A décima primeira colocação na tabela da Bundesliga traduz o quão tenebrosa vem sendo a temporada do Borussia Dortmund, o que também explica porque a demissão de Nuri Sahin foi tão comemorada pelos lados do Signal Iduna Park.
Em contrapartida, a realidade é que os problemas do Borussia Dortmund não estão todos resolvidos por conta da simples saída do ex-treinador da equipe, pois embora devendo dentro das quatro linhas, fora de campo o clube alemão precisará escalar o abismo da magnitude do Vale do Rhur que se meteu para superar a grave crise institucional que o assola.
Obviamente, um momento pra lá de crítico que afetou o futebol do Dortmund, a começar pela equivocada escolha da diretoria ao promover Nuri Sahin para suceder Edin Terzic no comando técnico do time, imaginando que o ex-volante aurinegro repetiria o sucesso do antecessor que, por mais que não tenha desenvolvido um trabalho primoroso, foi finalista da edição anterior da Champions League, e perdeu o título da Bundesliga na última rodada da temporada retrasada.
????❌ FIM DA LINHA: NURI ŞAHIN É DEMITIDO DO BORUSSIA DORTMUND!
— Bundesliga Insider (@BundesInsider) January 22, 2025
Com 49% de aproveitamento em 27 jogos, o turco não resistiu às quatro derrotas seguidas em 2025. Ele deixa o time em 10º na Bundesliga e, possivelmente, em 16º na UEFA Champions League. ????????⚠️
Decisão correta?!???? pic.twitter.com/p8ZE4ZhXFo
De qualquer forma, o trabalho de Nuri Sahin foi tão aquém das expectativas que vê-lo iniciar o ano no cargo acabou causando enorme surpresa aos torcedores. Aliás, a principal marca negativa do Borussia Dortmund sob a batuta do jovem treinador de 36 anos de idade foi a pífia performance da equipe atuando fora de seus domínios, a julgar pela única vitória conquistada como visitante em nove compromissos na estrada pela Bundesliga.
Logo, a fragilidade do Dortmund nas partidas fora de casa evidencia que Nuri Sahin não conseguiu fazê-lo jogar da maneira que ele imaginava, isto é, de forma consistente e resistente à pressão dos adversários. E isso talvez pelo fato do time não ser forte fisicamente, vide os dados da própria Bundesliga que justificam essa tese, como por exemplo, ser detentor do 9º maior número de sprints na competição, das 14ª corridas mais intensivas, e por ser o 14º participante que percorreu a distância mais longa até o término da 19ª rodada.
Ao mesmo tempo, é visível a total falta de personalidade do plantel aurinegro, afinal qualquer grande clube que ostenta um desempenho tão ruim quanto este revoltaria os principais líderes do vestiário, algo que não acontece no Borussia Dortmund na temporada seguinte as saídas dos emblemáticos Mats Hummels e Marco Reus. Em outras palavras, lacunas que não foram supridas por figuras mais experientes como Emre Can, Pascal Groß e Marcel Sabitzer.
Seja como for, tudo recaí sobre as decisões da diretoria desde a escolha de Nuri Sahin até o planejamento do elenco. A propósito, antes considerado uma referência no mercado da bola, haja vista as negociações envolvendo Erling Haaland, Jadon Sancho e Jude Bellingham neste período recente, o Dortmund já não ostenta mais este rótulo, tanto é, que Jamie Bynoe-Gittens e — com muita boa vontade — Felix Nmecha, são os únicos jovens com alto potencial de venda no clube na atualidade.
Assim, a mudança do Borussia Dortmund no que diz respeito a política de contratações também foi outro dos fatores que colaboraram para a queda de rendimento do time, fruto do clima de enorme tensão que aflige o departamento de futebol do clube, onde o diretor-esportivo Sebastian Kehl entrou em rota de colisão junto ao diretor-técnico Sven Mislintat, a ponto de ambos não conversarem.
Contratado junto ao Ajax em 2018 por 31 milhões de euros, Sebastien Haller foi o reforço mais caro do Borussia Dortmund nos últimos sete anos.
Como resultado, outros oponentes assumiram o papel do Borussia Dortmund no mercado ao desenvolver e potencializar o futebol de novatos atletas sendo capazes de colocá-los na vitrine por valores astronômicos como o RB Leipzig com Antonio Nusa, Loïs Openda e Benjamin Sesko, ou o Eintracht Frankfurt por intermédio das vendas de Randal Kolo Muani e Omar Marmoush, além de uma futura negociação envolvendo o promissor Hugo Ekitike.
Deste modo, ao passar a investir pesado em jogadores próximos ou na casa dos 30 anos representados por Ramy Bensebaini, Marcel Sabitzer, Niclas Fullkrug, Pascal Groß e Serhou Guirassy, e ainda apostar no trabalho de treinadores inexperientes porém com forte identificação junto ao clube como Edin Terzic e Nuri Sahin, o Dortmund realiza a sua pior campanha na Bundesliga desde a 7ª colocação na na temporada 2014-15, simbolizada pela despedida de Jurgen Klopp.
Diante deste conturbado contexto, a alternativa encontrada pela cúpula diretiva do Dortmund foi contratar Nico Kovac, quer dizer, um treinador de perfil mais rígido para dirigir o time, lhe oferencendo um contrato até 2026 a fim de que ele traga disciplina, consistência e melhore o nível físico dos atletas. Por sinal, motivos que o fizeram vencer a concorrência frente Roger Schmidt e Ralf Rangnick.
Herzlich willkommen, Niko! ????
— Borussia Dortmund (@BVB) January 30, 2025
Der BVB hat die Position des Cheftrainers neu besetzt. Niko Kovac wird die Mannschaft am kommenden Sonntag – einen Tag nach dem Spiel in Heidenheim – übernehmen. Er unterschreibt einen Vertrag bis zum 30. Juni 2026. ✍️
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Com passagens por Eintracht Frankfurt, Bayern de Munique, Monaco e Wolfsburg, o técnico croata terá como missão inicial em sua chegada ao Borussia Dortmund classificá-lo à Europa League, o que significa finalizar a temporada no G-5 da Bundesliga, cuja distância é de 6 pontos no momento, além, é claro, de realizar uma campanha digna na Champions League avançando, quem sabe, às semifinais da competição.
Contudo, ao contrário de Edin Terzic e Nuri Sahin, Nico Kovac carrega consigo um currículo composto por desentendimentos junto a grandes lideranças em seus últimos trabalhos como foram os casos de Thomas Muller, no Bayern de Munique, e Max Kruse, no Wolfsburg. Não à toa, na Alemanha ele já é chamado de mini Felix Magath — renomado treinador conhecido por seus métodos extremamente severos de gestão e treinamentos.
Portanto, se por um lado a evolução do Borussia Dortmund sob o comando de Nico Kovac ainda é uma incógnita, por outro já é possível afirmar que emoções não faltarão no clube da Muralha Amarela.