A soberania do Bayern e o emprego de Thomas Tuchel podem evaporar no final da temporada

Desolado! Assim o Bayern de Munique retornou à Baviera após a derrota por 3 a 0 frente o Bayer Leverkusen no jogo que era considerado pelos hendecacampeões alemães como a final antecipada da Bundesliga.

A propósito, as expectativas geradas pelo Bayern antes da partida na BayArena foram tantas que todos imaginavam que os comandados de Thomas Tuchel entrariam em campo sedentos pela vitória, algo que, definitivamente, não aconteceu, a julgar pelo baixíssimo índice de 0,27 gols esperados por parte do Gigante da Baviera.

Inclusive, a impressão deixada após o terceiro revés do Bayern na atual temporada da Bundesliga foi a de que os 59 tentos marcados pela equipe que ainda é dona do melhor ataque do campeonato, bem como os 24 gols do artilheiro da competição, Harry Kane, não passam de uma simples miragem, sobretudo porque o atacante inglês não concedeu uma única finalização na meta de Lukas Hradecky.

Por esta razão, o pífio desempenho ofensivo do Bayern, potencializado em meio as ausências dos lesionados Kingsley Coman e Serge Gnabry, acabou chamando a atenção tanto quanto a falta de apetite do time que, ao estabelecer uma verdadeira dinastia no futebol alemão, criou o hábito de ganhar partidas decisivas no país. Não à toa, a última derrota sofrida pelos bávaros em um jogo com estas características na Bundesliga deu-se em 2009, quando eles foram goleados por 5 a 1 pelo eventual campeão Wolfsburg.

Logo, fica evidente que a confiança dos jogadores do Bayern já não é a mesma de outrora, por mais que boa parte deles sejam experientes e multicampeões pelo próprio clube, lembrando que isso é algo que vem desde a temporada passada sob a liderança de Julian Nagelsmann, mas que se intensificou depois da chegada de Thomas Tuchel.

Certamente, a insensibilidade do ex-treinador do Chelsea para tratar diversos assuntos afeta a personalidade dos atletas, culminando com a baixa autoconfiança em campo. Por exemplo, na entrevista pós-jogo contra o Bayer Leverkusen, Thomas Tuchel afirmou que o recém-contratado Sacha Boey cometeu erros cruciais para a derrota dos bávaros.

Ademais, as constantes críticas feitas por Thomas Tuchel aos meio-campistas Joshua Kimmich e Leon Goretzka, seguramente afetou a moral da dupla, em especial depois que o treinador de 50 anos de idade começou a cobrar de forma pública a contratação de um volante marcador que tenha qualidade na saída de bola, como era o caso de João Palhinha.

Deste modo, antes de condenar os jogadores, o ideal seria Thomas Tuchel fazer uma autoreflexão partindo do pressuposto de, primeiramente, corrigir as suas falhas. Por intermédio deste exercício talvez ele não “inventaria” mais em espelhar a formação tática de seu time com a do adversário como aconteceu em Leverkusen, onde o Bayern de Munique atuou no 3-4-3 pela primeira vez na temporada.

Aliás, a ideia de Thomas Tuchel ainda incluiu a escalação do lateral-direito Sacha Boey na esquerda para impedir os avanços de Jeremie Frimpong, ainda que o novo reforço bávaro não atuasse no extremo oposto há exatos quatro anos. No final das contas, os planos de Tuchel foram aniquilados antes mesmo da bola rolar, já que Xabi Alonso utilizou Josip Stanisic na ala com a intenção de fortalecer a sua defesa.

De qualquer maneira, a responsabilidade pela queda do Bayern diante dos líderes da Bundesliga não deve ser individualizada, mas sim atribuída a todos no clube, o que inclui diretoria, treinador, comissão técnica e jogadores, cujo objetivo principal a partir de agora é salvar a temporada através de uma boa campanha na Champions League, de preferência com o título.

Não é certo atacar o técnico, não se trata de tática. Temos jogadores de nível internacional. Estou falando de tomar decisões com a bola, de jogar com inteligência, de correr e entender as situações. Não há problema em sentir a pressão, porém essa pressão precisa se transformar em energia.

Thomas Muller, atacante do Bayern

Por sinal, um dos pontos positivos do Bayern na temporada é justamente a Champions League, vide as 5 vitórias, 1 empate, 12 gols marcados e seis sofridos pelos bávaros nos 6 jogos diputados até a chegada das oitavas-de-final do torneio, ao contrário da Copa da Alemanha em que eles foram eliminados na 2ª Fase pelo modesto Saarbrucken, da 3ª divisão, e da Bundesliga na qual estão situados na vice-colocação a cinco pontos do líder.

Portanto, embora ainda restem 13 jogos ou 39 pontos em aberto até o final da Bundesliga, a realidade é que só a Champions League será capaz de garantir a continuidade de Thomas Tuchel que, por sua vez, já pode se considerar um privilegiado em se manter no cargo após uma derrota para o Bayer Leverkusen, uma vez que o antecessor Julian Nagelsmann caiu cinco dias depois.

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