A saída de Thiago Motta não impactou o Bologna, que evoluiu com Vincenzo Italiano

No momento em que a negociação envolvendo a ida do então técnico do Bologna, Thiago Motta, rumo à Juventus foi confirmada ao término da magistral temporada 2023-24, apenas uma questão persistia na mente dos torcedores bolonheses: e agora?

Por sinal, uma preocupação natural em meio ao inusitado adeus do técnico que conduziu o Bologna novamente à Champions League após longos 59 anos, lembrando que Thiago Motta foi o primeiro grande personagem dos Rossoblù que puxou a fila de saída do clube. Depois foram as vezes de Joshua Zirkzee e Riccardo Calafiori, que se transferiram ao futebol inglês.

Em todo o caso, o temor da torcida do Bologna, que mantinha viva a esperança na contratação de Maurizio Sarri, aumentou ainda mais assim que Vincenzo Italiano foi anunciado como sucessor de Thiago Motta, sobretudo em função dos três vice-títulos obtidos pela Fiorentina no decorrer de sua passagem de três anos por Florença, sendo dois consecutivos nas temporadas anteriores da Conference League, e outro na edição 2022-23 da Coppa Italia.

No entanto, a intenção do Bologna ao apostar na vinda de Vincenzo Italiano era manter as mesmas características de Thiago Motta a fim de evitar uma comprometedora mudança no sistema de jogo da equipe, já que o ex-treinador da Fiorentina também é adepto ao controle através da posse de bola, e inclusive utiliza formações táticas similares em relação ao técnico ítalo-brasileiro, que variam entre o 4-2-3-1 e o 4-1-4-1.

Pois é, e como a margem de erro é sempre mínima ao Bologna, visto que qualquer mísero equívoco pode custar a temporada dos Rossoblù, mais uma vez a cúpula diretiva do clube — liderada tanto pelo presidente Joey Saputo, quanto pelos gerentes Giovanni Sartori e Marco Di Vaio — acertou em cheio na contratação de Vincenzo Italiano, vide o aproveitamento superior em comparação a Thiago Motta em seu último ano na capital da Emilia-Romagna neste mesmo estágio da Serie A.

Serie A (22 jogos)Thiago Motta (23-24)Vincenzo Italiano (24-25)
Posição
Pontos3637
V-E-D9-9-49-10-3
Gols Marcados2735
Gols Sofridos2027
Aproveitamento54,5%56%

Conforme demonstrado na tabela acima, a grande diferença é que o Bologna, de Thiago Motta, sofria menos gols por ter uma defesa mais sólida, ao passo que o time de Vincenzo Italiano é dono de um ataque melhor por jogar de maneira mais ofensiva. Aliás, um detalhe também destacado por intermédio da campanha da Fiorentina que naquela ocasião havia sido vazada 24 vezes e balançado as redes em 29 oportunidades.

Em todo o caso, performances bastantes similares como previa a diretoria do Bologna, porém levemente melhor sob a liderança de Vincenzo Italiano na temporada em que o nível de competitividade da Serie A cresceu, a julgar pelas pontuações da maior quantidade de clubes brigando por vagas em torneios continentais, tanto é, que há um ano os emilianos estariam na quarta posição da tabela — ao lado da Lazio — com estes 37 pontos da atualidade.

Todavia, é importante destacar que o trabalho de Vincenzo Italiano foi colocado à prova logo em seu início no Bologna devido a série de quatro empates e uma derrota nos cinco primeiros jogos da temporada, que se estendeu para uma única vitória nas seis partidas seguintes. Em outras palavras, apenas 10 de 33 possíveis pontos capazes de aumentar o volume das críticas em torno da diretoria que, embora sob pressão, se manteve resistente a convicção de que o técnico de 47 anos de idade era o nome certo para seguir à frente da equipe.

Vale ressaltar ainda, que a desconfiança por parte da torcida também era grande em razão da tímida janela de transferências do Bologna, afinal, era esperado que o clube italiano investisse pesado por ter recebido altas cifras referentes a participação na Champions League, somadas as vendas de Joshua Zirkzee e Riccardo Calafiori, que juntas totalizaram 87,5 milhões de euros. Entretanto, somente 51 milhões de euros foram despejados para fortalecer o plantel cujo reforço mais caro, Thijs Dallinga, custou 15 milhões de euros.

De qualquer maneira, sem se abalar o Bologna seguiu o planejamento definido antes da temporada e, deste modo, perdeu um jogo — do Hellas Verona, por 3 a 2 — nos últimos 15 compromissos. Para se ter uma ideia, os pupilos de Vincenzo Italiano permanecem invictos em 2025, contabilizando 4 vitórias e 4 empates nas oito partidas disputadas no ano, considerando todas as competições.

Portanto, a sequência de resultados positivos provou que os dirigentes do Bologna estavam realmente certos, o que também se comprovou através do recente triunfo pelo placar mínimo sobre a Atalanta em pleno estádio Atleti Azzurri d’Italia, que rendeu a qualificação dos Rossoblù às semifinais da Coppa Italia, algo que não acontecia desde 1999, época em que o time comandado por Carlo Mazzone caiu diante da Fiorentina nas penalidades.

Como não poderia deixar de ser, o Bologna encarou uma verdadeira batalha contra a Atalanta. Não à toa, o goleiro Łukasz Skorupski foi o principal destaque em campo devido as cinco defesas realizadas no jogo. Por outro lado, ao aproveitar uma das duas grandes chances que teve ao longo dos noventa minutos com o atacante Santiago Castro, os emilianos não apenas carimbaram a vaga nas semifinais da Coppa Italia, como também ampliaram para cinco o número de partidas sem derrotas frente os bergamascos.

À vista disso, a alegria dos bolonheses foi proporcional ao feito alcançado pelo time após 26 anos. A propósito, centenas deles compareceram à Casteldebole para receber os jogadores no dia seguinte a histórica classificação na Coppa Italia, repetindo as cenas da temporada passada em que o centro de treinamentos do clube também foi tomado por eufóricos tiffosi em virtude do regresso do Bologna à Champions League.

Deste modo, cabe agora ao Bologna aguardar o vencedor do embate do próximo dia 26 entre Juventus x Empoli para saber qual deles será o seu adversário nas semifinais da Coppa Italia, que pode se traduzir num reencontro com o técnico já faz parte do passado aos Rossoblù que foram do “e agora?” para o “quem?” num curtíssimo espaço de sete meses.

Em resumo, Bologna continua em êxtase com Vincenzo Italiano, ao contrário de Turim, tão opaca quanto nos tempos de Massimiliano Allegri. Mas isso é assunto pra outra hora!

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