Apesar da derrota pelo placar mínimo em Roterdã, as sete orelhudas erguidas pelo Milan ao longo da história pesavam sobre o Feyenoord no jogo de volta dos playoffs de repescagem da Champions League, e os italianos ainda se mantinham confiantes na classificação às oitavas-de-final do torneio.
Pois é, e o grau de otimismo dos torcedores milanistas aumentou demasiadamente logo no minuto inicial do jogo de volta, quando o recém-contratado Santiago Giménez balançou as redes do clube que defendera até o mês passado, fazendo prevalecer a famosa lei do ex no San Siro. Logo, o Milan tinha a partida inteira para marcar apenas mais um gol e garantir a qualificação.
Todavia, o detalhe que faz do futebol o esporte mais apaixonante do planeta é o referente a imprevisibilidade na qual um jogo pode mudar a ponto do time mais fraco superar o mais forte. Com isso, embora o Milan tenha encerrado o primeiro tempo registrando 11 finalizações, sendo quatro no gol e uma na trave, contra dois míseros arremates do Feyenoord, sem nenhum na direção certa da meta de Mike Maignan, foram os comandados de Sérgio Conceição que saíram de campo eliminados da Champions League.
Esta foi a segunda vez na história que o Milan foi eliminado da Champions League por um clube holandês, algo que só havia acontecido em 1995, diante do Ajax.
Por mais que o futebol seja um esporte coletivo, é inegável que a precoce e melancólica queda do Milan teve como responsável o lateral-esquerdo Theo Hernández, expulso de forma pra lá de juvenil ao tentar cavar um pênalti aos 6 minutos do segundo tempo, instante da partida em que os Rossoneri controlavam as ações do jogo, estando muito próximos de marcar o segundo gol, lembrando que o primeiro cartão amarelo recebido pelo francês no final da etapa inicial veio devido a uma desnecessária falta cometida no meio-campo.
Por esta razão, o segundo cartão amarelo aplicado à Theo Hernández em virtude de uma fajuta simulação acabou nem sendo questionada pelo Milan, que com um atleta a menos em campo viu o Feyenoord, sob a batuta do interino Pascal Bosschaart, retomar as rédeas da partida, igualar o marcador — aos 28 minutos —, e transformar o sonho milanista em pesadelo no San Siro.
Como resultado, agora a caminhada do Milan se resume a briga pelo título da Coppa Italia, além da batalha pelo G-4 da Serie A para, quem sabe, retornar à Champions League na próxima temporada. A propósito, uma difícil missão considerando que outros quatro clubes estão lutando diretamente pela vaga, e os Rossoneri encerraram a 25ª rodada na sétima posição da tabela a cinco pontos da quarta colocada Juventus — mas com um jogo a menos no campeonato.
Italianos na Champions League 24/25:
— R10 Score (@R10Score) February 19, 2025
???????? Bologna ❌
???????? Milan ❌
???????? Atalanta ❌
???????? Juventus ❌
???????? Inter de Milão ❓
Já são quase 15 anos sem título de um time italiano na UCL. O que essa dado te faz refletir? ???? pic.twitter.com/spg8adbNHZ
De qualquer maneira, o adeus na Champions League deve antecipar alguns passos do Milan no que diz respeito ao planejamento da temporada 2025-26, em especial pela provável saída de Theo Hernández já na próxima janela de transferências. Ainda que o contrato do atleta de 27 anos de idade seja válido até junho de 2026, é óbvio que o clube italiano não perderá a última oportunidade de negociá-lo por cifras significativas como os 40 milhões de euros oferecidos pelo Como em janeiro.
Por outro lado, a intenção de Theo Hernández sempre foi seguir defendendo as cores do Milan, inclusive a mais recente pedida do jogador visa igualar o maior salário de Rafael Leão, que recebe 7 milhões de euros por temporada, sendo este o maior ordenado do plantel. Entretanto, se a negociação estava parada há algumas semanas porque o clube mantinha dúvidas em relação ao acerto, hoje já é certo que o futuro do lateral francês não será em Milão.
Vale ressaltar que Theo Hernández foi um dos principais pivôs da saída do antecessor de Sérgio Conceição, Paulo Fonseca. Na época, ele, Rafael Leão e Davide Calabria entraram em rota de colisão com o treinador português, atualmente no Lyon, e até foram deixados no banco de reservas em algumas oportunidades por motivos de indisciplina. Seja por mera coincidência ou não, o lateral-direito e ex-capitão do Milan já foi negociado na última janela de transferências, e Theo trilhará este mesmo caminho.
Theo Hernández postou seu pedido de desculpas pra torcida do Milan ???? pic.twitter.com/0dlRWk70wI
— Euro Fut (@EuroFute) February 19, 2025
Mesmo sendo um dos melhores laterais-esquerdos da atualidade, por vezes o lado extra-campo de Theo Hernández se sobressai ao futebol praticado dentro das quatro linhas. No jogo contra o Feyenoord, por exemplo, o camisa 19 apareceu com o cabelo pintado de branco com mexas rosas. Soma-se a isso, as diversas postagens nas redes sociais, principalmente no Instagram através de storys, em que o atleta aparece em restaurantes chiques, carros de luxo e lojas de grife.
Ainda assim, tudo sempre foi compensado em meio as boas atuações do jogador considerado um dos principais símbolos da conquista do último scudetto milanista em 2022. Contudo, foi nesta temporada que as críticas sobre Theo Hernández se intensificaram, enquanto ele oscilava ao ir de herói a vilão desde a brilhante partida na decisão da Supercoppa Italia até a lamentável apresentação na derrota por 2 a 1 diante da Fiorentina, com direito a pênalti perdido e expulsão nos acréscimos do jogo.
No entanto, ao comprometer totalmente a temporada do Milan por intermédio da infantil expulsão frente o Feyenoord, Theo Hernández fechou de vez as portas no clube. Não à toa, até a pequena parte dos torcedores milanistas que ainda o apoiavam, agora o desaprovam. Por sinal, um pensamento que não deve ser nada diferente tanto em relação ao rigoroso técnico Sérgio Conceição, quanto a diretoria representada na figura de Zlatan Ibrahimovic.
Isto posto, a verdade é que Theo Hernández aprendeu da pior forma possível que um cabelo é capaz de voltar a tonalidade natural com tinturas, que storys do Instagram se apagam 24 horas após a postagem, mas que a imprudência num jogo eliminatório de Champions League ficará marcada eternamente na história.