Apesar da forçada reformulação, a Atalanta se mostra mais forte nesta temporada

Não é surpresa que a temporada 2023-24 foi a melhor da Atalanta em todos os tempos, a julgar pelo título da Europa League — com direito a uma contundente vitória por 3 a 0 sobre o invicto Bayer Leverkusen na decisão, através de um hat-trick de Ademola Lookman —, que coroou o excelente trabalho desenvolvido pelo técnico Gian Piero Gasperini, no cargo desde 2016.

Em compensação, a impressão deixada após a conquista do primeiro grande título da Atalanta ao longo da história era a de que o ciclo de Gian Piero Gasperini havia chegado ao fim no clube de Bérgamo, acima de tudo porque a negociação envolvendo a renovação contratual do experiente treinador de 66 anos de idade seguia emperrada em meio ao crescente interesse do Napoli.

No entanto, sob a garantia de que toda a base do time campeão da Europa League seria mantida, Gian Piero Gasperini aceitou estender o seu vínculo junto a Atalanta por mais uma temporada. Não à toa, o supercomputador da Opta Analyst, apontou a La Dea como a principal concorrente da Inter de Milão na briga pelo scudetto da Serie A antes do início do campeonato, registrando 11,2% de chances dos bergamascos se sagrarem campeões.

Em contrapartida, o que Gian Piero Gasperini e nem o mais pessimista dos torcedores da Atalanta imaginavam é que este cenário mudaria por completo às vésperas do pontapé inicial da temporada. A princípio, por conta das lesões, que já haviam tirado o zagueiro Giorgio Scalvini da Eurocopa e dos gramados até 2025, em razão do rompimento do ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo no final do jogo atrasado válido pela 29ª rodada da Serie A contra a Fiorentina, quando o campeonato já havia acabado.

Todavia, como se isso não bastasse outros dois zagueiros, como são os casos Rafael Tolói e Sead Kolasinac, também perderão o começo da temporada em função de suas respectivas contusões. Diante deste complicado quadro de baixas, a Atalanta foi obrigada a ir ao mercado para reforçar a defesa, trazendo primeiramente o inglês Ben Godfrey, junto ao Everton, pelo montante de 12 milhões de euros, além de Odilon Kossounou, do Bayer Leverkusen, via empréstimo de 5,5 milhões de euros.

Contudo, o planejamento da Atalanta visando a temporada 2024-25 foi ainda mais comprometido em virtude das saídas de Juan Musso, Hans Hateboer, El Bilal Touré e, principalmente, Teun Koopmeiners, lembrando que todos pediram para deixar a equipe da Lombardia nesta janela de transferências.

Por sinal, o herói da conquista da Europa League, Ademola Lookman, também manifestou a intenção de transferir-se ao PSG, mas ao contrário dos ex-companheiros acabou sendo convencido a permanecer por intermédio de um novo contrato composto, é claro, por um considerável aumento salarial.

Consequentemente, a Atalanta teve que recorrer mais uma vez ao mercado, de início priorizando a lateral-direita, desfalcada com as perdas de Hans Hateboer e Emil Holm. Deste modo, outros 20 milhões de euros foram despejados para viabilizar as vindas de Raoul Bellanova, ex-Torino, e de Juan Cuadrado, que estava disponível desde que deixou a Inter de Milão no último mês de junho.

Seja como for, a “revolução” feita pela Atalanta ocorreu pra valer mesmo do meio pra frente, haja vista as chegadas de Lazar Samardzic, Marco Brescianini e Nicolò Zaniolo, todos contratados mediante a empréstimos cuja as opções de compra superam a barreira dos 60 milhões de euros na próxima temporada.

Ademais, o setor ofensivo também foi fortalecido com a compra de Mateo Retegui, por 22 milhões de euros. Ou seja, mais um alto investimento realizado pela Atalanta em decorrência da grave contusão de Gianluca Scamacca em Varsóvia, pela decisão da Supercopa da UEFA. Apesar do desempenho bastante aquém das expectativas na Euro 2024, o artilheiro do time na temporada passada destacou-se pelo fato dos 19 gols marcados e das oito assistências concedidas, em 44 jogos disputados no período.

Por fim, Rui Patricio foi o último a desembarcar na Lombardia para defender as cores da Atalanta, obviamente, para preencher a lacuna deixada por Juan Musso, que transferiu-se ao Atlético de Madrid. De qualquer maneira, uma ótima ação no mercado, tendo em vista que o experiente goleiro português foi contratado sem custos depois da passagem de três temporadas pela Roma.

Logo, fica evidente que a Atalanta passou por uma enorme reformulação neste meio de ano e, como resultado, teve um início de temporada irregular, vide a derrota por 2 a 0 frente o Real Madrid na final da Supercopa da UEFA, seguida da goleada por 4 a 0 sobre o Lecce em pleno Stadio Via del Mare pela estreia na Serie A, e do outro revés, porém desta vez diante o Torino por 2 a 1, em Bérgamo, pela 2ª rodada.

Em todos os jogos, Gian Piero Gasperini manteve a mesma formação dos últimos anos, o 3-4-2-1, promovendo somente as entradas de Marco Brescianini e Mateo Retegui na equipe titular, ainda com Lazar Samardzic e Nicolò Zaniolo entre os reservas. Portanto, a única mudança impactante na Atalanta em comparação a temporada anterior foi a utilização do volante Marten de Roon como zagueiro pela direita, posição que em breve deve ser ocupada por Odilon Kossounou.

Em todo o caso, por mais duro que qualquer processo de transição seja em seu começo, a realidade é que essa forçosa e bem-sucedida repaginada faz a semente referente a conquista do inédito scudetto da Serie A florescer mais forte no imaginário dos bergamascos.

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