Em 30 de dezembro de 2023, os Red Devils, na época comandados por Erik ten Hag, visitavam o antepenúltimo colocado, Nottingham Forest, pelo último compromisso da Premier League no ano, e retornavam à Manchester com um duro revés por 2 a 1 na bagagem.
E passados 365 dias, ou exatamente um ano, o Manchester United se despediu de 2024 com uma derrota por 2 a 0 frente o Newcastle em pleno Old Trafford, que o mantém estacionado na 14ª posição da Premier League, separado a treze pontos do G-4 e a sete da zona da degola, o que significa que o United começa 2025 mais próximo do rebaixamento do que da briga por uma vaga na Champions League.
No entanto, pior do que isso tudo é notar que o Manchester United continua absolutamente sem chão e desorientado, pois se avaliarmos este mesmo retrospecto num recorte maior incluindo os anos anteriores perceberemos que o declínio do clube apenas aumenta, gerando uma clara sensação de que esse poço em que os Red Devils se encontram não tem fundo.
A propósito, a crise pelos lados do Old Trafford é de tamanha magnitude que a impressão sempre é a de que o Manchester United já chegou no último degrau da escada deste elevado poço, e agora só existe a condição de tomar um impulso e subi-lo. Só que não, a realidade é que esse fundo é uma miragem e o clube continua descendo, fazendo jus ao lema de que tudo que está ruim pode ser ainda pior.
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— Premier League (@premierleague) December 31, 2024
Consequentemente, a péssima fase do Manchester United em campo, também se estende para fora das quatro linhas, a julgar pelas recentes notícias dando conta de que o Old Trafford corre o risco de ser interditado por estar empestado de ratos, de que a nova diretoria do clube — liderada por Jim Ratcliffe — cortou os bônus de Natal dos funcionários — é claro, daqueles poucos que não foram demitidos por ela —, e de que as dívidas referentes as rescisões só cresceram em meio a equivocada renovação contratual de Erik ten Hag, além da errônea contratação do diretor de futebol Dan Ashworth, dispensado após cinco meses.
Logo, diante deste obscuro contexto fica evidente porque Cristiano Ronaldo, que teve uma curta segunda passagem pelo Manchester United entre 2021 e 2022, afirmou que a crise que assola o clube não será solucionada com uma simples troca de treinador, já que em seu entendimento os técnicos são os menos culpados do devastado cenário em que se encontra o Old Trafford, lembrando que o craque português vivenciou um enorme conflito com Erik ten Hag, que até resultou em sua saída do United.
Portanto, certamente é essa a razão pela qual os torcedores do Manchester United não vaiaram Rúben Amorim após a derrota por 2 a 0 frente o Newcastle, isto é, a quarta consecutiva sofrida pelo time, algo que não acontecia há 63 anos, além de ser a sexta dos Red Devils em dezembro, o que os fez igualar a sua pior marca num único mês desde setembro de 1930 (7 derrotas).
Os atuais 22 pontos do Manchester United na Premier League, simbolizam a pontuação mais baixa da equipe em 19 jogos desde a temporada 1989-90, quando os Red Devils terminaram na 13ª posição.
Obviamente, perder do Newcastle não é nenhum desastre na atualidade, acima de tudo quando os Magpies atuam completos com o poderoso meio-campo formado por Sandro Tonali, Bruno Guimarães e Joelinton, além do atacante Alexander Isak — autor de 13 gols e quatro assistências em 21 jogos na temporada —, como ocorreu no Old Trafford.
Por outro lado, era esperada uma apresentação mais consistente do Manchester United, pois foi realmente assustadora a facilidade com a qual o Newcastle confirmou a sua terceira vitória nas últimas 57 visitas ao Old Trafford ao fazer 2 a 0 em somente 20 minutos de jogo, se dando até ao luxo de baixar a intensidade do jogo que, em determinados momentos, chegou a parecer uma partida de adultos contra crianças.
Devido as suspensões de Bruno Fernandes e Manuel Ugarte, a expectativa era que Rúben Amorim armasse um Manchester United mais combativo para enfrentar a física equipe do Newcastle, visando proteger a defesa e o meio-campo. Entretanto, o ex-treinador do Sporting preferiu começar a partida com Casemiro e Christian Erikssen como volantes, e Joshua Zirkzee posicionado como meia ao lado de Amad Diallo, enquanto Rasmus Hojlund jogou como referência no ataque. Pois é, e a troca de Zirkzee por Kobbie Mainoo, aos 33 minutos da etapa inicial, confessa o erro de Amorim.
Por esta razão, é impossível eximir o jovem treinador de 39 anos de idade de responsabilidade nesta que acabou sendo a quinta derrota do Manchester United em 10 partidas disputadas em seus domínios pela Premier League. Ou seja, o time dono da 13ª melhor campanha como mandante na competição fechou o ano somando mais resultados negativos do que positivos atuando no Old Trafford nesta temporada.
???? O Manchester United sofreu 18 gols em seus últimos 8 jogos. É o 2º time que mais sofreu gols em toda a nossa base de dados no período! ????????
— Sofascore Brasil (@SofascoreBR) December 30, 2024
⚔️ 8 jogos
???? 2V – 0E – 6D
???? 25.0% aproveitamento
⚽️ 9 gols
???? 18 gols sofridos
???? 12.6 finalizações p/ marcar gol
⚠️ 4.9 finalizações… pic.twitter.com/Ec0hZTFeHp
Não à toa, Rúben Amorim é o treinador detentor do pior começo à frente do Manchester United desde 1932, ao perder cinco dos dez primeiros jogos pelo clube, ostentando além disso, o aproveitamento mais baixo dentre os técnicos da equipe nas oito partidas iniciais na era Premier League. Quer dizer, uma clara ilustração de que todas as perspectivas geradas pela chegada de Amorim ao United acabaram em míseros 50 dias.
Seja como for, ainda que o desempenho de Rúben Amorim esteja longe do ideal, a verdade é que ele está apenas revivendo os mesmos dramas de todos os sucessores de Sir Alex Ferguson, como são os casos de David Moyes, Louis van Gaal, José Mourinho, Ole Gunnar Solskjaer, Ralf Rangnick e Erik ten Hag. Aliás, treinadores de todos os tipos, desde a nova a velha gerações, e adeptos a estilos de jogos defensivos e ofensivos.
Em resumo, o Manchester United termina mais um ano assistindo o filme desta melancólica década se repetir novamente, desta vez com Rúben Amorim, mas ainda em conjunto da mesma espiral descendente e sem aparente fim!