A temporada 2024-25 parecia ser um verdadeiro conto de fadas ao Barcelona, afinal, os comandados de Hansi Flick iniciaram a sua caminhada na LaLiga de forma arrasadora conquistando sete vitórias nas sete primeiras rodadas, e marcando o montante de 23 gols e sofrendo apenas cinco no período. Não à toa, o Barça chegou a ser considerado o melhor time da Europa até o final de setembro.
Posteriormente, o Barcelona ainda atropelou o rival Real Madrid por 4 a 0 em pleno Santiago Bernabéu, e goleou o Bayern de Munique por 4 a 1 em Montjuic, com o trio de ataque formado por Raphinha, Lamine Yamal e Robert Lewandowski revivendo a melhor fase do MSN. Assim, Hansi Flick caiu nas graças dos blaugranas na mesma que proporção que o ex-técnico e ídolo, Xavi Hernández, caiu no esquecimento.
Em contrapartida, tudo não passou de uma mera ilusão, a julgar que o cenário mudou por completo após a primeira metade da temporada, e não apenas porque o Barcelona se despediu de 2024 somando três derrotas seguidas como mandante na terceira colocação da LaLiga, mas também pelo fato de que os velhos problemas dos anos anteriores vieram à tona novamente nos segundos iniciais de 2025, tendo em vista que tanto Dani Olmo quanto Pau Víctor não estão mais inscritos no elenco catalão.
Atualmente, o Barcelona está com o limite salarial excedido em 157 milhões de euros. A LaLiga permite 426 milhões de euros ao clube que hoje gasta 583 milhões de euros anuais.
Na realidade, o Barcelona viveu momentos pra lá de tensos nos últimos dias de 2024, isso porque o clube precisava comprovar por intermédio de receitas que teria condições se manter as inscrições de Dani Olmo e Pau Víctor no plantel, lembrando que ambos estavam regularizados na LaLiga até o dia 31 de dezembro. Ou seja, uma situação que obrigava a cúpula diretiva barcelonista a usar mais uma das suas tradicionais alavancas financeiras.
Pois é, e desta vez a alternativa encontrada pela diretoria do Barcelona foi a de vender os camarotes vips do Camp Nou para investidores árabes. A propósito, uma ação que, de acordo com o Barça, lhe rendeu o total de 100 milhões de euros. Quer dizer, na visão do clube uma elevada entrada que seria suficiente para manter todos os atuais inscritos na LaLiga, ainda que as vendas tenham saído pela metade do preço, segundo o jornal catalão ‘Mundo Deportivo’.
No entanto, o que o Barcelona não imaginava é que o órgão fiscalizador da (RFEF) Real Federação Espanhola de Futebol não aceitaria a manobra dos catalães pelo simples motivo de que eles só justificaram os valores sem apresentá-los de maneira concreta com os camarotes já negociados através de comprovantes bancários, ou então, colocando os patrimônios do presidente Joan Laporta como garantias.
Talvez por trabalhar com a hipótese de que todas as antigas alavancas econômicas sempre foram aceitas, o Barcelona pode ter confiado fielmente que a venda dos camarotes vips seria mais uma delas e, à vista disso, acabou não se preocupando com uma factível não aceitação. Além disso, a relação envolvendo a RFEF e a LaLiga, cujo histórico nunca foi dos melhores, mudou de um ano pra cá, o que acabou sendo um ponto negativo aos catalães.
Deste modo, apresentando apenas um projeto que não saiu do papel o Barcelona visualizou os primeiros fogos de 2025 como uma espécie de sinal alertando que Dani Olmo e Pau Víctor não fazem mais parte do grupo de Hansi Flick. Obviamente, a perda que mais preocupa é a do meia da seleção espanhola, contratado junto ao RB Leipzig por 48 milhões de euros, que deverão ser pagos a vista independente da provável saída do jogador.
???? Estos han sido los números de Dani Olmo en 5 meses en el Barça ????
— Luckia (@luckia_es) January 2, 2025
¿Le echarán de menos? ????#FCBarcelona pic.twitter.com/4TvkEEZ9GL
Vale ressaltar, que a contratação de Dani Olmo já foi sob elevado risco, pois para inscrevê-lo na LaLiga o Barcelona precisou tirar Andreas Christensen da folha de pagamentos, aproveitando que o zagueiro dinamarquês havia sofrido uma grave lesão no tendão de Aquiles que o ausentou por meses dos gramados. Consequentemente, os salários do ex-jogador do RB Leipzig foi incluído em seu lugar sem que as regras do rigoroso Fair Play Financeiro espanhol fossem infringidas.
Ademais, é importante destacar que os salários referentes aos seis anos de contrato assinado por Dani Olmo também precisarão ser pagos pelo Barcelona, o que aumentaria ainda mais os prejuízos do clube, que somando a compra do atleta e os seus honorários, gastará quase 80 milhões de euros simplesmente sem tê-lo. Uma solução viável para diminuir o estrago, além do aval da LaLiga, seria o jogador de 26 anos de idade abrir mão da parte salarial, algo que ele parece não estar disposto por ter adicionado essa cláusula no acordo.
"Estou tranquilo porque confio em Laporta e Deco para encontrar uma solução. A LaLiga deve apoiar o Barcelona nisso.
— Radio Culer (@RadioCuler) January 3, 2025
Dani está feliz no clube, e estou confiante de que ele ficará no Barça por muitos anos."
????️ Andy Bara (agente de Dani Olmo).
???? German Parga/Barcelona pic.twitter.com/EAcxGLQXRI
Contudo, apesar deste cenário pra lá de trágico o Barcelona ainda se mostra otimista em relação a continuidade de Dani Olmo e Pau Víctor, cujo quadro é exatamente o mesmo. O motivo para isso é que os blaugranas entendem que os dois jogadores poderão ser reinscritos assim que eles enviarem os comprovantes bancários das vendas dos camarotes à LaLiga, pois a emissão não foi realizada devido aos feriados de fim de ano.
Em contrapartida, o parágrafo 5 do artigo 141 do regulamento geral da RFEP define que jogadores que têm a licença cancelada não podem obter um novo registro pelo clube em que estavam inscritos na mesma temporada. Por esta razão, um grupo de times liderados por Atlético de Madrid, Athletic Bilbao e Sevilla já se formaram para processar a LaLiga se Dani Olmo realmente seguir no Barcelona. Por sinal, um movimento que deve se intensificar com outras equipes seguindo este passo.
Enquanto isso, Dani Olmo e Pau Víctor continuam treinando com o restante dos atletas, à medida que o interesse de gigantes como Chelsea e PSG só cresce em torno do camisa 20, ao mesmo tempo que o ambiente interno pelos lados do Camp Nou se tornou um caos com sócios opositores pedindo a renúncia de Joan Laporta, sob a alegação de que um presidente não pode administrar um clube com tantos improvisos e deixando tudo pra última hora.
Seja como for, por mais que Dani Olmo permaneça e evite que a crise econômica do Barcelona tome proporções apocalípticas, a catástrofe institucional já está feita na temporada que está passando de sonho a pesadelo ao Barça.