Sétimo colocado na tabela da Premier League, somando 8 de 24 possíveis pontos disputados em 2025 pelo campeonato, e sem vencer atuando fora de seus domínios há exatos 74 dias. Quem analisa estes dados se surpreende ao saber que o Chelsea passou o Natal sonhando com a conquista do título inglês.
Contudo, este é o retrato da acentuada queda de rendimento dos Blues, donos da campanha de maior derretimento na Premier League, visto que tanto o Tottenham quanto o Manchester United, por exemplo, vivem um longo período de crise, motivo pelo qual ambos não caíram na classificação de forma tão vertiginosa. Não à toa, os torcedores que até o final do ano passado cantavam Our Chelsea is back (o nosso Chelsea está de volta), hoje entoam We want our Chelsea back (queremos o nosso Chelsea de volta) nos jogos em Stamford Bridge.
Deste modo, a pressão sobre o proprietário do Chelsea, Todd Boehly, vem ganhando proporções cada vez maiores, o que se nota também por intermédio das constantes saudações da torcida ao antecessor Roman Abramovich. Consequentemente, é óbvio que essa tensa situação respinga sobre Enzo Maresca, tanto é, que a continuidade do técnico italiano no clube dependerá do desfecho da temporada, quer dizer, da conquista da vaga na Champions League.
Em 38 jogos sob o comando de Enzo Maresca, o Chelsea contabiliza 21 vitórias, 7 empates, 10 derrotas, 88 gols marcados, 47 gols sofridos, e 61,4% de aproveitamento.
A propósito, vale ressaltar que esse contexto envolvendo um bom início de temporada acometida por uma queda em sua segunda metade não é novidade na carreira de Enzo Maresca, a julgar pela campanha do Leicester, ex-clube do treinador do Chelsea, na edição anterior da Championship League, quando os Foxes se sagraram campeões assinalando 58 dos 97 pontos do campeonato no primeiro turno, contra outros 39 contabilizados no returno.
No entanto, essa condição se contrapõe a caminhada do Chelsea na temporada anterior em que os Blues começaram mal a Premier League, mas engataram uma série de cinco vitórias nas cinco rodadas finais, o que ao menos lhes rendeu a classificação à Conference League em função do sexto lugar alcançado na competição. Ainda assim, uma posição que não assegurou a permanência de Mauricio Pochettino no comando técnico da equipe.
Em todo o caso, a oscilação do Chelsea nestas últimas duas temporadas é algo absolutamente natural de um plantel composto por diversos jovens atletas, cuja média de idade é de 23,5 anos, isto é, o índice mais baixo da Premier League. Entretanto, os mais de 2 bilhões de euros gastos sob a gestão de Todd Boehly elevam as expectativas dos londrinos, a ponto de colocá-los como postulantes ao título da Premier League.
Logo, a realidade é que o Chelsea vive um verdadeiro paradoxo mediante a compreensível falta de regularidade natural entre novatos jogadores, e a obrigação de competir na ponteira da Premier League devido aos altos investimentos realizados, atravessando uma espécie de crise de identidade por querer colher os frutos do sucesso imediatamente, porém trabalhando num projeto que visa o longo prazo.
De qualquer maneira, o legítimo problema de um clube onde a paciência historicamente inexiste, pois ao contrário de Manchester United, Arsenal e Tottenham, o Chelsea não titubeia em trocar de treinador por menor que seja a crise ou a sucessão de maus resultados. Por sinal, um panorama que se intensificou ao longo da era Roman Abramovich.
Embora prestes a completar três anos na direção do Chelsea, Todd Boehly já promoveu quatro trocas de técnicos no clube (Thomas Tuchel/Graham Potter/Frank Lampard/Mauricio Pochettino/Enzo Maresca).
Todavia, enquanto o Chelsea não decide por qual lado navegará, é relevante o fato de que a péssima fase dos Blues orna com o crítico momento de Cole Palmer, o que se subentende que o declínio do meia inglês nos últimos jogos foi determinante para o desmoronamento do time. Para se ter uma ideia, o jogador de 22 anos de idade não balança as redes ou dá assistências há seis compromissos, mais especificamente desde o gol marcado no empate em 2 a 2 com o Bournemouth pela 14ª rodada da Premier League, em 14 de janeiro.
Soma-se a isso, a pífia performance dos goleiros do Chelsea que vem decepcionando de tal forma que a sensação é a de que Filip Jorgensen é melhor nos jogos em que Robert Sánchez está em ação, e vice-versa. Agora a bola da vez foi o dinamarquês, autor de uma falha gritante no último lance da partida contra o Aston Villa, que resultou no gol da vitória do clube de Birmingham.
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— Chelsea FC (@ChelseaFC) February 22, 2025
Ademais, a ausência do lesionado Nicolas Jackson vem obrigando Enzo Maresca a escalar Pedro Neto como falso 9 no ataque. Ainda que o ex-atacante do Villarreal não convença mediante ao baixo aproveitamento na conclusão das jogadas, é inegável que apesar das boas atuações o camisa 7 não rende o esperado jogando fora de posição, assim como ocorre com o lateral Reece James atuando ao lado de Moisés Caicedo no meio-campo.
Para todos os efeitos, mesmo diante deste controverso cenário o Chelsea segue separado a apenas um ponto do quarto colocado Manchester City na classificação da Premier League, e na próxima rodada terá a vantagem de receber no Stamford Bridge o lanterna e “saco de pancadas do campeonato”, Southampton, que já sofreu o montante de 61 gols nas 26 partidas disputadas até aqui.
Em outras palavras, uma valiosa oportunidade para Enzo Maresca colocar o Chelsea no caminho das vitórias a fim de retomar a batalha pelo G-4, além de assegurar sua permanência no imediatista clube do oeste de Londres.