Em dezembro de 2023, Pierre Sage assumia o comando técnico do Lyon de maneira interina até que um novo treinador fosse contratado para substituir o antecessor Fabio Grosso, despedido do clube francês o deixando na última colocação da Ligue 1.
E após derrotas para Lens (3×2) e Olympique de Marselha (3×0) nos dois primeiros jogos à frente do Lyon, Pierre Sage embalou uma série positiva de quatro vitórias seguidas, estendida a outra de seis triunfos e dois reveses nos oito compromissos seguintes, o que motivou o mandatário do clube, John Textor, a promovê-lo oficialmente na função em meio ao fracasso na missão de buscar um novo comandante.
Posteriormente, a inimaginável 5ª colocação do Lyon na Ligue 1, aliada ao vice-título da Copa da França ao término da temporada anterior, são as comprovações de que a promoção de Pierre Sage saiu melhor que a encomenda. Por esta razão, o contrato do jovem treinador de 45 anos de idade foi estendido até junho de 2026 junto aos lioneses.
No entanto, a velocidade do progresso do Lyon sob o comando de Pierre Sage veio na mesma proporção da queda de rendimento da equipe que venceu somente uma das seis partidas disputadas desde o início do ano, não vence há exatos cinco jogos, e coleciona quatro empates consecutivos no momento, incluindo a eliminação na Copa da França diante do modesto FC Bourgoin-Jallieu, da quinta divisão, após empate em 2 a 2 no tempo regulamentar, seguido da derrota por 4 a 2 nas penalidades.
Além de uma vitória em seis jogos, o Lyon marcou apenas cinco gols até o momento em 2025, algo inédito ao clube no século XXI.
Deste modo, a continuidade de Pierre Sage era dada como nula depois do precoce adeus na Copa da França, sobretudo porque o antigo desejo de John Textor, Paulo Fonseca, ficou disponível no mercado por ter sido demitido pelo Milan no final de dezembro, sem a necessidade de recorrer ao “plano B”, Luís Castro. Assim, os últimos três empates diante de Toulouse, Fenerbahce e Nantes foram cruciais para confirmar a saída do técnico francês depois de 56 jogos pelo Lyon (32V-11E-13D).
Todavia, apesar da sucessão de maus resultados o Lyon ainda ocupa a sexta posição na tabela da Ligue 1 somando 30 pontos, quatro a menos em relação ao terceiro colocado Monaco, o que significa que os lioneses seguem brigando por uma vaga na Champions League. Além disso, na Europa League eles estão situados no quinto lugar da classificação, precisando de uma simples vitória sobre o Ludogorets, em seus domínios na rodada final da fase de liga, para avançar diretamente às oitavas-de-final.
Pierre Sage foi o quinto treinador demitido na atual temporada da Ligue 1, em que quatro clubes já trocaram de técnicos — Montpellier, Rennes (2x), Saint-Étienne e Lyon.
Diante deste cenário, fica evidente que Paulo Fonseca não pegará terra arrasada em seu retorno ao futebol francês oito meses após deixar o Lille, quarto colocado na edição passada da Ligue 1. Logo, o maior desafio do ex-técnico do Milan será implementar e fazer os jogadores se adaptarem rapidamente ao seu sistema de jogo mais ofensivo e impositivo em comparação ao de Pierre Sage.
Ademais, a mudança do 4-3-3 ao 4-2-3-1, formação predileta de Paulo Fonseca, também demandará um pouco mais de tempo ao novo técnico do Lyon, que não terá nenhuma Data Fifa a favor para ajudá-lo neste início de trabalho. Por outro lado, uma condição que não é novidade e tampouco preocupa o experiente técnico que assumirá o 13º clube na carreira.
Aliás, a bagagem de Paulo Fonseca é um dos fatores que mais pesaram na sua ida ao clube francês, ainda que sua recente passagem pelo Milan tenha terminado de maneira bastante conturbada em virtude dos desentendimentos públicos com as principais lideranças do vestiário milanista, como são os casos de Davide Calabria, Theo Hernández e Rafael Leão.
Paulo Fonseca já não é o treinador do Milan:
— Playmaker (@playmaker_PT) December 30, 2024
➡ Venceu metade dos jogos: 12 vitórias em 24 jogos
➡ 27 pontos após 17 jogos na Serie A: pior registo das 5 últimas épocas
➡ 8.º na Serie A, a 14 pontos da liderança
➡ 4 vitórias consecutivas na Champions pic.twitter.com/eCJkIOl51K
Seja como for, é importante notarmos se Paulo Fonseca seguirá encontrando dificuldades nos enfrentamentos ante equipes que jogam de forma mais defensiva e em bloco baixo, algo que ficou marcado em seu trabalho no Lille. Em contrapartida, o 4-2-3-1 favorecerá o jogo dos geniais Thiago Almada e Rayan Cherki, com o argentino atuando como meia centralizado, e o francês aberto pela direita.
Quero dominar o jogo. E para isso devo ter a bola. Mesmo quando geri equipes menores, as preparava para os jogos com as mesmas ideias. Essa é a natureza do jogo que eu quero, minha paixão. Não jogo apenas pelo resultado.
Paulo Fonseca, treinador do Lyon
Já na parte defensiva, os times de Paulo Fonseca atuam com zagueiros construtores, que além de disporem de qualidade no passe também costumam progredir com a bola a fim de quebrar a primeira linha do adversário e criar superioridade numérica. Em outras palavras, características que contrariam os perfis da dupla de zaga formada por Moussa Niakhaté e Clinton Mata, da mesma forma que o fato de preferir jogar com um atacante mais móvel e versátil foge das feições de Alexandre Lacazette.
Seja como for, embora Pierre Sage não estivesse tirando o máximo dos seus jogadores como vinha fazendo até o Natal, a sua saída se mostra um equívoco nesse momento, em especial porque os lioneses não realizam uma temporada ruim. Soma-se a isso, o fato de que a chegada de Paulo Fonseca não trará uma identidade inovadora ao Lyon. Ao contrário, o máximo que veremos será o time jogando num 4-2-3-1 ofensivo, como fazem 50% dos treinadores do futebol mundial.
Portanto, a grande diferença é que agora teremos um técnico precisando colocar em prática uma nova porém nada renovadora abordagem de jogo, e jogadores tentando assimilá-la o mais rápido possível para evitar com que a temporada do Lyon não se torne caótica como antes da vinda de Pierre Sage.