A hora da revanche madridista

A goleada por 4 a 2 aplicada pelo Real Madrid sobre o Osasuna no estádio El Sadar, simboliza perfeitamente a ótima temporada dos comandados de Carlo Ancelotti, líderes isolados da LaLiga com oito pontos de vantagem em relação ao vice-colocado Barcelona, e quadrifinalistas da Champions League.

A propósito, a excelente campanha de 82,7% de aproveitamento do Real Madrid na LaLiga, composta por 22 vitórias, 6 empates, e apenas 1 derrota em 29 jogos, coloca a equipe com 98% de chances de encerrar a temporada vencendo o título espanhol, de acordo com as mais de 10.000 simulações realizadas pelo supercomputador da Opta Analyst.

Portanto, com a 36ª taça de campeão espanhol a caminho da extensa sala de troféus do Santiago Bernabéu a nove rodadas do término do LaLiga, o Real Madrid focará todas as suas atenções na Champions League nesta reta final de temporada, sobretudo porque o seu próximo adversário nas quartas-de-final será aquele mesmo Manchester City que o eliminou nas semifinais da edição anterior do torneio, e, detalhe, com direito a um sonoro 4 a 0 no jogo de volta no Etihad Stadium, após um empate em 1 a 1 no jogo de ida.

Logo, ainda que Carlo Ancelotti negue, é fato que o Real Madrid está sedento para se vingar do Manchester City um ano depois daquela marcante queda por 5 a 1 – no agregado. Por sinal, o otimismo dos merengues às vésperas dos confrontos contra os atuais campeões europeus é maior nessa temporada em comparação a anterior, vide as palavras do próprio treinador italiano ao afirmar que: “Estamos melhores do que nunca”.

Vale ressaltar que o principal adversário do Real Madrid na temporada tem sido as lesões que, logo de cara, já deixaram Thibaut Courtois e Éder Militão fora de combate. Aliás, a defesa madridista foi a que mais sofreu com a sequência de contusões, obrigando até o técnico Carlo Ancelotti a improvisar o volante Aurélien Tchouaméni para formar a dupla de zaga com Antonio Rudiger, embora os setores de meio-campo e ataque também tenham sido impactados, em especial, com as ausências de Jude Bellingham e Vinícius Júnior.

Ainda assim, mesmo nos momentos em que Vinícius Júnior ou Jude Bellingham não estiveram em cena o Real Madrid seguiu rendendo o que dele se espera, haja vista as 9 vitórias e 1 empate nos dez jogos realizados sem o meia inglês, bem como as 10 vitórias, 2 empates, e uma derrota nas 13 partidas em que o camisa 7 não esteve em ação, o que se deve muito em função das ótimas atuações de Brahim Díaz, autor de 9 gols e duas assistências até aqui na temporada.

Em todo o caso, para o azar do Manchester City a tendência é que a dupla de artilheiros do Real Madrid na temporada com 38 gols, sendo 20 de Jude Bellingham e outros 18 de Vinícius Júnior, esteja disponível para a disputa das quartas-de-final da Champions League, a não ser que algum problema os acometa nos amistosos internacionais da DataFifa, em que eles estão defendendo as suas respectivas seleções.

Defensivamente, as lesões acabaram contribuindo para a ascenção de Antonio Rudiger, considerado o melhor zagueiro da LaLiga na temporada, já que com as inevitáveis saídas dos titulares Éder Militão e David Alaba, o ex-jogador do Chelsea ganhou o espaço que tanto lhe faltava no Real Madrid. Além do excelente futebol, o zagueiro alemão tornou-se uma peça vital do time devido a sua liderança dentro e fora das quatro linhas.

Não obstante, o terceiro goleiro Andriy Lunin, que estava esquecido no elenco madridista, superou totalmente as expectativas ao desbancar Kepa Arrizabalaga – contratado via empréstimo junto ao Chelsea para substituir Thibaut Courtois -, na briga pela titularidade do gol do Real Madrid. No geral, o ucraniano jogou 2.100 minutos em 23 partidas nesta temporada, sofrendo 19 gols (um a cada 110 minutos em média) e colecionando 10 jogos sem sem vazado (43,47%). Com isso, ao passar de descartado a futuro sucessor de Courtois, Lunin já negocia a renovação do atual vínculo que é válido até 2025.

Isto posto, fica evidente porque o Real Madrid perdeu somente dois dos 41 jogos disputados até o momento na temporada – curiosamente, ambos para o rival Atlético de Madrid -, e registra uma elevada taxa de 78% de vitórias em decorrência dos 32 triunfos obtidos no período, isto é, um índice que se contrapõe aos baixíssimos 5% de derrotas.

Contudo, além do fantástico trabalho desenvolvido por Carlo Ancelotti em sua terceira temporada seguida no Santiago Bernabéu, a evolução do Real Madrid também é oriunda dos inteligentes movimentos do clube nas últimas janelas de transferências ao priorizar contratações de jovens jóias como Vinícius Júnior, Jude Bellingham, Aurélien Tchouaméni, Eduardo Camavinga, Frederico Valverde, Éder Militão, Rodrygo e, mais recentemente, o palmeirense Endrick – que ainda nem chegou.

De qualquer maneira, é importante destacar que do outro lado estará o poderoso Manchester City, de Pep Guardiola, cinco vezes campeão inglês nos últimos seis anos, e atual vencedor da Champions League, o que significa que, independentemente do momento, o Real Madrid não terá vida fácil. Não à toa, trata-se do jogo mais esperado das quartas-de-final da Champions League, tratado por muitos como a final antecipada do torneio por reunir os dois principais candidatos ao título.

Queremos vencer a Champions League e, para isso, é preciso vencer os melhores. O Manchester City é um dos melhores times da Europa no momento, será difícil, claro, mas se você quiser ser campeão europeu, terá que eliminá-lo.

Carlo Ancelotti, treinador do Real Madrid

Além do mais, apesar das estatísticas não terem relevância alguma na hora que a bola começa a rolar, é interessante recordar que este será o terceiro confronto consecutivo envolvendo Real Madrid e Manchester City, coincidentemente os dois últimos clubes que ergueram a orelhuda, em um mata-mata da Champions League. Deste modo, compreende-se porque boa parte da mídia europeia acredita que já conheceremos o próximo campeão europeu em abril.

Seja como for, a realidade é que podemos estar diante da última vez que o Manchester City enfrente o Real Madrid tendo condições iguais de vitória, ou seja, encontrando o equilíbrio no duelo, pois ao contrário do que disse Carlo Ancelotti, será a partir do meio do ano com as prováveis vindas de Alphonso Davies e Kylian Mbappé, que os merengues, verdadeiramente, estarão melhores do que nunca.

 

Deixar um comentário

Menu