Segundo vice-europeu seguido determina a saída de Southgate da Inglaterra

Mais uma vez não deu pra Inglaterra! O sonho dos ingleses em erguer o primeiro caneco desde a conquista da Copa do Mundo de 1966 se tornou um pesadelo pela segunda edição consecutiva da Eurocopa, o que significa que no próximo Mundial, os Three Lions completarão a ingrata marca de 60 anos sem títulos.

Pois é, passados três anos da queda diante da Itália em pleno estádio de Wembley, a Inglaterra teve a grande oportunidade de voltar a disputar uma final de Eurocopa, apesar do futebol bastante aquém das expectativas praticado pelos comandados de Gareth Southgate ao longo do torneio, considerando o altíssimo nível técnico do refinado elenco inglês.

Não à toa, foram registrados míseros 7 gols nas seis partidas realizadas no grupo em que a Inglaterra estava situada na Euro 2024, aliás, jogos que deram sono em quem assistiu, lembrando que o English Team se despediu da competição somando 8 tentos marcados e seis sofridos em 7 compromissos, dos quais só sofreram uma derrota, sim, a da final contra a Espanha por 2 a 1 no estádio Olímpico de Berlim.

Logo, ainda que finalista a Inglaterra não convenceu em nenhum momento no decorrer da Euro 2024, tanto é, que os vice-campeões jogaram bem somente nos primeiros 45 minutos do confronto ante a Holanda pelas semifinais, onde curiosamente saíram ao intervalo empatando. Ou seja, muito pouco para a seleção que desembarcou na Alemanha como favorita ao lado da França, muito em função do que apresentou nas últimas duas Copas do Mundo e na edição anterior da Eurocopa.

No entanto, a “cereja do bolo” veio pra valer mesmo na decisão, haja vista a postura pra lá de cautelosa adotada pela seleção inglesa. A intenção de não atuar ofensivamente para não se expor até era compreensível por do outro lado estar o oponente que jogou o melhor futebol da Euro 2024, todavia, abrir mão da partida para apenas se defender não foi a escolha certa tomada por Gareth Southgate.

Vale ressaltar que principal a intenção do treinador inglês foi fortalecer os lados do campo. Por este motivo, ele escalou os laterais Kyle Walker e Luke Shaw, a fim de anular os talentosos pontas espanhóis Nico Williams e Lamine Yamal. Consequentemente, Gareth Southgate armou a Inglaterra no 4-2-3-1, permitindo com que Bukayo Saka dobrasse a marcação sobre o jogador do Athletic Bilbao e Jude Bellingham fizesse o mesmo no extremo oposto com o atleta do Barcelona.

Em todo o caso, essa estratégia funcionou somente 45 minutos, afinal, Nico Williams abriu o placar a favor da Furia Roja logo no início da etapa final. Mas o pior não foi isso, uma vez que os jogadores ingleses, em especial Jude Bellingham, começaram a sentir o excessivo desgaste físico por terem corrido atrás da bola durante todo o jogo.

Ainda assim, a Inglaterra conseguiu igualar o marcador, aos 28 minutos do segundo tempo, através de um belo arremate de Cole Palmer – qua havia acabado de entrar na partida -, após receber uma primorosa assistência de Jude Bellingham, o que demonstra que os Three Lions tinham totais condições de duelar com os espanhóis, caso aderissem uma abordagem mais audaciosa.

De qualquer maneira, a volúpia ofensiva inglesa sucumbiu a partir do empate, pois bastou Cole Palmer balançar as redes para que o English Team recuasse novamente as suas linhas e voltasse a atuar com os blocos baixos, deixando evidente o desejo de levar a decisão à prorrogação, algo que não aconteceu porque Mikel Oyarzábal marcou o gol do tetracampeonato espanhol a quatro minutos do término da final.

Nos acréscimos, a Inglaterra provou de novo que tinha chances de ganhar se jogasse minimamente pra frente, pois mesmo que na base do abafa em cobrança de escanteio os ingleses só não fizeram o segundo gol porque Unai Simón realizou uma grande defesa, e em seguida Dani Olmo entrou em ação para salvar uma bola de cabeça encima da linha. Seja como for, já era tarde demais pra uma reação da seleção que voltou pra casa deixando a sensação de que poderia mais.

Obviamente, o decepcionante desempenho da Inglaterra na Euro 2024 resultou em duríssimas críticas em torno do trabalho do técnico Gareth Southgate, sobretudo pelo fato das suas principais peças não renderem o esperado na seleção inglesa, vide as más performances de Harry Kane, Jude Bellingham, Phil Foden e Declan Rice, que não lembraram nem de longe os bons momentos vividos em seus respectivos clubes.

Ademais, as convocações de nomes como Adam Wharton e Jarred Bowen, somadas as ausências de Jack Grealish e James Maddison na lista de convocados da Inglaterra na Euro 2024, também já haviam repercutido de forma negativa, dada a enorme qualidade técnica por parte da dupla de Manchester City e Tottenham. Inclusive, foram diversos os momentos em que Grealish poderia ter feito a diferença frente defesas compactas no um contra um.

Diante de todo este cenário, a trajetória de Gareth Southgate chegou ao fim no comando da Inglaterra após 102 jogos, compostos por 61 vitórias, 24 empates, 17 derrotas, duas finais de Eurocopa, além de um quarto lugar na Copa do Mundo de 2018. A propósito, o técnico de 53 anos de idade deixa a seleção inglesa sendo o terceiro com mais jogos no cargo, ficando apenas atrás de Walter Winterbottom (141) e Sir Alf Ramsey (113).

Como um inglês orgulhoso, foi a honra da minha vida representar a Inglaterra dentro e fora de campo. Significou tudo pra mim. Mas é hora de mudar, e de um novo capítulo. A final contra a Espanha foi o meu último jogo pela Inglaterra.

Gareth Southgate, treinador da seleção inglesa

E como não poderia deixar de ser, a FA (Federação Inglesa de Futebol) já iniciou as buscas pelo novo comandante da Inglaterra, sendo que Mauricio Pochettino, Graham Potter e Eddie Howe aparecem como os principais candidatos para assumí-la. Além deles, Lee Carsley, campeão europeu sub-21 à frente da seleção inglesa, também surgiu como uma alternativa inspirada pela Espanha, cujo treinador, Luis de la Fuente, veio das categorias de base.

Contudo, independente de quem seja o sucessor de Gareth Southgate, a realidade é que um novo ciclo se iniciará na seleção inglesa. Resta saber se nele os Three Lions, enfim, darão a primeira volta olímpica desde 1966. A ver!

Deixar um comentário

Menu