Há tempos a Inter de Milão não iniciava a Serie A com o favoritismo tão abrangente como na atual temporada, e não apenas pelo fato de ter a equipe mais forte do futebol italiano, mas também porque todos os seus principais concorrentes na briga pelo scudetto começaram trabalhos do zero, com exceção a Atalanta.
No entanto, a realidade é que já passamos da metade de fevereiro e todas previsões não se confirmaram — pelo menos até o momento —, a julgar que a Inter de Milão ocupam a vice-posição da Serie A somando 54 pontos, dois a menos em relação ao primeiro colocado Napoli, lembrando que assim como Juventus, Udinese e Torino, os Nerazzurri lideraram a tabela em somente uma das 25 rodadas disputadas no Calcio, contra 16 do Napoli, e 5 da Atalanta.
Logo, fica evidente que a Inter de Milão não foi capaz de assumir o protagonismo que dela se esperava em nenhum instante da temporada, nem mesmo na pior fase vivida pelo líder Napoli neste recente ciclo dos cinco jogos anteriores em que os napolitanos contabilizaram nove pontos com direito a três empates nas últimas três partidas, claramente sentindo o impacto causado pela saída de Khvicha Kvaratskhelia. Ainda assim, um desempenho superior em comparação aos míseros sete pontos conquistados pelos comandados de Simone Inzaghi.
A minha tabela atualizada ✅
— Lega Serie A (@SerieA_BR) February 17, 2025
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Ademais, outro detalhe não menos relevante é a performance irregular da Inter de Milão nas partidas contra as nove melhores campanhas da Serie A, tendo em vista que os Nerazzuri faturaram pífios 16 de 33 possíveis pontos diante destes adversários. Para se ter uma ideia, foram 4 vitórias, 4 empates, 3 derrotas e o total de 13 pontos deixados pelo caminho considerando estes onze confrontos.
Portanto, um aproveitamento bastante aquém das expectativas do time que venceu a Serie A na última temporada com cinco rodadas de antecedência e, de quebra, sobre o maior rival no San Siro. Por sinal, desde então a Inter de Milão não ganhou mais do Milan registrando um empate e duas derrotas, sendo a mais recente delas por 3 a 2, de virada, pela decisão da Supercoppa Italia.
De qualquer maneira, uma das principais causas desse queda de rendimento por parte dos atuais campeões italianos é a vulnerabilidade defensiva, tanto é, que eles já foram vazados o montante de 24 vezes em 25 jogos, se mantendo com a terceira melhor defesa da Serie A. Em termos de comparação, neste mesmo estágio da temporada passada a Inter de Milão havia sofrido somente 12 tentos. Em outras palavras, o dobro de gols a menos.
Com 24 gols sofridos na atual edição da Serie A, a Inter de Milão já teve as redes balançadas mais vezes do que em toda a temporada do 19º scudetto em que ela foi vazada 22 vezes em 38 rodadas.
Contudo, o aumento do número de gols sofridos é reflexo da perda de competitividade e ferocidade da Inter de Milão, isto é, das principais qualidades do time desde a chegada de Simone Inzaghi em 2021. Ainda que o treinador de 48 anos de idade insista em elogiar o comprometimento dos jogadores, é inegável que os problemas dos Nerazzurri parecem ser mais de ordem mental do que físicos ou relacionados ao elenco.
Vale ressaltar que outra virtude da Inter de Milão sob a liderança de Simone Inzaghi era a efetividade do ataque sempre capaz de decidir jogos com poucas oportunidades, algo que literalmente sucumbiu nessa temporada, vide o exemplo do Derby D’Italia, onde a equipe finalizou (17-16) e teve mais grandes chances de gols (3-2) porém ainda assim retornou de Turim sem nenhum ponto na bagagem em função do revés pelo placar mínimo no Allianz Stadium.
Deste modo, sofrendo viradas, mais frágil defensivamente e não matando os jogos, a sensação é a de que a Inter de Milão perdeu por completo a identidade, algo que, é claro, não se readquire como se fosse um interruptor de luz que você liga ou desliga quando bem entende, ou tampouco se alcança por intermédio de intensas sessões de treinamento.
A Inter de Milão não vence a Serie A de maneira seguida desde o pentacampenato de 2010 . Na época, foram três scudettos conquistados por Roberto Mancini, e outros dois por José Mourinho.
Simone Inzaghi, por sua vez, insiste em elogiar o comprometimento dos atletas nas entrevistas pós-jogo, passando a impressão de estar na mesma sintonia de Roberto Mancini após conduzir a Itália ao título da Euro 2020. Na ocasião, o ex-comandante da Squadra Azzurra afirmava que tudo estava certo mesmo com o notável declínio da seleção tetracampeã mundial depois do título continental. No final das contas, os italianos não disputaram a segunda Copa do Mundo de forma consecutiva.
Seja como for, embora a supremacia dos Nerazzurri não exista mais na Serie A, é importante destacar que mesmo em meio a essa turbulência eles ainda dependem apenas de si para conquistar o bicampeonato italiano, já que no próximo dia 02 a Inter de Milão visitará o Napoli com a perspectiva de reassumir o posto mais alto da tabela, além de espantar o fantasma do mau retrospecto em grandes jogos.
Além disso, um triunfo sobre o Napoli pode ser crucial para a Inter de Milão se sobressair na corrida pelo scudetto, considerando o tranquilo caminho a ser percorrido nas rodadas seguintes somente com jogos mais complexos contra Atalanta, Roma e Lazio, paralelamente aos confrontos eliminatórios da Coppa Italia e da Champions League, que começará com Feyenoord ou Juventus nas oitavas-de-final.
Isto posto, apesar dos alarmes já estarem soando como sinos de igrejas do lado azul e preto da capital da Lombardia, nada está perdido aos interistas.