Querendo ou não, todo início de temporada gera inúmeras expectativas nos clubes, afinal, trata-se do começo de um novo ciclo. Guardadas as devidas proporções, é um sentimento similar ao que uma virada de ano desperta nas pessoas, por pior que seja o momento vivido por elas.
No entanto, a realidade do Valencia passou a ser tão cruel sob a gestão de Peter Lim que nem mesmo o positivismo de novas temporadas é capaz animar os torcedores valencianos, que viram o clube terminar a LaLiga nas 9ª, 13ª, 9ª, 14ª e 9ª colocações nas últimas cinco edições do campeonato. Consequentemente, o desejo pelos lados do Mestalla continua sendo apenas um: evitar o rebaixamento.
Contudo, considerando as quatro primeiras partidas da LaLiga, fica evidente que a missão dos pupilos de Rúben Baraja realmente não será nada fácil, a julgar que eles conquistaram apenas um de 12 possíveis pontos na competição, se tornando a segunda equipe da história do Valencia a ficar três rodadas consecutivas na lanterna do campeonato, estando somente atrás do time comandado por Miljan Miljanic na temporada 1982-83, que passou o montante de oito jornadas no posto mais baixo da tabela.
Ainda assim, o Valencia conseguiu se livrar do rebaixamento há 41 anos graças ao heróico triunfo pelo placar mínimo sobre o Real Madrid na última rodada. E apesar dos Los Ches não terem travado duras batalhas contra o descenso mesmo após iniciarem a LaLiga com quatro reveses seguidos nas temporadas 1997-98, 1999-00 e 2016-17, é inegável que o único ponto somado na atualidade é pra lá preocupante.
Ao mesmo tempo, é importante salientar que a tabela não foi favorável ao Valencia neste começo de temporada, vide a complicada estreia diante do Barcelona, que terminou com a vitória dos catalães por 2 a 1 em pleno estádio Mestalla. Posteriormente, vieram os confrontos frente Celta, em Vigo, Athletic Bilbao, no País Basco, e Villarreal, em seus domínios. Ou seja, enfrentamentos contra o atual campeão da Copa do Rei, seguido do Derby de la Comunitat.
À vista disso, o adversário mais tranquilo encarado pelo Valencia até aqui foi o Celta — 13º colocado da LaLiga na temporada passada —, que o derrotou por 3 a 1 em Balaídos. Logo, depois das três derrotas nas três rodadas iniciais, os valencianos marcaram o seu primeiro ponto no torneio ao empatarem em 1 a 1 no clássico contra o Villarreal.
Diante deste cenário, a pausa referente a Data Fifa veio em boa hora ao Valencia, em especial porque os últimos reforços apresentados pelo clube, como são os casos do zagueiro Maximiliano Caufriez, do meio-campista Enzo Barrenechea, e do ponta-direita Germán Valera, terão duas semanas de treinamentos para se integrar ao elenco de Rúben Baraja.
Obviamente, o promissor Enzo Barrenechea, de 23 anos de idade, foi o nome mais aguardado em razão do bom desempenho na temporada anterior defendendo as cores do Frosinone — no qual disputou 39 jogos —, somado ao sucesso nas categorias de base da Juventus, lembrando que o argentino chega ao Valencia via empréstimo junto ao Aston Villa.
Vale ressaltar ainda, que outros quatro reforços já haviam sido apresentados pelo Los Ches neste meio de ano. Tratam-se de Rafa Mir, Dani Gómez, Stole Dimitrievski, além do atacante Luis Rioja, o único jogador que levou o Valencia a investir nessa janela de transferências devido ao 1,2 milhão de euros pago ao Alavés para adquirí-lo em definitivo.
O Valencia é dono do sexto plantel mais valioso da LaLiga, permanecendo somente atrás de Real Madrid, Barcelona, Atlético de Madrid, Real Sociedad e Athletic Bilbao, respectivamente.
Deste modo, compreende-se porque a venda de Giorgi Mamardashvili ao Liverpool por 30 milhões de euros, acabou sendo o principal destaque da janela do Valencia nesta temporada, ainda que a transferência do goleiro da seleção da Geórgia só será efetuada em julho de 2025, como parte do acordo estabelecido entre espanhóis e ingleses, o que significa que ele é mais um atleta emprestado no plantel valenciano.
Seja como for, a antecipação no recebimento do valor da venda considerada barata do goleiro Giorgi Mamardashvili, aliada aos pouco mais de 1 milhão de euros despejados nesta janela, sinalizam tanto a crítica situação financeira do Valencia, quanto porque o técnico Rúben Baraja definiu a marca de 45 pontos como a meta primordial do clube seis vezes campeão espanhol na temporada 2024-25, mesmo que o Rayo Vallecano tenha escapado da degola com 38 pontos na última edição da LaLiga.
Na ocasião, o Valencia ficou no 9º lugar com 49 pontos ganhos. Por este motivo, a continuidade de Giorgi Mamardashvili, Cristhian Mosquera, Pepelu e Hugo Duro, isto é, os principais pilares do time, foi comemorada como a chegada de grandes reforços por Rúben Baraja, pois todos já provaram ser possível ficar entre os dez melhores colocados, não levando em conta que, a esta altura do campeonato, seis pontos haviam sido conquistados (2V-2D).
Para todos os efeitos, é fundamental que a reação do Valencia comece o quanto antes, por mais que Atlético de Madrid e Girona sejam os seus dois próximos adversários. Caso contrário, a atingir a meta dos 45 pontos se tornará um verdadeiro calvário ao lanterna da LaLiga. A ver!