Depois de um longo período de indecisão e dúvidas, enfim o Tottenham revelou o nome do sucessor de Antonio Conte no comando técnico da equipe. Trata-se de Ange Postecoglou, ex-Celtic, que assinou um contrato válido por QUATRO TEMPORADAS, e se tornará o primeiro treinador australiano na história da Premier League.
No entanto, a escolha por Ange Postecoglou não agradou em nada os torcedores do Tottenham, que teceram duras críticas ao presidente do clube, Daniel Levy, através das redes sociais, afinal, a maior parte deles aguardava o anúncio de um profissional renomado no mundo da bola.
A propósito, os pontos que mais incomodam a torcida são os 57 anos de idade de Ange Postecoglou, e a ausência de trabalhos nas cinco principais ligas do futebol europeu, lembrando que o treinador acumula passagens por: Panachaiki, da Grécia; Brisbane Roar e Melbourne Victory, ambos da Austrália; Yokohama Marinos, do Japão; Celtic, da Escócia; além da seleção australiana, entre 2013 e 2017, época em que o Socceroos disputaram o Mundial do Brasil.
Sob a direção de Ange Postecoglou, o Celtic obteve 83 vitórias, 12 empates, 18 derrotas e cinco títulos, em 113 partidas ou duas temporadas.
Talvez os torcedores tenham se acostumado com a ideia de técnicos prestigiados trabalhando no Tottenham em virtude das recentes passagens de José Moutinho e Antonio Conte no clube do norte de Londres. Todavia, é inegável que atributos como idade e falta de experiência em grandes ligas europeias não determinam o sucesso – ou não – de um treinador.
Inclusive, é importante salientar que Antonio Conte deixou o Tottenham sendo odiado pelo fato de se achar superior aos Spurs. Em outras palavras, por sempre passar a impressão de que estava prestando um favor ao submisso clube inglês que, por sua vez, fazia de tudo para agradá-lo.
Não obstante, em recente entrevista, o treinador José Mourinho afirmou que o Tottenham foi o único dos nove clubes em que ele trabalhou e não guardou nenhum tipo de sentimento ou identificação.
Portanto, daí pode ter surgido a ideia de Daniel Levy optar pela contratação de um treinador com apetite para encarar novos desafios e que, acima de tudo, valorize o Tottenham, a julgar que a fase vivida pelos Spurs também não é das melhores, haja vista a oitava colocação na última campanha da Premier League, o que deixou-os de fora das copas continentais da próxima temporada.
Vale ressaltar, que desde o ápice alcançado ao disputar a final da Champions League em 2019, os londrinos jamais encerraram a Premier League entre os três melhores colocados, vide as 6ª, 7ª, 4ª e 8ª posições nas temporadas seguintes, o que significa que, muito provavelmente, treinadores do mais alto escalão não se interessariam por um cargo no Tottenham, neste atual momento.
Jose Mourinho has made critical remarks about Tottenham, expressing that unlike his other previous clubs, he does not hold any sentimental connection to them.#JoseMourinho #Roma #TottenhamHotspur #Tottenham #SerieA #PremierLeague pic.twitter.com/bC9Lp0oSms
— Buaksib (@buaksib) May 25, 2023
Já em relação a Roberto De Zerbi e Brendan Rodgers, nomes que agradavam a torcida dos Spurs mas não foram nem ao menos cogitados pela diretoria, são opções tão incertas quanto Ange Postecoglou. Por sinal, o que motivaria De Zerbi a assumir um clube em total reconstrução, depois de uma brilhante temporada à frente do Brighton? Acredito que nem um salário astronômico seria capaz de tal feito.
E acerca de Brendan Rodgers, ficou claro através de sua passagem pelo Celtic, que ele desenvolveu um trabalho inferior em comparação a Ange Postecoglou, considerando a média de 2,3 pontos por jogo do técnico australiano, mediante ao índice de 2,24 por parte do treinador norte-irlandês, um dado que também se equivale na Scottish Premiership em razão da taxa de 2,53 de Postecoglou, ante 2,44 de Rodgers.
Ange Postecoglou traz uma mentalidade positiva e um estilo de jogo rápido e ofensivo. Ele tem um bom histórico de desenvolvimento de jogadores e uma compreensão da importância das categorias de base, tudo o que é importante para o Tottenham.
Daniel Levy, presidente do Tottenham
Soma-se a isso, o fato de que Ange Postecoglou detém habilidades preponderantes para o sucesso momentâneo do Tottenham. A começar pelo espírito agregador, capaz de trazer a torcida novamente junto ao clube, o que não se vê há tempos no norte de Londres. Não à toa, a euforia das arquibancadas durou míseros 30 minutos no jogo de volta das oitavas-de-final da Champions League, onde os Spurs necessitavam de um tento para levar a partida contra o Milan ao tempo extra no Tottenham Stadium. Resumo da ópera: o jogo terminou empatado sem gols, e os ingleses “morreram na praia”.
Além da capacidade de unir clube, jogadores e torcida, o carismático Ange Postecoglou é adepto de um estilo de jogo ofensivo e intenso, cuja mentalidade vencedora e otimista pode transformar o apático Tottenham em uma equipe completamente diferente. Em questões de ordens táticas, Postecoglou também se sobressai, assim como a sua competência de trabalhar no desenvolvimento de jovens atletas.
Logo, a tendência é que o retrocesso dos Spurs dê lugar a um regime de evolução com a vinda de Ange Postecoglou, o que não significa que todos os problemas do Tottenham estão resolvidos a partir de agora, ou que o sucesso do clube é cem por cento certo nos próximos quatro anos sob o comando do treinador australiano.
Deste modo, a primeira reconstrução dos Spurs desde a chegada de Mauricio Pochettino em 2014, trará consigo a natural desconfiança em relação ao trabalho de Ange Postecoglou, algo que aos poucos será preenchido pelo entusiasmo oriundo dos novos estilo de jogo, energia e positividade do revigorado Tottenham… a torcida do Celtic que o diga!