Colômbia volta a figurar entre as principais forças da América do Sul

A elogiável campanha dos pupilos de Néstor Lorenzo nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, já os colocavam entre os principais candidatos ao título da Copa América juntamente com Argentina, Brasil e Uruguai.

Pois é, e todas as expectativas criadas em torno da seleção colombiana antes do início da Copa América se confirmaram por meio do regresso dos Cafeteros à sua primeira final após longos 23 anos, ou mais especificamente desde a conquista do inédito título continental em 2001, conquistado no próprio país sem a presença da rival da Colômbia na decisão do próximo domingo (14), Argentina.

Logo, fica evidente porque ser finalista da Copa América já simboliza a realização de um grande sonho aos colombianos. Contudo, é importante destacar que este verdadeiro “conto de fadas” começou a ser escrito a partir do momento que Néstor Lorenzo assumiu o comando da Colômbia em junho de 2022, com a missão de suceder Reinaldo Rueda em um momento pra lá de complicado, no qual o selecionado sul-americano ainda remoia a não ida ao Mundial do Catar.

Inclusive, grandes ídolos do passado como por exemplo, Carlos Valderrama, criticaram publicamente a escolha por parte da FCF (Federação Colombiana de Futebol) em contratar um estrangeiro para dirigir a Colômbia, apesar da fortíssima ligação de Néstor Lorenzo junto ao país, já que o treinador argentino passou a maior parte da década anterior trabalhando como auxiliar-técnico do conterrâneo José Pekerman na seleção tricolor.

Vale ressaltar que depois de um longo período no deserto internacional, José Pekerman conduziu os Cafeteros às quartas-de-final da Copa do Mundo de 2014, e quatro anos mais tarde às oitavas do Mundial de 2018, sempre com o fiel escudeiro Néstor Lorenzo ao seu lado. Consequentemente, o treinador de 58 anos de idade estabeleceu um elo bastante consistente com a Colômbia.

No entanto, a falta de experiência do técnico que tinha como único trabalho ter comandado o Melgar, do Peru, entre 2021 e 2022, gerava enorme desconfiança na torcida colombiana. Entretanto, o ótimo futebol praticado pela Colômbia, somado aos 23 jogos de invencibilidade sob a liderança de Néstor Lorenzo, já foram suficientes para transformá-lo em herói nacional.

Aliás, a extensa lista de jogos sem derrotas da Colômbia inclui uma série de adversários de classe mundial como Coréia do Sul, Alemanha, Espanha, Japão, além de dois confrontos contra Brasil, Uruguai, Estados Unidos e México, lembrando que, no geral, a sequência invicta dos colombianos é de 28 partidas.

Em todo o caso, para atingir esse nível de excelência, o primeiro ato de Néstor Lorenzo foi viajar até o Catar para acompanhar de perto os treinamentos e jogos de James Rodríguez, na época jogador do Al Rayyan. Na ocasião, ele esclareceu que precisava do camisa 10 em sua plenitude física e com apetite para defender as cores da Colômbia novamente.

Pouco tempo depois, mesmo que ganhando menos James Rodríguez transferiu-se ao Olympiacos, da Grécia, a fim de disputar uma liga mais competitiva, deixando nítido o esforço feito para voltar a vestir a camisa da Colômbia. Em seguida, o craque colombiano regressou ao futebol sul-americano para jogar pelo São Paulo, onde coleciona míseros 22 jogos, sendo apenas 11 como titular.

No último jogo do James Rodríguez pelo São Paulo, ele entrou aos quarenta do segundo tempo. Ele não é um jogador para entrar com cinco minutos restantes. Você tem que dar confiança a ele e a equipe tem que reconhecê-lo como o craque que ele é. Ele não é somente mais um em campo.

Néstor Lorenzo, treinador da Colômbia

Deste modo, contando tanto com a confiança de Néstor Lorenzo quanto com o apoio dos companheiros, James Rodríguez, ainda que em desuso no Brasil, se tornou a principal peça da seleção colombiana, sobretudo porque o técnico argentino definiu uma formação no 4-3-1-2, que favorece o jogo do meia são-paulino como um típico dez dos velhos tempos, enquanto Richard Rios, Jhon Arias e Jefferson Lerma dão o suporte necessário na marcação do fluido meio-campo, e Luis Díaz e John Córdoba completam a dupla de ataque.

Como resultado, com Néstor Lorenzo à beira do campo, James Rodríguez marcou presença em 19 das 23 partidas disputadas pelos Cafeteros, e vem revivendo na Copa América os memoráveis momentos da Copa do Mundo de 2014, que motivaram o Real Madrid a contratá-lo junto ao Monaco. Para se ter uma ideia, já são seis assistências e um gol marcado, nos cinco jogos ou 378 minutos em ação pelo torneio continental nos gramados norte-americanos.

Além de James Rodríguez, Luis Díaz é o outro nome acima da média tecnicamente da Colômbia, a julgar que o restante do elenco é composto por bons jogadores internacionais, ou seja, que não atuam no futebol colombiano, pois com exceção aos goleiros reservas David Ospina, do Atlético Nacional, e Álvaro Montero, do Millionarios, 15 atletas jogam na Europa, 7 na América do Sul, um no Catar, e outro no México, o que corresponte a mais de 90% do grupo.

Assim, Néstor Lorenzo remontou uma das seleções colombianas mais competitivas de todos os tempos que, após um ótimo início nas Eliminatórias, está a noventa minutos de erguer o segundo caneco de sua história por intermédio do bicampeonato da Copa América.

Deixar um comentário

Menu