Pragmatismo e Mbappé sem inspiração, marcam a trajetória francesa na Euro 2024

Os gols de Lamine Yamal e Dani Olmo, em um curto espaço de cinco minutos, foram suficientes para determinar a queda da França diante da Espanha nas semifinais da Euro 2024.

Apesar de ter aberto o marcador com o gol de Randal Kolo Muani, aos 9 minutos de partida, os franceses sofreram a virada ainda na metade da primeira etapa e, embora tendo uma hora de jogo adiante, não produziram praticamente nada, o que acabou sendo o panorama dos pupilos de Didier Deschamps ao longo do torneio continental.

Contudo, este “desempenho deficiente” não surpreende em se tratando da seleção francesa, afinal, sob o comando de Didier Deschamps os Les Bleus se tornaram especialistas em conquistar classificações administrando jogos de maneira pragmática, ou seja, sem o mínimo de talento ofensivo, porém sempre defendendo de forma astuta e aproveitando suas chances no terço final. Não à toa, as raras exceções desde a chegada do treinador de 55 anos de idade, em 2012, ocorreram nos encontros contra a Argentina tanto na Copa da Rússia (4 a 3) quanto na decisão do Mundial do Catar (3 a 3).

Deste modo, ainda que a França tenha o privilégio de contar com grandes jogadores como Ousmane Dembélé, Antoine Griezmann, Kingsley Coman, Moussa Diaby, Bradley Barcola, Marcus Thuram, Michael Olise, além do craque Kylian Mbappé, ela é uma seleção que quase nunca encanta os olhos de quem a vê em campo​.

Vale ressaltar que as expectativas em torno de Kylian Mbappé eram enormes antes do início da Eurocopa, especialmente porque essa é a única competição que o camisa 7 ainda não venceu pela seleção francesa. Entretanto, além de quebrar o nariz no jogo de estreia frente a Áustria, o máximo que o ex-jogador do PSG conseguiu foi marcar um gol, de pênalti sobre a Polônia, e conceder duas assistências em cinco jogos disputados.

Portanto, por mais que alguns fãs incondicionais atribuam a má performance de Kylian Mbappé na Euro 2024 a falta de uma preparação ideal devido ao desgastante desligamento do PSG, em que ele jogou poucas partidas desde o começo do ano, bem como pelo fato do atacante francês ter usado uma máscara para proteger a face em três jogos, a realidade é que o novo astro madridista não assumiu o protagonismo esperado e, consequentemente, decepcionou.

À vista disso, os Les Bleus se despediram da Eurocopa colecionando 2 vitórias, 3 empates, 1 derrota, 3 gols sofridos e somente quatro marcados, sendo dois contra e um de pênalti, o que significa que Randal Kolo Muani foi o único jogador francês, além de Kylian Mbappé, a balançar as redes na competição.

De qualquer maneira, quem mais está sofrendo com as duras críticas destinadas em virtude do pífio futebol praticado pela França nos gramados alemães é o técnico Didier Deschamps, que, independente da pressão, não corre o risco de demissão, lembrando que o seu atual vínculo contratual é válido até o término da Copa do Mundo de 2026.

Há doze anos à frente da seleção francesa, Didier Deschamps conduziu os Les Bleus ao bicampeonato mundial em 2018, foi vice-campeão da edição anterior da Copa do Mundo e da Euro 2016, e faturou o título da Liga das Nações, em 2021. Todavia, com a França deixando a desejar e Zinedine Zidane disponível, aguardando ansiosamente um convite por parte da FFF (Federação Francesa de Futebol), a continuidade de Deschamps passou a ser bastante contestada.

Em todo o caso, Didier Deschamps encerrará este ciclo pela França até a próxima Copa do Mundo, primeiramente, por dispor do apoio do presidente da FFF, Philippe Diallo. Além disso, o curto espaço de dois anos até o Mundial da América do Norte também pesa a favor da permanência de Deschamps, já que uma mudança neste momento poderia comprometer ainda mais a performance do selecionado bicampeã mundial.

Não vejo razão para questionar seu trabalho. Os resultados passados ​​falam a seu favor e os objetivos foram alcançados. Didier continuará sua missão. Vamos conversar nos próximos dias para analisar mais a fundo o que nos faltou nesta semifinal e o que nos permitiria ir mais longe.

Philippe Diallo, presidente da FFF

Por fim, outras questões que vieram à tona depois da derrota para a Espanha terão de ser analisadas por Didier Deschamps, dentre as principais, as convocações de Antoine Griezmann, que teve um desempenho bastante aquém das expectativas na seleção francesa, não recordando nem de longe aquele decisivo jogador do Atlético de Madrid, algo claramente oriundo do excessivo desgaste físico do fim de temporada.

A propósito, é importante destacar que Antoine Griezmann foi sacado da formação titular da França no último jogo da fase de grupos contra a Polônia (1 a 1), e no revés ante a Espanha na semifinal (2 a 1), o que retrata o descontentamento até mesmo de Didier Deschamps junto ao confiável atleta mais vezes utilizado por ele na seleção com 135 aparições, e com o maior número de assistências registrando 39 passes que resultaram em gols.

Diante de todo este cenário, fica evidente que a seleção que desembarcou em solo alemão apontada como principal favorita ao título da Eurocopa, deu adeus repleta de interrogações e feridas pra curar.

Deixar um comentário

Menu