Manchester United vive fase turbulenta neste início temporada

Passados míseros 16 dias desde o começo da temporada 2024-25, e o Old Trafford já se encontra em crise por conta do pífio início do Manchester United na Premier League, composto por duas derrotas nas três primeiras rodadas.

Pois é, depois da queda diante do Manchester City na decisão da Supercopa da Inglaterra — nas penalidades  —, os Red Devils iniciaram a Premier League com uma sofrida vitória pelo placar mínimo sobre o Fulham no Old Trafford — graças ao gol do estreante Joshua Zirkzee, aos 43 minutos do segundo tempo —, seguida de duas derrotas frente Brighton (2 a 1) e Liverpool (3 a 0) que empurraram os pupilos de Erik ten Hag ao 14º posto da tabela com a pior campanha dentre os clubes que somam três pontos no campeonato.

Deste modo, a sensação no Manchester United é a de que nada mudou nesta temporada em relação a anterior, sobretudo após o revés por 3 a 0 no North West Derby, marcado pelos erros de Casemiro nos dois primeiros gols do Liverpool, ambos no primeiro tempo, e pela falha de Kobbie Mainoo no terceiro tento dos Reds, já na etapa final.

A propósito, é inegável que Casemiro fez contra o Liverpool seu pior jogo com a camisa do Manchester United. Para se ter uma ideia, o volante brasileiro errou dez dos 37 passes concedidos ao longo do jogo, registrando um baixíssimo índice de 73% de acerto de passes. Não à toa, o ex-jogador do Real Madrid foi sacado ainda no intervalo para a entrada do novato Toby Collyer, de 20 anos de idade.

Obviamente, seria injusto individualizar a culpa do “atropelo” sofrido pelo Manchester United somente em Casemiro, pois embora ele não tenha lembrado nem de longe aquele bem-sucedido jogador quatro vezes campeão da Champions League pelo Real Madrid, os seus demais companheiros também não colaboraram, em especial Marcus Rashford, que após não balançar as redes nos últimos nove compromissos da última temporada — incluindo as partidas pela Inglaterra —, já está a quatro em branco nesta que acabou de começar.

Por sinal, é importante salientar que a queda de rendimento de Marcus Rashford vem sendo gradual, a julgar pelos 30 gols e nove assistências do camisa 10 na temporada retrasada, em comparação aos 8 gols e cinco assistências assinaladas no ano seguinte. Logo, fica evidente que Erik ten Hag não vem conseguindo tirar o melhor do atacante que deixou de ser convocado pela seleção inglesa, inclusive desperdiçando a oportunidade de disputar a Euro 2024.

Além disso, o goleiro Andre Onana continua dando inúmeros lançamentos sem direção ao ataque, Bruno Fernandes praticamente inexiste em campo, o retorno de Alejandro Garnacho ainda não surtiu efeito algum, e o setor de meio-campo segue ineficaz. Ou seja, velhos problemas que persistem no Manchester United, que embora no terceiro ano sob o comando de Erik ten Hag, foi dominado pelo Liverpool, cujo treinador Arse Slot completou somente o terceiro jogo à frente da equipe.

Consequentemente, os irônicos gritos de “olé” proferidos no Old Trafford a partir dos 15 minutos do segundo tempo, retratam a enorme insatisfação dos torcedores do Manchester United, que aumenta na mesma proporção do arrependimento da nova diretoria do clube ao ter mantido Erik ten Hag no cargo ainda lhe oferecendo uma renovação contratual válida por mais um ano devido a conquista da edição passada da FA Cup ante o Manchester City, em Wembley.

Na realidade, apesar de estarmos no início da temporada a expectativa pelos lados do Old Trafford era a de que os erros do passado não se repetissem no presente, acima de tudo em virtude das cinco contratações realizadas neste meio de ano, tendo em vista que as posições mais carentes do time foram reforçadas com as vindas de Noussair Mazraoui, Leny Yoro Matthijs de Ligt, Manuel Ugarte e Joshua Zirkzee.

Dentre todos os reforços, apenas Manuel Ugarte ainda não estreou, já que sua compra foi efetivada junto ao PSG no Deadline Day (último dia da janela). De qualquer maneira, depois da péssima atuação de Casemiro, certamente o uruguaio estará em campo não apenas no próximo jogo contra o Southampton, como na grande maioria das partidas da temporada, o que não significa que todos os problemas do Manchester United estarão resolvidos a partir de agora.

Ainda que apontado como o salvador do meio-campo do Manchester United, Manuel Ugarte pode se tornar a mais nova vítima do clube do norte da Inglaterra, afinal, a solução para a melhora da equipe não depende de uma única peça. Por esta razão, é correto afirmar que os Red Devils atravessam um momento bastante similar ao vivido pelo Arsenal antes da chegada de Mikel Arteta, época em que Mesut Ozil, por exemplo, foi um dos responsabilizados pela má fase dos Gunners, ao mesmo tempo que Nicolas Pépé desembarcou em Londres por 80 milhões de euros com status de craque salvador da pátria.

Entretanto, no final das contas a evolução do Arsenal ocorreu somente no instante em que o coletivo passou a funcionar, o que demandou tempo e muita paciência. Aliás, talvez na tentaviva de acelerar este processo Erik ten Hag tenha tido a iniciativa de trazer ao Manchester United cinco jogadores que trabalharam com ele no Ajax, como são os casos de Andre Onana, Noussair Mazraoui, Matthijs de Ligt, Lisandro Martínez e Antony.

Seja como for, a boa notícia é que Erik ten Hag terá duas semanas livres com o elenco completo à disposição para trabalhar na correção dos erros do Manchester United, destacados pela falta de ação da equipe na fase defensiva, aliada as frustradas tentativas de construir o jogo a partir da defesa, e a dificuldade do time para passar e receber a bola entre as linhas.  

Contudo, decerto mesmo é que a marcante afirmação de Ralf Rangnick em 2022, ao dizer que os Red Devils precisariam passar por uma cirurgia com o coração aberto, ainda se encaixa perfeitamente nos dias atuais em que o Manchester United continua estagnado na terceira, e se as coisas não melhorarem, última temporada de Erik ten Hag no clube.

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