaram o treinador de 54 anos de idade a retomar as origens ao reimplementar o 4-4-2.

E foi a partir de então que o Atlético de Madrid passou a evoluir, a começar pelo surgimento do novato Pablo Barrios, que não sentiu o peso de assumir o bastão do ídolo Koke. A qualidade na saída de bola, aliada a alta capacidade física e a facilidade em atuar como terceiro zagueiro em determinados momentos das partidas — quando o time se defende com uma linha de cinco homens —, fizeram o jovem volante formado nas categorias de base do clube cair rapidamente nas graças de Diego Simeone e da torcida.

Ademais, os outros pilares dessa transformação do Atlético de Madrid são Giuliano Simeone e Connor Gallagher, que encaixaram perfeitamente no sistema de jogo de Diego Simeone, ambos atuando na faixa central, porém com o argentino jogando aberto pela direita e o inglês pela esquerda, ao passo que Pablo Barrios e Rodrigo De Paul completam o meio-campo por dentro.

Apesar de jogar centralizado no Chelsea, Connor Gallagher vem performando muito bem atuando aberto pela esquerda, onde tem a parceria do lateral Javi Galán, outra peça que também pode jogar como terceiro zagueiro se preciso for. Com ótimo passe e poder de marcação, o meio-campista da seleção inglesa contribui na defesa e no ataque, fazendo as vezes de volante ao lado de Rodrigo De Paul durante as fases defensivas, e de meia de criação nas ofensivas.

Do outro lado, Giuliano Simeone é a grande surpresa da temporada e, com absoluta certeza, não ganhou a titularidade somente por ser filho do treinador. Incansável como o pai nos tempos de jogador, o meia argentino luta por todas as bolas e faz uma excelente dupla com Marcos Llorente pela direita. Como Llorente é um lateral mais físico e agudo, que ataca com frequência o corredor, Giuliano faz uma bela dobradinha pelas beiradas, além de também exercer funções táticas fundamentais na parte defensiva.

Mapas de calor: Giuliano Simeone / Connor Gallagher (LaLiga 2024-25)

No ataque, o recém-contratado Julián Álvarez, que teve um início morno no Atlético de Madrid, literalmente engrenou, a julgar pelos 5 gols marcados nos últimos cinco jogos, o que é fruto da incrível união com Antoine Griezmann, lembrando que além de balançar as redes, o ex-jogador do Manchester City se movimenta de forma constante no ataque, abrindo espaços para quem vem detrás, fazendo tabelas, triangulações, e dando assistências. Por sinal, já são cinco nesta temporada.

Por fim, jamais poderíamos deixar de citar Antoine Griezmann, um cara que nasceu pra vestir a camisa do Atlético de Madrid. Ainda que sem a mesma disposição física de outrora, o camisa 7 continua sendo extremamente decisivo e goleador. É a principal referência do time não apenas por ser o maior artilheiro da história do Atleti com 192 tentos, mas também por ser o líder de participação em gols da equipe na temporada com 11 gols e seis assistências.

Vale ressaltar ainda que outra grande arma do Atlético de Madrid é o banco de reservas pra lá de qualificado. Para se ter uma ideia, nomes como César Azpilicueta, Nahuel Molina, Reinildo, Axel Witsel, Koke, Thomas Lemar, Rodrigo Riquelme, Samuel Lino, Ángel Correa, Alexander Sorloth, e o zagueiro da seleção espanhola campeã da Euro 2024, Robin Le Normand, estavam à disposição de Diego Simeone no último jogo da LaLiga contra o Sevilla.

Em todo o caso, o baixo nível técnico da maioria dos adversários enfrentados pelo Atlético de Madrid neste ciclo de dez vitórias — incluindo o PSG que vive uma péssima fase —, coloca em dúvida a real situação dos comandados de Diego Simeone, algo que pode cair por terra, ou não, na última partida do ano frente o Barcelona pela LaLiga.

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