Com o inusitado triunfo sobre o Chile por 3 a 0 na noite de ontem, o Peru, do treinador Ricardo Gareca, garantiu a sua vaga na decisão da Copa América 2019, aonde enfrentará o anfitrião, Brasil, no estádio do Maracanã.
O futebol é realmente o esporte do imponderável, pois quem seria capaz de imaginar que o selecionado do Peru seria finalista da Copa América? Arrisco dizer que nem os mais fanáticos torcedores peruanos seriam capazes de prever tal feito, afinal, os blanquirrojos realizaram uma campanha meramente razoável no torneio sul-americano até aqui. Para se ter uma ideia, os peruanos encerraram a primeira fase da competição colecionando 1 vitória, 1 empate e uma derrota, em 3 partidas disputadas. Desta maneira, os comandados de Ricardo Gareca terminaram na 3ª posição do grupo A, com 4 pontos ganhos, permanecendo atrás de Brasil e Venezuela, respectivamente.
Vale ressaltar ainda, que nos três jogos válidos pela fase de grupos da Copa América, o Peru balançou as redes apenas na partida contra a Bolívia (3 x 1), lembrando que no empate diante da Venezuela (0 x 0) e na derrota frente o Brasil (5 x 0), os peruanos passaram em branco. Posteriormente, nas quartas de final da competição, os blanquirrojos confirmaram a sua classificação somente na disputa das penalidades, visto que no tempo regulamentar, eles empataram em 0 a 0 com o Uruguai, sem arrematar uma única bola na baliza uruguaia. Logo, o conjunto inca chegou nas semifinais registrando míseros 41,67% de aproveitamento no torneio continental.

Assim, aos trancos e barrancos, o Peru conseguiu chegar nas seminais da Copa América, aliás, foi exatamente nesta fase, que os blanquirrojos teriam pela frente o jogo mais aguardado por eles no torneio. Me refiro ao confronto contra o Chile, cuja a rivalidade transcende até mesmo a esfera esportiva, em virtude da guerra travada entre os dois países no final do século XIX, conhecida como a ‘Guerra do Pacífico’, uma dura batalha que só teve fim quando os chilenos se apossaram da região de Tarapacá, que na época, fazia parte do território peruano.
Como não poderia deixar de ser, o duelo envolvendo chilenos e peruanos foi bastante intenso, mas ao contrário da Guerra do Pacífico, teve um final feliz para o Peru, que ganhou a partida por 3 a 0, com gols de Edison Flores, Yoshimar Yotún e Paolo Guerrero. Certamente, esta foi a melhor atuação dos blanquirrojos até o momento pela Copa América, que mesmo obtendo menos posse de bola em relação ao Chile durante os 90 minutos da partida (34% de posse de bola), e finalizando menos vezes ao gol adversário (7 a 3), saíram da arena do Grêmio classificados à grande final da competição.

Com isso, o Peru conseguiu a proeza de chegar na final da Copa América após longos 44 anos sem disputar a decisão do torneio. A última vez que os blanquirrojos foram finalistas da competição, ocorreu em 1975, ano em que os peruanos ergueram o caneco continental pela segunda vez na história, ao passo que a primeira, deu-se em 1939. Por esta razão, a classificação foi extremamente comemorada tanto pelos jogadores quanto pelo técnico Ricardo Gareca, conforme as palavras do próprio treinador argentino, confira:
"Todos os peruanos estão muito felizes, o imenso apoio que recebemos em todos os lugares nos enche de satisfações. Eu acho que já jogamos ótimas partidas, não posso dizer que essa foi a melhor, mas atuamos muito bem diante de um oponente fortíssimo, e isso é importante porque chegamos a uma final". concluiu Ricardo Gareca.
O comandante argentino já havia qualificado o Peru para disputar a Copa do Mundo depois de 36 anos, em decorrência da 5ª colocação conquistada pelos peruanos na edição anterior das Eliminatórias. Por este motivo, o técnico de 61 anos de idade é considerado um dos grandes responsáveis pela recente ascensão dos blanquirrojos. Agora, a principal meta do selecionado inca é conquistar o título sul-americano, uma missão extremamente indigesta, sobretudo porque do outro lado estará o anfitrião, Brasil, aquele mesmo que o goleou por 5 a 0 na fase de grupos da Copa América. Todavia, está aí uma oportunidade de ouro para o Paolo Guerrero, Christian Cueva, Jefferson Farfán e companhia limitada, protagonizarem um novo Maracanazzo. Aguardemos!