Relação entre Napoli e Conte estremece enquanto ambos aguardam a chegada de Lukaku

O duríssimo revés por 3 a 0 do Napoli frente o Hellas Verona pela rodada inicial da Serie A, comprovou o que a suada classificação diante do modesto Modena na Copa da Itália já sinalizava: Antonio Conte terá um árduo trabalho na Campânia.

Até aí, nenhuma novidade, a julgar que o Napoli registrou a pior campanha na defesa pelo título italiano desde o Torino em 1950 — porém sem as circunstâncias do trágico desastre aéreo de Superga —, devido a abismal diferença de 41 pontos em relação a campeã Internazionale, embora somente o zagueiro Kim Min-jae tenha sido o único titular que deixou o time que faturou o scudetto da Serie A na temporada retrasada.

Contudo, a significativa queda de rendimento do Napoli é reflexo dos erros cometidos pela diretoria do clube, em especial nas escolhas dos treinadores, tendo em vista que Rudi Garcia foi nomeado para substituir o campeão italiano Luciano Spalletti, ao passo que Walter Mazzarri e Francesco Calzona também ocuparam o cargo durante a última temporada, todos praticamente com o mesmo número de jogos.

Por este motivo, a contratação de Antonio Conte, um treinador de classe mundial detentor de quatro scudettos da Serie A, renovou completamente as esperanças dos torcedores napolitanos, lembrando que o técnico de 55 anos de idade estava livre no mercado desde a conturbada passagem pelo Tottenham em março do ano passado, na qual não conseguiu repetir o sucesso alcançado à frente do Chelsea, campeão inglês em 2017.

Seja como for, pior do que o início de temporada do Napoli foi a enorme apatia dos Azzurri, principalmente na partida de estreia da Serie A contra o Hellas Verona, quer dizer, algo nada comum em se tratando de equipes comandadas por Antonio Conte. Não à toa, o ex-treinador do Tottenham acabou usando expressões como “vergonha” e “coração sangrando” na entrevista coletiva pós-derrota por 3 a 0.

Logo, bastaram míseros 180 minutos para que a relação envolvendo Napoli e Antonio Conte tivesse o seu primeiro conflito. Ainda assim, nada que deva preocupar os torcedores napolitanos, sobretudo porque todas as expectativas da temporada do clube estão sendo depositada na vinda de Romelu Lukaku, o que significa que se a chegada do belga não se concretizar, aí sim teremos uma espécie de “nova erupção do Vesúvio” na capital da Campânia.

Vale ressaltar que o ótimo desempenho de Romelu Lukaku sob a batuta de Antonio Conte na Internazionale, faz o atacante belga enxergar com bons olhos a possibilidade de defender as cores do Napoli. Mas apesar do desejo de ambos, o acerto entre Lukaku e o clube italiano segue estagnado pois para que ele se concretize será necessária a venda de Victor Osimhen, cuja intenção é vestir a camisa do PSG.

Assim, o Napoli vem sentindo na pele as consequências da ausência de um bom centroavante, vide as pífias atuações de Giovanni Simeone e Giacomo Raspadori nas partidas contra Modena e Hellas Verona. Inclusive, Antonio Conte até tentou mudar depois de escalar Simeone entre os titulares na estreia pela Serie A, já que Raspadori havia iniciado o jogo anterior pela Copa da Itália. Portanto, seja com Romelu Lukaku, seja com Victor Osimhen, certamente o poderio ofensivo dos Azzurri seria maior.

Em todo o caso, a tendência é que a performance ofensiva do Napoli melhore a partir da próxima partida frente o Bologna, uma vez que a contratação de David Neres foi confirmada na manhã desta quarta-feira (21). Aliás, para trazê-lo do Benfica os napolitanos precisaram desembolsar a bagatela de 28 milhões de euros, incluindo os famosos bônus por cumprimento de metas. Consequentemente, o jogador brasileiro se tornou o reforço mais caro do clube nesta janela de meio de ano.

De qualquer maneira, os problemas do Napoli não se resumem somente ao setor ofensivo, isso porque ao mesmo tempo que o ataque do Napoli não balançou as redes na temporada 2024-25, a defesa já foi vazada três vezes na primeira partida da Serie A, o que mantém os napolitanos na penúltima posição da tabela somente a frente do Lecce, que sofreu quatro tentos na derrota ante a Atalanta em pleno Stadio Via del Mare.

À vista disso, Antonio Conte foi alvo de críticas por ter utilizado um sistema com três zagueiros no Napoli, acostumado a jogar com uma linha de quatro homens na defesa desde a primeira passagem de Walter Mazzarri. Ademais, Conte não utilizou Rafa Marín, tampouco Alessandro Buongiorno, isto é, os dois novos reforços contratados nesta janela de transferências, optando por escalar um trio de zaga formado por Juan Jesus, Amir Rrahmani, além do lateral Giovanni Di Lorenzo, improvisado pelo lado direito.

Deste modo, sem os zagueiros Alessandro Buongiorno e Rafa Marí, o único reforço apresentado pelo Napoli até a estreia na temporada que esteve em campo na derrota em Verona foi o ala-esquerdo Leonardo Spinazzola. Em outras palavras, uma situação que contradiz totalmente as precoces reclamações e cobranças de Antonio Conte em torno da tímida movimentação do seu novo clube no mercado.

Chego aqui e tenho nove ou dez saídas enquanto vemos outros clubes consolidarem os elencos ao fazerem contratações. Não estou dizendo que estamos no estágio zero, mas estamos muito próximos do zero. Esperava uma situação melhor.

Antonio Conte, treinador do Napoli

Seja como for, a realidade é que o décimo lugar da temporada anterior, somado a falta de confiança da equipe que se abalou após sofrer o primeiro gol do Verona na rodada de abertura da Serie A 2024-25, demonstram que os problemas dos Azzurri não serão resolvidos apenas com a vinda de Antonio Conte, por mais que estejamos nos referindo a um especialista em ajustar times de forma rápida.

Diante deste cenário, é fundamental que mais duas ou três peças cheguem para a reestruturação do Napoli, essencialmente ao ataque que nos últimos anos já teve Edinson Cavani, Gonzalo Higuaín, Dries Mertens e Victor Osimhen. Em outras palavras, os próximos dez dias — à espera de Romelu Lukaku — determinarão a temporada napolitana.

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